domingo, 8 de maio de 2022

Dia das Mães 2022


Minha crônica  sobre Mães publicada hoje, na coluna "Tribuna Livre", do jornal "A Tribuna"

                             Natural e lógico                                                       

 

Cresci, como a maioria das pessoas, tendo certeza de que o amor de mãe é tão natural e lógico como a roseira dar rosas. Em meu pequeno universo familiar, o mundo era alegre e despreocupado. Depois vieram as dificuldades, mas o amor materno me acompanhou pela adolescência e mocidade, até a idade adulta. Esteve presente em conquistas e decepções, em diplomas, trabalho, namoro e casamento.

 E até hoje, muitas vezes, eu o sinto, como se minha mãe estivesse ao meu lado, quem sabe acompanhada pela tia querida e outros familiares, todos já em dimensões espirituais, dando uma olhadinha na pequena que – acho – alegrou suas vidas, retribuindo seu amor!

            Sim, fui uma privilegiada que depois também se tornou mãe. E procurou, de muitas maneiras, fazer a filha, igualmente, sentir esse amor materno, que sempre foi natural e lógico, como deve ser o amor de mãe. Um amor profundamente retribuído, que, como aconteceu comigo, a acompanhou – e acompanha – por todas as etapas da vida, inclusive quando ela mesma se tornou mãe.

            E a roda da vida continua a girar, de tal forma que o amor que ela sente pelos filhos é infinito, traduzido em carinho, cuidados e proteção. E retribuído com beijos, abraços e lindas declarações de amor, próprias das crianças. Porque, mais uma vez está presente o amor de mãe, natural e lógico!

            Sempre pensei no amor materno assim, nascido do fundo do coração sem que as mães se deem conta ou mesmo parem para pensar nele. Elas o sentem, e pronto! Mas, de uns tempos para cá, comecei a me questionar. São tantos os casos de mães que abandonam, maltratam ou até mesmo matam seus filhos, que minha convicção foi alterada.

            Mães que não protegem os filhos dos agressores e dos perigos. Que pouco se importam com seu bem estar e até mesmo sua sobrevivência. Que colocam seus interesses acima da vida dos filhos. São tão numerosos esses casos relatados pela mídia, que fico tentando descobrir em que canto dos corações dessas mães está soterrado o amor materno, natural e lógico.

            Penso que a vida atual, com tantos problemas, doenças, escassez e dificuldades, é a grande responsável pelas atitudes outrora impensadas dessas mães. Ou será que agora a mídia escancara os fatos, quando, antes, tudo ficava encoberto? Será que o amor materno não é tão natural e lógico assim?

Mas há as mães heroínas, lutando com todas as forças para evitar a fome dos filhos; para protegê-los da maldade do mundo; para oferecer-lhes tudo o que têm, ainda que esse tudo seja bem pouco. Vejo mães dando a vida pelos filhos; vejo-as curando-os de arranhões nos joelhos e de feridas nos corações; vejo-as já idosas, ainda portos seguros para seus filhos adultos.

Nenhuma delas para, sequer por um segundo, para pensar por que faz isso. Simplesmente, faz! As outras, as mães de corações trancados, são as exceções. Então, volto a me convencer de que, apesar de tudo, há o amor natural e lógico das mães. O amor que deve ser inspirado pelos Céus. Um passarinho passa voando, carregando gravetos no bico, e pousa no ninho que está construindo. É a própria tradução do amor materno, natural e lógico!