sábado, 10 de setembro de 2022

João Vitor - 11 anos

 

                     

              Ah! os carrinhos de Serra Negra!

 

“Pokémon” e “Acelerados”. Se alguém quiser chamar a atenção do garoto inteligente e esperto, é só falar uma dessas palavras, que ele esquece o que estava fazendo ou dizendo para saber por que elas entraram na conversa. É o João Vitor, meu neto, que – inacreditavelmente para mim – chega hoje, dia 11, aos onze anos. A cada ano, a cada aniversário do João ou do seu irmão Luiz Felipe, penso: mas já? Não são mais os bebês rosados e chorões, nem as crianças pequenas com suas graças e birras. São meninos alegres, que já começam a entender a vida e que continuam infinitamente amados, como o foram desde o dia em que nasceram.

            Você, João, apesar de sua postura que muitas vezes já lembra um pré-adolescente, continua vivendo sua infância, divertindo-se com brincadeiras que inventa e andando nos carrinhos da praça de Serra Negra ao lado do Tite. Para provocar, vovô Paulo diz: “Você está muito grande, João, não dá mais para ir no carrinho!” E você nem liga: acomoda-se ao lado do Tite e vai dar as voltas na praça. É bem verdade que a pessoa que empurra o carrinho tem que usar mais força, mas um dia, em um trecho do caminho, você mesmo empurrou o carrinho com o Tite e um amiguinho dentro. E divertiu-se tanto quanto eles!

            Na casa da vovó Ana e vovô Paulo, ainda brinca na banheira que seu irmão enche de espuma. Um dia, depois de afirmar, todo sério, que preferia ver TV, não resistiu ao chamado do Tite: levantou-se de repente do sofá, desligou a TV e foi pelo corredor em direção ao banheiro, já tirando a camisa. Nem precisa dizer como a farra foi grande! Mas a televisão continua com papel importante em seu lazer, principalmente quando os programas têm carros como tema.

            Um deles é “Acelerados”, que mostra os mais variados tipos de pilotos – um em especial, Rubinho Barrichello –, carros e corridas. Você se distrai e se empolga tanto, que, certa vez, montou uma cabine de carro no sofá da vovó. O câmbio era um cabo de vassoura; a direção, um prato de plástico; Tite era o copiloto, também dirigindo com um prato de plástico. E o barulho que os dois faziam, imitando os motores, estava muitos decibéis acima do que os vizinhos gostariam...

            Aliás, é dirigindo com os pratos de plástico que você organiza corridas pela casa, entrando e saindo dos cômodos do apartamento, fazendo curvas e, lógico, reproduzindo o barulho de motores. Tite e eu somos os outros pilotos e eu, mesmo chegando sempre em último lugar, sou estimulada a também imitar um motor de carro...  E quando você está ao meu lado, no carro de verdade, na garagem, não sossega enquanto eu não o deixo pegar um pouquinho na direção, mesmo eu não tirando as mãos do volante.

            Mas há um jogo do qual você começou a gostar já há alguns anos e que, conforme você cresce, prende ainda mais sua atenção. É o “Pokémon”, com seus personagens e cartas coloridas, uma febre entre os garotos. Você sabe os nomes de todos os personagens, conhece os movimentos, cenários e situações em que acontecem a ação e as jogadas. Já lhe pedi algumas vezes para me explicar o “Pokémon”. Mas, confesso, é muito complicado para mim!...   

                A paixão por construção e ambientação mantém-se firme. E vovô Santi é constantemente requisitado para construir maquetes de casas, prédios e supermercados, que depois você pinta e guarda com todo o cuidado. Aliás, na casa da vovó Janne e vovô Santi, o Supermercado Sachetto continua funcionando a pleno vapor, com você e Tite etiquetando toda a despensa da vovó Janne – e quem disse que vovó se importa? – e colocando os produtos “para vender”.

Também funciona a Escola Sachetto, quando você copia, no tablet, provas de Português e Matemática que o papai redige em casa, para ajudá-lo, e ao seu irmão, a estudarem. Tite e vovó Janne são os alunos, você é o professor. Um dia, você veio me mostrar as provas dando risada por causa de uma pergunta de Matemática cujo cenário era o apartamento do vovô Paulo e vovó Ana e cujos personagens eram o vovô Paulo, os pombos e os bem-te-vis que o atormentam, sujando a área descoberta do apartamento.

Quando foi comigo ao supermercado de verdade, fez questão de escolher o biscoito do Tite – e outro para você, claro! – e fez vários comentários sobre os preços dos produtos. Um verdadeiro economista! Não me deixou carregar a cesta de compras, fazendo questão de levá-la até o carro. Um gentleman!...

Como conhece bastante da web, até já ajudou a baixar um aplicativo em meu celular. Liga para as vovós pelo Messenger, e quer que digamos o que são as figuras que desenhou e que exibe na telinha do celular. Na verdade, o desenho e a pintura continuam entre suas atividades preferidas, resultando quase sempre em coloridas paisagens.

Atividades ao ar livre são essenciais. Antes, você improvisava divertidos jogos de basquete com a personal trainer e, agora, aprende esse esporte na escola. Também ao ar livre, gosta de jogar queimada e verdadeiro ou falso, unindo o raciocínio ao exercício físico. Continua muito bem na natação, atravessando a piscina nos vários estilos, e ainda gosta de correr com o Tite e outras crianças, nas férias, na praça de Serra Negra.

É lá, também, que confirma sua paixão por carros, comprando, com o dinheiro da mesada, que economizou, as miniaturas que, depois, vão ser empurradas pelos corredores do apartamento da vovó Ana, em disputadíssimas corridas com os carrinhos do Tite. Claro que, no horário do tablet, sua preferência são os jogos com carros de corrida, que faz questão que eu acompanhe, me explicando os vários modelos e pedindo para eu escolher suas cores.

Um dia, me mostrou no tablet um belo sedan: “Vovó, esse é o modelo que você deve comprar”. E como um verdadeiro conhecedor, acrescentou: “É bonito, econômico e não muito caro!” Tudo acompanhado por gestos que ajudavam a explicar por que tinha escolhido esse carro para mim...

Outra paixão é a fotografia. Em recente viagem a Holambra, fotografou todas as flores que pôde e depois fez questão de me mostrar as fotos uma a uma. Editou várias imagens de Serra Negra, acrescentando frases divertidas. E sempre que a vovó dizia “vamos tirar uma foto”, se antecipava: “Eu tiro!” Foi assim que, de tema da fotografia, passou a ser o fotógrafo.

Esse é você, João Vitor. Alegre, divertido, algumas vezes emotivo, brincalhão. Mas não gosta muito que brinquem com você. No carro, voltando da escola, você cutucou o Tite dizendo que ele é muito popular na escola. Seu irmão retrucou: “Você é que é muito popular!” Vovô Paulo ouviu e começou a brincar com os dois. E você, todo sério: “Não gosto dessas brincadeiras!”

E assim você cresce, rodeado de muito carinho. Tite é seu companheiro irrequieto e constante, que continua, muitas vezes, copiando o irmão mais velho. Papai e mamãe continuam sinônimos de segurança, apoio, orientação e broncas, quando necessário. São também parceiros de brincadeiras e de inúmeros momentos de alegria. Papai é o amigão que assiste com você, na TV, aos treinos de classificação e às corridas de Fórmula 1. Os filmes são assistidos por todos juntos: mamãe, papai e Tite. Mamãe cobra suas obrigações na escola, ajudando-o a ter um ótimo rendimento nos estudos, o que deixa você orgulhoso.

Essa é a sua linda história, João Vitor. Seu coração sincero, suas imitações divertidas, seu espírito transparente, sua ingenuidade, sua criatividade, tudo contribui para fazer de você uma (ainda) criança que atrai e distribui muito amor. Como quando você organizou, junto com o Tite, um show de mágica para apresentar para os quatro vovós e para os papais, após jantar em família na sua casa. Seu irmão era o assistente, que rufava os tambores batendo no cesto de papéis do quarto, virado ao contrário.

A cortina era feita de folhas de papel, que o assistente levantava para o mágico aparecer, sentadinho em baixo da bancada, usando chapéu de mágica e outros acessórios. Em sua adorável ingenuidade, os truques eram apresentados como grandes mágicas, que exigiam a participação da plateia, previamente arrumada em seus lugares pelo mágico e seu assistente. No final, após os aplausos entusiasmados da plateia, o mágico agradeceu, feliz e orgulhoso com os elogios. O assistente rufou os tambores e a noite terminou realmente em clima de magia, principalmente para os vovós, felizes com o carinho dos pequenos.

É por tudo isso que esta vovó Ana traz você e seu irmão no coração. Que os Céus o protejam, João Vitor, e que você continue firme a trilhar o caminho da luta, da perseverança e do trabalho, mas também o da alegria, do êxito e, principalmente, do amor!