Aqui, uma rápida
crônica que foi publicada hoje, 16/12, no jornal “A Tribuna”, na seção “Tribuna
Livre”. Concordam comigo?
Esperança nas luzes do Natal
Como
em todos os anos nesta época, quando chega a noite, a Cidade fica clara. São as
luzes do Natal que se acendem, brilhando nos mais variados tons, formando
desenhos sob o céu escuro e estrelado. Luzes que piscam, mudam de cor, criando
um clima lúdico, capaz de encher os corações de alegria e esperança. Será? Ou
alegria e esperança são artigos em falta no Natal?
Os corações se
modificam na data em que se lembra o nascimento de Jesus ou as pessoas apenas
fingem estar no clima da festa para não destoar da maioria? E será maioria? A
violência, a tragédia, a ação desumana são parte do cotidiano no País e no
mundo. Existem fome e doença por falta de recursos que poderiam eliminá-las.
Enquanto isso, um bom punhado de “espertos” embolsa esses recursos e ainda posa
de incorruptível.
Meio ambiente ameaçado; crianças maltratadas física e
psicologicamente; gente simples doando o que não tem em troca de “milagres”;
irresponsáveis que – alcoolizados ou não – assumem o risco de matar com seus
veículos. Impossível enumerar todos os males e sofrimentos do mundo. Triste
constatar que as mensagens deixadas pelo Aniversariante do Mês são ignoradas a
cada segundo neste tão lindo Planeta!
Sacolinhas para
levar um pouco de conforto e alegria a crianças carentes são ótimas, mas apenas
nesta época? Que tal garantir essas sacolinhas durante todo o ano, cheias de
artigos básicos para a sobrevivência desses pequenos e suas famílias? Melhor ainda, que tal a sociedade se manter
vigilante para impedir que algum “esperto” no Poder desvie recursos destinados
à melhoria das condições de vida dessa população tão sofrida?
Gentileza e sorrisos constatados a cada esquina deveriam
ser comuns o ano inteiro. Pais que comparecem às escolas para as festinhas de
final de ano, deveriam ser sempre presença real, constante e solidária a seus
filhos e professores. Espetáculos de música que elevam o espírito poderiam
repetir-se a cada mês, ajudando na formação cultural da população.
Homens violentos que mantêm suspensas suas mãos pesadas,
para não baterem em mulheres porque é Natal, transformariam pancada em
compreensão, sempre. Não só porque é Natal, mas porque é justo e humano, as
relações pessoais e profissionais seriam baseadas em respeito. Caridade,
justiça, erradicação da miséria física e cultural, emprego, moradia básica, fim
da “lei de Gérson” em todas as camadas da população. Tudo isso e muito mais
compõem o espírito de Natal, que deveria durar doze meses. E mais doze, e mais
doze, infinitamente, transformando a sociedade e fazendo valer a palavra
deixada por Jesus.
Claro que cores, luzes e sons de Natal são
imprescindíveis neste tempo. Papai Noel e presentes para pessoas queridas –
também vale um simples abraço – devem expressar belos sentimentos e emoções. O
comércio precisa movimentar-se para gerar riqueza e empregos. Mas, acima de
tudo, a hipocrisia precisa ser deixada de lado. Se as mudanças começarem aos
poucos, pequeninas, em casa, na família, podem, talvez, transformar para melhor
o País e o mundo.
Esperança tola influenciada pela época do ano? Ou será
que a alegria de Natal realmente existe na Cidade? E, se existir, será capaz de
se perpetuar por todos os demais dias? Quem sabe a prece que muitos farão nos
templos ou em suas casas reavive os valores exaltados por Jesus. Quem sabe a
vida seja mais respeitada. Quem sabe nos tornemos mais humanos. Afinal, a noite
de Santos está clara pelas luzes do Natal!