Minha crônica sobre Mães publicada hoje, na coluna "Tribuna Livre", do jornal "A Tribuna"
Natural e lógico
Cresci, como a maioria das pessoas,
tendo certeza de que o amor de mãe é tão natural e lógico como a roseira dar
rosas. Em meu pequeno universo familiar, o mundo era alegre e despreocupado. Depois
vieram as dificuldades, mas o amor materno me acompanhou pela adolescência e
mocidade, até a idade adulta. Esteve presente em conquistas e decepções, em
diplomas, trabalho, namoro e casamento.
E até hoje, muitas vezes, eu o sinto, como se minha
mãe estivesse ao meu lado, quem sabe acompanhada pela tia querida e outros
familiares, todos já em dimensões espirituais, dando uma olhadinha na pequena
que – acho – alegrou suas vidas, retribuindo seu amor!
Sim, fui uma
privilegiada que depois também se tornou mãe. E procurou, de muitas maneiras,
fazer a filha, igualmente, sentir esse amor materno, que sempre foi natural e lógico,
como deve ser o amor de mãe. Um amor profundamente retribuído, que, como
aconteceu comigo, a acompanhou – e acompanha – por todas as etapas da vida, inclusive
quando ela mesma se tornou mãe.
E a roda da
vida continua a girar, de tal forma que o amor que ela sente pelos filhos é
infinito, traduzido em carinho, cuidados e proteção. E retribuído com beijos,
abraços e lindas declarações de amor, próprias das crianças. Porque, mais uma
vez está presente o amor de mãe, natural e lógico!
Sempre
pensei no amor materno assim, nascido do fundo do coração sem que as mães se
deem conta ou mesmo parem para pensar nele. Elas o sentem, e pronto! Mas, de
uns tempos para cá, comecei a me questionar. São tantos os casos de mães que
abandonam, maltratam ou até mesmo matam seus filhos, que minha convicção foi
alterada.
Mães que não
protegem os filhos dos agressores e dos perigos. Que pouco se importam com seu
bem estar e até mesmo sua sobrevivência. Que colocam seus interesses acima da
vida dos filhos. São tão numerosos esses casos relatados pela mídia, que fico
tentando descobrir em que canto dos corações dessas mães está soterrado o amor
materno, natural e lógico.
Penso que a
vida atual, com tantos problemas, doenças, escassez e dificuldades, é a grande
responsável pelas atitudes outrora impensadas dessas mães. Ou será que agora a
mídia escancara os fatos, quando, antes, tudo ficava encoberto? Será que o amor
materno não é tão natural e lógico assim?
Mas há as mães heroínas, lutando com
todas as forças para evitar a fome dos filhos; para protegê-los da maldade do
mundo; para oferecer-lhes tudo o que têm, ainda que esse tudo seja bem pouco.
Vejo mães dando a vida pelos filhos; vejo-as curando-os de arranhões nos
joelhos e de feridas nos corações; vejo-as já idosas, ainda portos seguros para
seus filhos adultos.
Nenhuma delas para, sequer por um
segundo, para pensar por que faz isso. Simplesmente, faz! As outras, as mães de
corações trancados, são as exceções. Então, volto a me convencer de que, apesar
de tudo, há o amor natural e lógico das mães. O amor que deve ser inspirado
pelos Céus. Um passarinho passa voando, carregando gravetos no bico, e pousa no
ninho que está construindo. É a própria tradução do amor materno, natural e
lógico!