Eram castanhos os olhos de minha mãe. Não um simples, mas um intenso castanho, profundo, luminoso. Eram olhos que, apesar da timidez, olhavam direta e profundamente, deixando transparecer bondade, mas também decisão. Os olhos de minha mãe revelavam sua personalidade, e foi com esses olhos que me encantei logo que comecei a me entender por gente.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
É Natal!
Eram castanhos os olhos de minha mãe. Não um simples, mas um intenso castanho, profundo, luminoso. Eram olhos que, apesar da timidez, olhavam direta e profundamente, deixando transparecer bondade, mas também decisão. Os olhos de minha mãe revelavam sua personalidade, e foi com esses olhos que me encantei logo que comecei a me entender por gente.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Luzes de Natal e Hino do Santos
Quanto às luzes multicoloridas, ajudam, a pensar e comemorar. A orla da praia santista e muitas ruas e avenidas são dignas de cartões-postais, com seus prédios de apartamentos e casas decorados com esmero. Destaque para o bom gosto da iluminação da fachada da Pinacoteca Benedicto Calixto na Av. Bartolomeu de Gusmão. Aliás, o espaço da Pinacoteca, domingo, dia 18, à tarde, foi palco de mais um belo concerto coral, com apresentação do Madrigal Lavignac, regido por Adriana de Oliveira Ribeiro. Unindo música de várias épocas a textos literários ditos por Maria do Rosário Guillaume e projeção de imagens, o Lavignac foi aplaudido de pé, em sua viagem musical, que se encerrou com Villa-Lobos.
Já à noite, a Pinacoteca, optando por focos de luz que ressaltam a beleza de todo o Casarão, consegue um visual que se destaca. Os responsáveis pelo projeto acertaram ao fazer se suceder uma variedade de tons, dos suaves verde e azul ao vibrante vermelho, passando pelo verde, lilás e muitos outros. Um espetáculo digno das belas noites santistas de verão.
Especialmente - como foi meu caso - se você está voltando do Gonzaga após ver, ouvir e aplaudir a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, em seu já tradicional Concerto de Fim de Ano, nas areias das praias de Santos. Uma iniciativa que arrancou aplausos da multidão, com repertório erudito, mas leve, apropriado para o momento e o local. Tanto instrumentistas quanto o regente Yan Pascal Tortelier mereceram os aplausos, por sua arte e entrega total à música.
E, também, por sua simpatia ao interpretar o Hino do Santos em arranjo para orquestra, tão bem escrito que conseguiu ficar bonito. E, tudo isso, em uma noite em que nós, torcedores do Santos, estávamos "de cabeça inchada". Mas, como disse o integrante da OSESP que apresentou o espetáculo, foi só uma preparação para a revanche, no ano que vem!!!
sábado, 15 de outubro de 2011
João Vitor - Amor para sempre
Emoções de uma avó
domingo, 25 de setembro de 2011
Para sorrir e viver
Renascer com cores e flores
domingo, 28 de agosto de 2011
Sufoco na Serra
domingo, 21 de agosto de 2011
"Beau geste"
Foi um dos filhos de Zuleica e Elias, Ricardo Elias, quem se encarregou de recordar a história do piano e da vida da família, em palavras que emocionaram os presentes ao encontro.Conforme contou, após o falecimento dos pais, a família se decidiu pela doação do bonito instrumento, tendo a Pinacoteca sido escolhida para recebê-lo. O concertista e compositor Ricardo Paulino, diretor cultural da Pinacoteca, após palavras de agradecimento, tocou algumas de suas composições, sendo intensamente aplaudido.
Também anunciou um novo projeto da Pinacoteca, somente possível de ser realizado agora, com a entrega do novo piano: um desafio mensal de pianistas. reunindo alguns dos melhores nomes da música, tanto da região como convidados de fora.
Como se vê, um passo a mais em prol da arte, só possível graças ao "beau geste" de uma família que entende o valor da cultura e de uma entidade sempre disposta a oferecer momentos de lazer de alta qualidade!
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Homenagem aos pais
Pai-amizade, pai-fortaleza, pai-compreensão,
pai-sobrevivência, pai-caminho,
pai-carinho e até pai-herói.
Por que não pai-amor?
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Muito jovem, quase menino, quase
Igual a seu menino. É preciso apoiá-lo,
Estimulá-lo.
O futuro vai lhe exigir muito.
Ou enrugado, cabelos brancos, velhinho,
Encurvado. Seu passado é sua vida.
É preciso oferecer-lhe conforto,
Assistência, solidariedade.
Por que não mais amor?
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Durão, bonzinho, tímido, determinado.
Inúmeras vezes preocupado,
Poucas vezes revela que
Abriu espaço para a emoção.
Mas, afinal, por que não?
Ele não é pai-amor?
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Falta um Festival
Pouca cultura, muito frio
Sesc, Pinacoteca Benedicto Calixto, Secretaria de Cultura de Santos. Três entidades que vêm contribuindo, cada uma à sua maneira, para oferecer um pouco de arte à população santista. Será suficiente? Definitivamente, não! Principalmente em meses de férias, como este frio julho.
É nesta época que a Cidade recebe maior número de visitantes, oportunidade das melhores para colocar na vitrine seu amor à cultura. É repetitivo, mas não dá para esquecer o quanto Santos contribuiu para a arte brasileira, quantos nomes importantes do setor despontaram aqui, quantos festivais, eventos e outras iniciativas atraíram os olhares de brasileiros de todas as regiões e fartaram o público com sua arte de alto calibre.
E agora? Infelizmente, parece faltar empenho para aglutinar o que acontece na área cultural. E também para incrementar essa agenda com espetáculos patrocinados por outras entidades e fundações particulares e pelo Governo Estadual. Afinal, Santos não é cidade turística? Não estamos em mês de férias? Não recebemos mais visitantes? Com frio na praia, restam shoppings, cinemas e festas julinas estilizadas.
Bem pouco! Santos merecia programação elaborada em forma de festival, com atrações diversificadas, reunindo as mais variadas expressões artísticas. Da música erudita e popular às artes visuais, do teatro à dança, enfim, tudo o que fosse de boa qualidade e atraísse o público.
Infelizmente, no quesito atração do público, um grande obstáculo é a falta de divulgação. Coisas muito boas, de qualidade, são muitas vezes oferecidas a salas vazias. Falta interesse? Sem dúvida, mas há uma boa parcela de santistas e turistas que não são informados sobre o que Santos tem a lhes oferecer.
Daí, as salas vazias, às vezes acarretando vexames, como um grande artista nacional ou internacional sem ninguém para aplaudi-lo. Falta o quê? Dinheiro para ingresso? Muitos excelentes espetáculos são gratuitos ou têm preços irrisórios. Oportunidade? É só fazer a divulgação correta, que a plateia aparece. Mentalidade superficial da população, diferente do público de algumas décadas atrás? Motivemos as pessoas, prometendo-lhes programas que as façam sonhar e, paralelamente, pensar.
Às entidades públicas e privadas que tentam cumprir seu papel, poderiam se juntar outras, num grande esforço para a realização de evento de férias com repercussão estadual e nacional. Em alguns casos, bastam contatos com pessoas certas para acrescentar ao programa iniciativas isoladas; em outros, esses contatos precisam ser feitos para que mais e melhores atrações cheguem à Cidade.
É preciso unir o que de bom os artistas de Santos produzem com o que vem de fora. É preciso divulgar e prestigiar o que acontece nos teatros Guarany, Municipal e Coliseu. O que há para ser visto, por exemplo, nas ricas programações do Sesc e da Pinacoteca. Filtrar o melhor dos espetáculos populares, para muitos, e dos programas onde o intelecto é exigido, para menos.
Não queremos atrair turistas? Não pretendemos oferecer muito mais aos santistas? Para isso não podemos ser a Cidade que deixou morrer o Festival Música Nova. Para isso, são necessárias verbas oficiais e apoio de quem tem dinheiro para investir em arte. Então, mãos à obra. Comecemos já a trabalhar por esses objetivos. Julho está passando, pouco mais pode ser feito, a não ser divulgar o que já está programado. Mas as férias de verão não demoram. E aí? Praia, shopping e cinema, como sempre. Nada mais?
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Tango e tambores
Nos últimos dias 8 e 9, uma plateia lotada e entusiasmada aplaudiu, respectivamente, o tango do grupo Lo Mejor Del Tango e o ritmo do grupo Taiko Wadaiko Sho. Lo Mejor Del Tango reúne argentinos e uruguaios e tem como grande estrela a cantora Susana Di Karlo, comunicativa e simpática, interagindo com instrumentistas e dançarinos de nível. Já o Taiko Wadaiko conseguiu também uma execlente comunicação com a plateia, utilizando apenas mímica, simpatia e um extraordinário ritmo nos tambores. Ambos os grupos levam de Santos ótimas lembranças, graças ao calor do público.
Por isso afirmo: não vale a pena promover e divulgar Santos para o turismo brasileiro como uma cidade onde bons espetáculos podem ser vistos?
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Pura barbárie
Os três assassinos foram presos e o mínimo que a comunidade internacional espera é que paguem à altura pelo crime hediondo. Ou será que, em nome de tradições infames, vão abafar o caso? E, mais uma vez, mulher e crianças se transformarão em vítimas fatais, indefesas e sem qualquer valor? ´
É uma pena, lamentável que o ser humano, em muitos casos, ainda não tenha saído da barbárie. Assim como no Brasil se incendeiam mendigos, em Bangladesh se atira fogo em uma família. Motivos? Os mais torpes possíveis, de puro divertimento dos incendiários, a dinheiro amaldiçoado. Quando poderemos falar, realmente, em evolução humana?
domingo, 3 de julho de 2011
Mais uma incômoda "Cãominhada"
domingo, 26 de junho de 2011
Pinacoteca marca gol com "Canções de Outono"
sábado, 18 de junho de 2011
Disputa no céu de junho
Sem balões, com magia
"Cai, cai, balão, cai, cai, balão, aqui na minha mão. Não cai não, não cai não...” E não pode cair mesmo! Vai longe o tempo em que a música de roda animava as noites frias e era cantada pelas crianças a plenos pulmões. Os balões cintilavam no céu, disputando com as estrelas qual brilhava mais na escuridão noturna. Era tempo de Festas Juninas, e adultos e crianças se aqueciam ao redor das fogueiras, ansiando pelo momento de fazer subir o balão colorido e iluminado, tão caprichosamente confeccionado.
Tempo que já foi... Hoje, os balões foram banidos, não fossem eles tão perigosos, assassinos potenciais, capazes de matar e destruir. É o preço do progresso, que somente os irresponsáveis teimam em ignorar. Agora, em vez de “cai, cai, balão”, é: “Balão no céu, perigo da terra”. Uma pena, mas temos que nos adaptar aos novos tempos.
E, já que não podemos soltar nem correr atrás dos balões, vamos preservar a magia da época da melhor maneira possível. Com música, quadrilha, delícias da cozinha brasileira e, sobretudo, com muito calor humano. Vamos curtir as noites frias saudando os santos da época com alegria. Um sorriso para quem está ao lado, um abraço carinhoso e um beijo em quem está pertinho de nós.
Quermesses são ambientes mágicos, onde nossas raízes culturais se manifestam com muito vigor. Pelo menos, nas quermesses autênticas. Embalados pelo som dos sanfoneiros, tomando quentão, comendo paçoca e cocada, aconchegando-nos à fogueira, vivamos esses momentos especiais. E demos Vivas! A Santo Antônio, São João e São Pedro!
terça-feira, 14 de junho de 2011
Os santos de junho
Preservar as lendas juninas
Onde foram parar Santo Antônio, São João e São Pedro? Sim, eles continuam nos altares, a receber pedidos e súplicas de seus devotos. Mas, o que aconteceu com as suas festas? Neste mês de junho, as noites frias costumavam ser aquecidas pelas fogueiras, enquanto fogos coloridos riscavam o céu escuro e sem nuvens. Hoje, os balões, real perigo ambulante, foram banidos; em lugar da beleza dos fogos de artifício, estrondos assustadores. As fogueiras são feitas de tiras de papel laminado e a simplicidade do “correio elegante” é substituída pelo “ficar”, de preferência com vários pares diferentes, na mesma noite. Cuidados especiais são tomados para impedir, em algumas quermesses, drogas, desrespeito, confusão, preconceito, brigas e agressões.
Felizmente, a maioria das festas juninas mantém a ordem e a alegria. Frequentadas por famílias, são realizadas em residências, escolas, associações, igrejas, clubes e outras entidades. Algumas têm caráter beneficente, mas, à exceção das festas nordestinas, perdeu-se muito do encanto e da autenticidade das quermesses. As raízes folclórico-culturais foram esquecidas, privilegiando-se, em contrapartida, comidas e bebidas – nem sempre da época – e música eletrônica em altíssimo volume.
Em que ponto deixamos para trás as sanfonas e as modinhas, as quadrilhas de movimentos espontâneos, os trajes autênticos – com os “noivos” e o “padre” –, os arraiais ao ar livre, as histórias contadas na roça, a origem das homenagens aos santos juninos? Certamente, em alguma curva de antiga estrada de terra. Mas, apesar do asfalto, da velocidade e do progresso, não seria possível retornar àquela curva? Não poderíamos resgatar o antigo encanto?
Se não sob o céu escuro, embaixo de tetos acolhedores. Se não com fogos de artifício, com pequenas “estrelas” a brilhar nas mãos das crianças. Mas, a essência da festa poderia ser preservada. O levantamento do mastro, por exemplo, de origem européia – como muitos dos costumes adotados nas festas juninas –, significa a garantia de fartura nas colheitas e de saúde para os animais domésticos. No Brasil, costuma-se adorná-lo com as bandeirinhas dos três santos juninos.
Quanto ao “casamenteiro” Santo Antônio, seria bom saber que essa crença teve origem em decisão do frei nascido de nobre família portuguesa: casar jovens que se amavam, mesmo pertencendo a classes sociais diferentes, o que, na época, era proibido. As quadrinhas que exaltam o milagroso santo são muitas: “Santo Antônio me case já/ enquanto sou moça e viva./ Porque o milho colhido tarde/ não dá palha nem espiga”.
Já na noite de São João, a tradição aponta para as adivinhações: as moças aproveitam que o santo está sempre dormindo em sua festa e tiram a sorte para saber com quem vão se casar. Lendas seriam preservadas: o santo teria nascido em uma noite muito bonita e sua mãe Isabel, para avisar Maria, mãe de Jesus, teria mandado erguer um mastro em sua casa e acender uma fogueira para iluminá-lo.
O protetor dos viúvos é São Pedro e, a ele, muitos recorrem com fé, especialmente na noite de sua festa. Também protetor dos pescadores, são incontáveis as embarcações coloridas e enfeitadas que percorrem mares e rios em louvor ao santo. Tudo isso seria contado, lembrado e revivido nas festas juninas. Pequenos exemplos do rico folclore que as cidades grandes ajudariam a preservar. Histórias, tradições e lendas que fazem parte da alma do nosso povo e que, lamentavelmente, correm o risco de não chegar às novas gerações.
domingo, 12 de junho de 2011
Amor sincero
Um texto especialmente escrito para a coluna "Alto Astral", de Durval Capp Filho.
Aconchego do Dia dos Apaixonados
Dia dos Namorados, dos Noivos, dos Casados, dos Companheiros, ou Dia dos Apaixonados? Não parece ser este último o nome mais apropriado para a data? Basta pensarmos em paixão não só como sinônimo de atração física, mas defini-la, também, como cumplicidade, admiração, respeito, confiança, apoio, carinho, companhia, ou seja, amor pleno e completo.
Nesse amor deveriam viver, em um mundo ideal, os verdadeiramente apaixonados. Mas, como é difícil! Na realidade do dia a dia, são muitos – e quase sempre grandes – os obstáculos a serem superados por duas pessoas que se amam. São dificuldades de toda a ordem, das materiais às psicológicas, das reais às imaginadas. Permitimos que os mais diversos motivos interfiram em nossas relações.
Por sermos imperfeitos, não conseguimos ver a perfeição do amor. Mas, ela existe e sobrevive nas mãos dadas de um casal unido há muitos anos ou no beijo apaixonado de dois jovens que mutuamente se escolheram para, juntos, enfrentarem a vida. É o amor verdadeiro que desculpa, alegra, faz chorar e faz sorrir.
É a paixão, em sua definição completa, que move o ser humano. Por isso é tão bom comemorar o Dia dos Namorados (Apaixonados)! É tempo de nos sentirmos amados e de retribuirmos com o mesmo amor. Não importa o muito ou pouco tempo juntos. Não é tão importante uma rosa, um chocolate ou uma joia. Importa, mesmo, a presença da pessoa amada. Bom, é o aconchego dos beijos e abraços!
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Para rir
O índio vai ao cartório e anuncia solenemente:
-- Índio quer mudar de nome.
O funcionário do cartório tenta argumentar:
-- Por que? Os nomes indígenas têm raízes culturais, que devem ser preservadas...
O índio, irredutível:
-- Índio quer mudar de nome.
Mais uma tentativa do funcionário:
-- Pense bem, preserve a tradição de sua tribo...
O índio, sem se deixar convencer:
-- Índio quer mudar de nome.
O funcionário, já sem paciência:
-- E qual é o seu nome atual?
-- Grande Nuvem Azul Que Leva Mensagens Para O Outro Lado Do Mundo Através dos Oceanos.
O funcionário, vencido:
-- Tem razão. E como o senhor quer se chamar daqui para a frente?
-- E-Mail.
domingo, 15 de maio de 2011
Dia das Mães
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Doce chocolate
terça-feira, 29 de março de 2011
Um homem chamado Coragem
terça-feira, 22 de março de 2011
O bonde da evolução
Envio de toda a ajuda possível, material, tecnológica, psicológica e muito mais. Nada de se pensar em guerras, revoluções, ataques pró ou contra governos ou ditaduras. Enfim, seria tempo de o mundo se unir em prol do Japão, se não por outro motivo, pelo simples fato de sermos todos pertencentes à raça humana. Mas, não! Não foi o que aconteceu.
O Japão sofre, o mundo tem medo da ameaça nuclear, mas não se intimida em provocar novas guerras, batalhas, conflitos, mais mortes, mais sofrimento! Não julgo méritos de guerras, não discuto quem está com ou sem razão, não nego que a miséria pode, sim, levar à revolta justificada. Mas, não seria possível ao ser humano se esquecer um pouco de seu próprio umbigo, tentar solucionar seus problemas com paz e dignidade, pedir auxílio a outros que pensam e agem pacificamente?
Sim, é utópico querer que nossa raça tome esse tipo de atitude. É mais fácil encontrar na Internet imagens de bichos tradicionalmente inimigos se apoiando, se ajudando, se acariciando. Nós, homens, com nossa brilhante inteligência, somos muito orgulhosos para isso. Criamos mil desculpas para a violência. E não percebemos que, ao agir assim, por fazermos parte de um todo, de um corpo único, que é a humanidade, estamos nos prejudicando, atrasando, perdendo o bonde da evolução e sendo menores do que o cachorro e o gato que brincam juntos e mutuamente se protegem.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Mulher
Em vez de flores, dignidade
De bom grado eu trocaria todas as homenagens que se fazem às mulheres, no dia internacionalmente a elas dedicado, por um pouco de paz às que fogem da guerra; por respeito às que são tratadas como lixo; por um mínimo de segurança às que são obrigadas a andar pelas ruas ou permanecer em suas casas sempre assombradas pela possibilidade de serem atacadas.
Ah! Eu trocaria as belas flores enviadas com carinho às mulheres, por comida para as que não têm como se alimentar, nem a seus filhos; as belas palavras dos discursos dos governantes, por assistência médica às que estão morrendo sem possibilidades materiais de buscar ajuda; a publicidade da data, por amparo real às que querem se ver livres das drogas e dos traficantes.
Eu trocaria, sim, presentes e jóias, por um olhar com mais dignidade às mulheres; paetês, por uma sociedade que desse menos valor a seios e glúteos e mais valia a caráter e personalidade; falsa compaixão, por um sistema de recuperação real das condenadas; esmolas, por condições de sobrevivência digna às mulheres chefes de família.
Se eu pudesse, trocaria discursos em louvor ao feminino, por trabalho duro para tirar das ruas e das estradas tantas meninas, jovens e idosas que também trocam seus corpos por um prato de comida ou por “uma pedra falsa, um sonho de valsa ou um corte de cetim”.
Até um jantar à luz de velas seria trocado com satisfação por reconhecimento à capacidade e ao trabalho estafante de executivas com filhos, maridos e casas para cuidar; e o que dizer de e-mails e cartões de felicitações, se pudessem ser trocados por salários mais justos para médicas, dentistas, enfermeiras, advogadas, arquitetas, balconistas e tantas outras profissionais?
Não poderíamos trocar simples cumprimentos às nossas empregadas domésticas por um gostoso abraço e um muito obrigado do fundo dos nossos corações? Sem dúvida, eu trocaria honrarias, por uma plena aplicação, em nosso País, da Lei Maria da Penha, e, no exterior, pela execração de leis pseudo-religiosas ou pseudopolíticas, capazes de levar uma mulher às piores circunstâncias de cárcere e morte.
Só não abriria mão de trocar as homenagens a todas as mulheres que, na história da humanidade, deixaram sua marca na luta por condições melhores para suas irmãs, pelo fim do preconceito, pela diminuição da miséria moral e material, pela tentativa de transformar homens e mulheres em seres melhores. Essas guerreiras, santas, mártires, heroínas, merecem ser homenageadas não em um único dia, mas sempre.
Assim como merecem, sim, carinhos, flores, abraços e mimos todas as mulheres de coração largo, que não se deixam contaminar pelo lado escuro da alma humana. E, se homens simples ou cultos, mas também sábios, souberem contribuir para diminuir o sofrimento de tantas mulheres, então, todos juntos, comemoraremos o Dia Internacional do Ser Humano. Sem precisar trocar por qualquer outra coisa, flores e carinhos que, convenhamos, nós, mulheres, adoramos!
sábado, 5 de março de 2011
Conto de Carnaval
Um conto bem a propósito da data. Inspirei-me em histórias de pessoas que têm medo de palhaços. Medo estranho, sem dúvida, mas cada um tem direito de ter o medo que quiser. Ou de que não pode se livrar. Divirtam-se!
Bendita coulrofobia!
A chuva lhe escorria pelo rosto, não mais forte do que as grossas lágrimas que teimavam em misturar-se às gotas d´água. Não conseguia evitar a íntima ironia: água doce do céu carrancudo somada à água salgada de um coração ainda mais sombrio. Na verdade, ainda não atinava com o motivo de estar ali, sentada naquela arquibancada, onde todos pareciam explodir de felicidade.
A chuva pesada não impedia que aqueles milhares de rostos se iluminassem e sorrissem a cada colorida fantasia, a cada bela mulher seminua, a cada samba bem marcado. Passistas, baterias, carros alegóricos capazes de fazer inveja, por sua beleza e riqueza, ao Rei de Sião. Seria lindo – e sempre fora, ao longo dos anos – se, naquela noite, ela não se sentisse tão insignificante quanto serpentinas molhadas e pisoteadas pela multidão.
Colados a seu corpo e suas roupas, confetes que já haviam tido cores brilhantes formavam agora uma espécie de massa disforme e sem cor. Olhou para os lados, viu as amigas de toda a vida pulando, cantando, batucando, azarando. Vez ou outra tentavam fazê-la reagir, o que a deixava ainda mais magoada. Ou raivosa, já nem sabia distinguir seus sentimentos.
O samba era cada vez mais ritmado, e ela fazia um balanço de sua vida. Desempregada, sem apoio de pai e mãe, sem irmãos, de mudança para um quartinho de favor e abandonada por seu grande amor. Para coroar o desfile de desgraças, fortemente gripada, com febra, a caminho de uma pneumonia.
O que fazia, então, na arquibancada do desfile? Por que não ouvira a razão e ficara em casa, remoendo a tristeza? As amigas, sim, a haviam influenciado, quase intimado a ir. Ou seria uma espécie de tradição, daquelas impossíveis de quebrar? Como tinham sido bons todos aqueles anos! Ao lado da grande paixão, trocando carícias e beijos e sendo zoados pelo grupo. Podiam se considerar, com os namorados, maridos e filhos das amigas, uma grande família.
E como era bom assistir aos desfiles, cantar bem alto, dançar, gritar, torcer pelos prediletos! Aquilo era alegria em sua melhor expressão. A essência da felicidade. Ela não contava com o reverso. Que veio avassalador, uma espécie de bola de neve arrasando tudo em seu caminho. A separação e mudança dos pais, a dispensa do emprego estável da firma em dificuldades financeiras.
Sem dinheiro, sem parentes na cidade grande, só lhe restaram o grande amor e as amigas. Foram estas que a socorreram quando teve que deixar o apartamento por não poder pagar o aluguel. Arrumaram o pequeno quarto na casa de uma avó, onde ela deu graças aos céus por não ter que ir para a rua. E tinha a grande paixão, a força que, apesar de tudo, a sustentava.
Com carícias e promessas de ficarem juntos, superando todas as dificuldades, ela conseguia dormir feliz, enquanto, durante o dia, aceitava pequenos trabalhos e buscava com garra um novo emprego. Carnaval se aproximando, ela economizando para assistir ao desfile junto com os amigos e o grande amor. Até que, bem antes da Quarta-Feira, a grande paixão virou Cinzas.
Falta de sintonia, relação desgastada e uma série de desculpas das quais ela nem queria se lembrar. E ele partiu, sem um carinho, um beijo de despedida, sem nem olhar para trás. Para ela, mundo desabado. Reagir à tristeza, não podia. E nem queria. Soube depois, por proposital indiscrição dos amigos, que ele não curtia mulher sem emprego e sem dinheiro.
Por que, então, estava ali? O pensamento recorrente na cabeça que estalava de dor, não a deixava raciocinar. Teve que fazer esforço para entender o que uma das amigas lhe dizia ao ouvido: alguém estava muito intrigado com a tristeza dela, gostaria de lhe falar, se aproximar, ver alegria naqueles olhos molhados. Ela gostaria?
Em meio a um acesso de tosse e já quase sem forças para decidir qualquer coisa, concordou com um aceno de cabeça. A amiga sorriu e apontou para o outro lado. Ali, bem pertinho de seu rosto, com os olhos brilhando de excitação, estava... um enorme palhaço.
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Ela acordou no hospital, o barulho das baterias substituído por um silêncio quase absoluto. Enxuta, quentinha embaixo das cobertas, sem pensar, sem sofrer. Paz tomando conta de seu corpo e mente. A seu lado, um homem ainda jovem, com ar de preocupação:
– Que bom você acordou! Como se sente?
– Muito bem! O que houve? Você é médico?
– Não, apenas alguém que se preocupa com você. Me desculpe, eu jamais poderia imaginar que você sofresse de coulrofobia.
– ?????????
– É, medo de palhaço.
– Medo de palhaço, eu sempre tive, nunca fui a circos, nunca pude tocar em bonecos vestidos de palhaços. Chama-se coulrofobia? Mas o que tem isso a ver com este lugar, parece um hospital...
Só então a cena voltou à sua mente, o palhaço sorrindo, se aproximando dela na arquibancada, os olhos faiscando, a alegria no ar...
Deu um grito, quase desmaiou novamente. Recuperou-se, raciocinou e, só então, conseguiu perguntar bem baixinho:
– Você era o palhaço?
Diante da afirmativa dele, com a cabeça, ela conseguiu sorrir. E diante da pressa dele, de dizer que nunca mais se fantasiaria de palhaço, o sorriso ficou mais largo. Carnaval tem tudo a ver com palhaço. Mas, se ele não fazia questão da fantasia, quem sabe os próximos Carnavais não poderiam ser muito melhores? Com a tal de coulrofobia, mas também com muito confete, serpentina e samba no pé.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Dias alegres
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Manter o debate
Olá. Aí vai artigo publicado no jornal “A Tribuna”, aqui de Santos, na seção “Tribuna Livre”, edição de domingo, dia 20/02. Aproveitei alguma coisa do blog e resumi meu pensamento a respeito do tema. Espero que gostem. E comentem, contra ou a favor. O importante é não deixar o assunto morrer.
Tirar a fantasia
antes que chova
“Não esperaremos as próximas chuvas para chorar as próximas vítimas”. Com essa frase de efeito, dita na primeira sessão legislativa do ano, do Congresso Nacional, a presidente Dilma Roussef não só resumiu sua disposição de ajudar a solucionar um dos mais graves problemas brasileiros, como descreveu o que a população espera da ação do Governo: não ficar apenas na frase de efeito. Se a disposição da presidente vai se concretizar ou não, só daqui a algum tempo saberemos.
Dilma alertou que nenhum país é imune às tragédias naturais, cabendo aos governos e populações se precaverem e agirem para evitar consequências irremediáveis. Enfim, se posicionou como deveria. Aguardemos, agora, as ações concretas. Mas, não nos esqueçamos de que vivemos
O excesso de chuva na região serrana do Rio de Janeiro, logo após as festas de fim de ano, provocou a catástrofe das enchentes, desabamentos, soterramentos, perda de vidas humanas e de bens materiais. E não foi só o Rio a sofrer; São Paulo e outros Estados passaram por situações semelhantes. De crianças a adultos e idosos, a natureza não poupou quem se atreveu a cruzar seu caminho. Quem pôde, ajudou de várias maneiras, com mantimentos, dinheiro, trabalho voluntário e até apoio psicológico. Os governantes também se apressaram a anunciar liberação de verbas e outras iniciativas.
Mas será que tudo isso não podia ser, se não totalmente evitado, pelo menos muito reduzido? Se todos sabemos que verão, no Brasil, é tempo muita chuva, não poderíamos manter um plano de prevenção e emergência?
Se estivéssemos atentos às previsões meteorológicas; se contássemos com estações e meteorologistas bem equipados; se não jogássemos lixo fora do lugar a ele destinado; se não tivéssemos expulsado a natureza de nossas encostas e morros para nelas erguermos casas e casebres; se tivéssemos planos eficientes de defesa civil; se verbas oficiais tivessem sido corretamente utilizadas; se não houvesse tanta demagogia e barganha de votos...
Para piorar, no meio da tragédia, apareceram "espertos" a desviar donativos; políticos mal intencionados; marginais roubando o que restara às vítimas. Lamentavelmente, hoje, ainda choramos mortos e contamos prejuízos. Mas, e depois? Aos poucos, outras notícias, outras tragédias irão tomando conta dos noticiários. Devagarzinho, novas casinhas irão surgindo no solo já seco das encostas desmoronadas; lentamente, bens materiais serão repostos, com suor e sacrifício; animais de estimação perdidos encontrarão novos donos; as crianças voltarão a brincar e sorrir, porque é de sua natureza; os pesadelos não serão mais tão recorrentes; os mortos não serão mais tão lamentados.
E a vida prosseguirá triunfante neste País tropical. Afinal, o Carnaval está chegando. Nem incêndios, nem apagões, nem inundações terão o poder de prejudicá-lo. Já é quase tempo de esquecer tudo e vestir a fantasia para cair no samba. Tomara que dê tempo de tirá-la antes que cheguem o próximo verão, as próximas chuvas e as novas tragédias.
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Muitos aplausos para Ronaldo
Realmente, Ronaldo deve ter vivido um drama: vontade e habilidade de jogar, comprometidas por falta de mobilidade resultante do excesso de peso. Uma pena! Ronaldo foi, no futebol recente, um verdadeiro Fenômeno, capaz de encantar multidões com suas jogadas e gols geniais. Recebeu homenagens em todo o mundo e deve receber ainda mais, todas justíssimas.
Pena que, no Brasil, tenha recebido, nos últimos dias de sua carreira profissional, uma "homenagem" tão mal-educada e violenta. As críticas e ameaças de parte da torcida de seu clube foram uma perfeita expressão do baixíssimo nível cultural da população brasileira, assim como do fanatismo levado ao extremo, capaz até de gerar violência.
Uma pena mesmo! A mídia nacional deveria exaltar muito quem elevou o nome do Brasil, por diversas vezes, ao Olimpo das grandes conquistas, É isso o que interessa, e não fatos de sua vida particular ou suas fraquezas. Porque, no final, Ronaldo é um homem de bem e um atleta excepcional. Aplausos, e muitos! Homenagens, várias, e que sejam sinceras e espetaculares, à altura do Fenômeno.!
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Prisão para ladrões de donativos
Enquanto todo um País se mobiliza para amparar e auxiliar as vítimas das chuvas, em uma campanha de solidariedade característica da alma boa do brasileiro, essas aberrações se locupletam às custas da desgraça alheia. Roubam donativos, jogam fora alimentos, água e roupas destinados a diminuir muito sofrimento.
Não terão eles filhos, pais, família? Provavelmente têm, mas seus corações estão calcificados pela insensibilidade e pela maldade. Não conseguem se colocar no lugar das vítimas e, com suas imperdoáveis atitudes, prejudicam-nas ainda mais: muitos possíveis doadores se retraem, acreditando que seu auxílio jamais chegará ao destino final, mas, antes, será desviado por esses marginais.
Recomeçam então os apelos de autoridades e entidades particulares e oficiais, todos garantindo que não permitirão desvios nem desleixo por parte de encarregados de transportar donativos. Felizmente, a maioria da população acredita e continua ajudando. Afinal, já que não se preveniu, vamos remediar. Assim caminhamos. Assim continuamos a viver. Esquecendo os marginais que desviam donativos. E que, se vivêssemos em um País realmente sério, iriam passar uma boa temporada atrás das grades, trabalhando para comer e para ressarcir a sociedade que prejudicaram.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Chuva, tragédia e fantasia
De crianças a adultos e idosos, a enchente enraivecida não poupou quem se atreveu a cruzar seu caminho. E a tragédia deixou o Brasil, mais uma vez, em choque. Quem pôde, ajudou de várias maneiras, com comida, produtos, dinheiro, com trabalho voluntário e até com apoio psicológico. Os governantes também se apressaram a liberar verbas e a tomar iniciativas para minorar o sofrimento das vítimas.
Até aí, tudo bem, uma reação lógica, uma atitude humanitária. Mas, será que tudo isso não podia ser, se não totalmente evitado, pelo menos muito reduzido? Se todos nós, população e governantes, sabemos que verão, no Brasil, é tempo de calor e muita, mas muita chuva, não podiamos manter um plano de prevenção e emergência para funcionar nestas ocasiões? Está certo que o volume de chuva, este ano, ultrapassou todos os limites e todas as previsões.
Mas, se estivéssemos atentos às previsões meteorológicas; se contássemos com estações e meteorologistas bem equipados; se não tivéssemos expulsado a natureza de nossas encostas e morros para nelas erguermos casas e casebres; se tivéssemos planos eficientes de defesa civil; se verbas oficiais tivessem sido corretamente utilizadas; se não houvesse tanta demagogia e barganha de votos por parte de políticos; se...
Sempre existem vários "se". Por causa deles, lamentamos o que não deviamos lamentar; choramos nossas crianças mortas, que deveriam estar vivas e saudáveis; contamos prejuízos que não podem ser suportados em um País como o nosso. A mídia denuncia; a população, os empresários e os governos ajudam como podem; todos os dias aumentam os números de mortos e são atualizados os dos desaparecidos, temendo-se que logo cheguem aos quatro dígitos; famílias choram e ainda esperam o resgate dos corpos de seus mortos; a comoção é geral.
Mas, e depois? Aos poucos, outras notícias, outras tragédias, outros lances da vida vão tomar conta dos noticiários. Devagarzinho, novas casinhas irão surgindo no solo já seco das encostas desmoronadas; lentamente, bens materiais serão repostos, com suor e sacrifício; as equipes de socorro retornarão a seus lares; animais de estimação perdidos encontrarão novos donos; as crianças voltarão a brincar e sorrir, porque é de sua natureza; os pesadelos não serão mais tão recorrentes; os mortos serão esquecidos.
E a vida prosseguirá triunfante neste País tropical. Afinal, o Carnaval está chegando. Já é quase tempo de esquecer tudo e vestir a fantasia para cair no samba. Tomara que dê tempo de tirá-la antes que cheguem o próximo verão, as próximas chuvas e as novas tragédias...