domingo, 26 de junho de 2011

Pinacoteca marca gol com "Canções de Outono"

O resultado perfeito para uma iniciativa que exigiu empenho e dedicação. Assim pode ser resumida a série de espetáculos intitulada "Canções de Outono", promovida pela Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, com apoio da Associação de Amigos da Pinacoteca e de diversas outras entidades, privadas e oficiais.Sucesso de público, os espetáculos reuniram grupos corais de Santos e outras cidades, arrancando aplausos entusiásticos e agradando em cheio aos apreciadores de boa música.
O diferencial foi o posicionamento dos corais, na enorme varanda do casarão da Pinacoteca, voltados para o público, que não deixou vazia nenhuma do grande número de cadeiras estrategicamente colocadas nos jardins voltados para a avenida da praia. Turistas e santistas, apreciadores da música e curiosos, conhecedores e leigos, todos se uniram nos aplausos aos cantores e músicos. Aplausos que ecoaram até fora do casarão, partidos de pessoas que se acomodaram na calçada para não perder os espetáculos.
O que tudo isso significa? Que basta a iniciativa, a boa vontade. É só oferecer arte, que a plateia comparece, surge dos mais variados pontos, para vibrar, se emocionar e aplaudir. O que nos obriga à reflexão: quanto se perde de cultura pela passividade de quem poderia e deveria promovê-la! Quanta arte deixa de ser vivenciada pela falta de divulgação! Quanto o nosso povo poderia estar mais afeito à manifestação artística e, em consequência, mais rico em cultura, se lhe oferecessem mais e melhor produção nesse campo!
Quanto aos espetáculos, muito pouco a se falar, a não ser que corresponderam às melhores expectativas. Começando com a competência do Duo Hoizontes, formado pelos já reconhecidos pianista Regina Schlochauer e clarinetista Mário Marques, na quinta-feira, dia 23, e continuando, no dia seguinte, com a exuberância do Coral Zanzalá, de Cubatão. Depois, foi a vez do grupo paulistano Canto Ma Non Presto, 
demonstrando o entrosamento de seus musicistas em peças de difícil execucação. O encerramento, no sábado, dia 25, foi com o quarteto vocal santista Splendore, que conquistou a plateia especialmente com suas peças sacras, seguido do madrigal Voz Ativa, de Osasco, com belos "spirituals" e arranjos de músicas de consagrados compositores da MPB.
Enfim, foi "prato cheio" tanto para que curte música erudita quanto popular. O silêncio atencioso do enorme público durante as apresentações, os aplausos ao final de cada canção e os comentários garimpados "aqui e ali" ao término dos espetáculos comprovam o que todos sabem, mas muitos produtores culturais fingem ignorar: é só oferecer a doçura da boa arte, que as pessoas são atraídas como abelhas para o mel.    

sábado, 18 de junho de 2011

Disputa no céu de junho

Outro texto sobre Festas Juninas, escrito para a coluna “Alto Astral”. É tempo de quermesse...



Sem balões, com magia


"Cai, cai, balão, cai, cai, balão, aqui na minha mão. Não cai não, não cai não...” E não pode cair mesmo! Vai longe o tempo em que a música de roda animava as noites frias e era cantada pelas crianças a plenos pulmões. Os balões cintilavam no céu, disputando com as estrelas qual brilhava mais na escuridão noturna. Era tempo de Festas Juninas, e adultos e crianças se aqueciam ao redor das fogueiras, ansiando pelo momento de fazer subir o balão colorido e iluminado, tão caprichosamente confeccionado.

Tempo que já foi... Hoje, os balões foram banidos, não fossem eles tão perigosos, assassinos potenciais, capazes de matar e destruir. É o preço do progresso, que somente os irresponsáveis teimam em ignorar. Agora, em vez de “cai, cai, balão”, é: “Balão no céu, perigo da terra”. Uma pena, mas temos que nos adaptar aos novos tempos.

E, já que não podemos soltar nem correr atrás dos balões, vamos preservar a magia da época da melhor maneira possível. Com música, quadrilha, delícias da cozinha brasileira e, sobretudo, com muito calor humano. Vamos curtir as noites frias saudando os santos da época com alegria. Um sorriso para quem está ao lado, um abraço carinhoso e um beijo em quem está pertinho de nós.

Quermesses são ambientes mágicos, onde nossas raízes culturais se manifestam com muito vigor. Pelo menos, nas quermesses autênticas. Embalados pelo som dos sanfoneiros, tomando quentão, comendo paçoca e cocada, aconchegando-nos à fogueira, vivamos esses momentos especiais. E demos Vivas! A Santo Antônio, São João e São Pedro!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Os santos de junho

Este texto foi publicado na coluna "Tribuna Livre", do jornal "A Tribuna", de Santos, em 13/06/2011. Vejam se não tenho razão...


Preservar as lendas juninas




Onde foram parar Santo Antônio, São João e São Pedro? Sim, eles continuam nos altares, a receber pedidos e súplicas de seus devotos. Mas, o que aconteceu com as suas festas? Neste mês de junho, as noites frias costumavam ser aquecidas pelas fogueiras, enquanto fogos coloridos riscavam o céu escuro e sem nuvens. Hoje, os balões, real perigo ambulante, foram banidos; em lugar da beleza dos fogos de artifício, estrondos assustadores. As fogueiras são feitas de tiras de papel laminado e a simplicidade do “correio elegante” é substituída pelo “ficar”, de preferência com vários pares diferentes, na mesma noite. Cuidados especiais são tomados para impedir, em algumas quermesses, drogas, desrespeito, confusão, preconceito, brigas e agressões.

Felizmente, a maioria das festas juninas mantém a ordem e a alegria. Frequentadas por famílias, são realizadas em residências, escolas, associações, igrejas, clubes e outras entidades. Algumas têm caráter beneficente, mas, à exceção das festas nordestinas, perdeu-se muito do encanto e da autenticidade das quermesses. As raízes folclórico-culturais foram esquecidas, privilegiando-se, em contrapartida, comidas e bebidas – nem sempre da época – e música eletrônica em altíssimo volume.

Em que ponto deixamos para trás as sanfonas e as modinhas, as quadrilhas de movimentos espontâneos, os trajes autênticos – com os “noivos” e o “padre” –, os arraiais ao ar livre, as histórias contadas na roça, a origem das homenagens aos santos juninos? Certamente, em alguma curva de antiga estrada de terra. Mas, apesar do asfalto, da velocidade e do progresso, não seria possível retornar àquela curva? Não poderíamos resgatar o antigo encanto?

Se não sob o céu escuro, embaixo de tetos acolhedores. Se não com fogos de artifício, com pequenas “estrelas” a brilhar nas mãos das crianças. Mas, a essência da festa poderia ser preservada. O levantamento do mastro, por exemplo, de origem européia – como muitos dos costumes adotados nas festas juninas –, significa a garantia de fartura nas colheitas e de saúde para os animais domésticos. No Brasil, costuma-se adorná-lo com as bandeirinhas dos três santos juninos.

Quanto ao “casamenteiro” Santo Antônio, seria bom saber que essa crença teve origem em decisão do frei nascido de nobre família portuguesa: casar jovens que se amavam, mesmo pertencendo a classes sociais diferentes, o que, na época, era proibido. As quadrinhas que exaltam o milagroso santo são muitas: “Santo Antônio me case já/ enquanto sou moça e viva./ Porque o milho colhido tarde/ não dá palha nem espiga”.

Já na noite de São João, a tradição aponta para as adivinhações: as moças aproveitam que o santo está sempre dormindo em sua festa e tiram a sorte para saber com quem vão se casar. Lendas seriam preservadas: o santo teria nascido em uma noite muito bonita e sua mãe Isabel, para avisar Maria, mãe de Jesus, teria mandado erguer um mastro em sua casa e acender uma fogueira para iluminá-lo.

O protetor dos viúvos é São Pedro e, a ele, muitos recorrem com fé, especialmente na noite de sua festa. Também protetor dos pescadores, são incontáveis as embarcações coloridas e enfeitadas que percorrem mares e rios em louvor ao santo. Tudo isso seria contado, lembrado e revivido nas festas juninas. Pequenos exemplos do rico folclore que as cidades grandes ajudariam a preservar. Histórias, tradições e lendas que fazem parte da alma do nosso povo e que, lamentavelmente, correm o risco de não chegar às novas gerações.

domingo, 12 de junho de 2011

Amor sincero




Um texto especialmente escrito para a coluna "Alto Astral", de Durval Capp Filho.




Aconchego do Dia dos Apaixonados



Dia dos Namorados, dos Noivos, dos Casados, dos Companheiros, ou Dia dos Apaixonados? Não parece ser este último o nome mais apropriado para a data? Basta pensarmos em paixão não só como sinônimo de atração física, mas defini-la, também, como cumplicidade, admiração, respeito, confiança, apoio, carinho, companhia, ou seja, amor pleno e completo.




Nesse amor deveriam viver, em um mundo ideal, os verdadeiramente apaixonados. Mas, como é difícil! Na realidade do dia a dia, são muitos – e quase sempre grandes – os obstáculos a serem superados por duas pessoas que se amam. São dificuldades de toda a ordem, das materiais às psicológicas, das reais às imaginadas. Permitimos que os mais diversos motivos interfiram em nossas relações.




Por sermos imperfeitos, não conseguimos ver a perfeição do amor. Mas, ela existe e sobrevive nas mãos dadas de um casal unido há muitos anos ou no beijo apaixonado de dois jovens que mutuamente se escolheram para, juntos, enfrentarem a vida. É o amor verdadeiro que desculpa, alegra, faz chorar e faz sorrir.




É a paixão, em sua definição completa, que move o ser humano. Por isso é tão bom comemorar o Dia dos Namorados (Apaixonados)! É tempo de nos sentirmos amados e de retribuirmos com o mesmo amor. Não importa o muito ou pouco tempo juntos. Não é tão importante uma rosa, um chocolate ou uma joia. Importa, mesmo, a presença da pessoa amada. Bom, é o aconchego dos beijos e abraços!