Publicada em 14/03/2024 , na Tribuna Livre do jornal A Tribuna
Um tesouro em exposição
As artes visuais não ficavam fora
dessa valorização cultural, com exposições coletivas e individuais se
sucedendo, exibindo trabalhos das mais diversas tendências, influenciados por várias
vertentes, do tradicionalismo ao modernismo, cubismo e dadaísmo, entre outras,
mas, principalmente, pelo modernismo “brasileiro”, construído a partir da
Semana de 22.
Foi nesse período de agitação
cultural, décadas de 60 a 90, que o jovem Armando Sendin, professor, escultor,
gravador e ceramista, já então um nome de projeção internacional, escolheu
Santos para morar com sua esposa Sita, também artista plástica. A partir daqui,
seu trabalho, que já havia ganhado o mundo, percorreu todo o Brasil e os mais
diversos países, em mostras individuais e em prestigiados salões
internacionais, conquistando os mais importantes prêmios.
São óleos, que incluem figuras em
atividades do dia a dia ou no lazer, permeadas por leveza e transparência, em
uma harmonia de cores que impressiona. E o mar, a grande inspiração, está muito
presente, ajudando a compor um trabalho único, invariavelmente bem aceito pelo
público e aplaudido pela crítica. Seu realismo não exclui o impressionismo,
transformando sua produção em obra bastante pessoal.
Sua forte ligação com Santos fez com
que escolhesse a Cidade para abrigar parte de seu acervo e assim, na noite de 7
de outubro de 2014, com a Pinacoteca Benedicto Calixto transbordando de amigos
e admiradores, ele oficializou a doação à instituição de 127 quadros e 51
cerâmicas – outra técnica que dominava como poucos.
Pois é parte desse precioso acervo
que poderá ser conhecida ou revista pelo público no Espaço Armando Sendin, nova
ala especialmente criada na Pinacoteca para exposição permanente das obras do
artista. Uma iniciativa inteligente da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto,
que “abre o cofre” para expor um tesouro à visitação de santistas e turistas.
É mais uma homenagem ao artista que
manteve sua ligação com Santos mesmo após mudar-se para Marbella, na Espanha,
onde faleceu em 29 de julho de 2020, aos 92 anos, deixando obras expostas nas
mais importantes coleções e em museus brasileiros e no exterior, em países como
Espanha e Estados Unidos.
E é também uma homenagem à pessoa de
Armando Sendin, homem simples, cavalheiro e cordial, que ajudou a projetar
Santos nas artes plásticas internacionais. Lembrança de um tempo em que a arte
santista alcançou um de seus mais altos níveis e produção cultural que muitas
vezes se igualou às metrópoles!