quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um grito e uma esperança

                   

Aí vai meu artigo publicado na edição de 29/12, no jornal “A Tribuna”, de Santos, seção “Tribuna Livre”. Um grito contra o sofrimento de mulheres no Brasil e no mundo. E um fio de esperança de dias melhores em 2011.

 

 

                                Um bom ano para as Marias

                                                        

         Sakineh Mohammasdi-Ashtiane não se chama Maria. Nem a garota afegã de 18 anos que teve o nariz e as orelhas decepadas. Provavelmente, também não se chama Maria nenhuma das 60 mulheres indianas vendidas para prostíbulos. Nem as que foram estupradas e mortas na Guiné. Mas, têm todas uma dolorosa ligação com a Maria que festejamos nesta época do ano. Maria que permitiu ao mundo conhecer Jesus. Maria, que muito sofreu.

         Aí está a ligação entre todas essas mulheres: o sofrimento. Imposto por esdrúxulas leis religiosas, por interesses financeiros e políticos ou por sociedades hipócritas e atrasadas, esse sofrimento continua tendo como alvo principal as mulheres. São elas o elo mais fraco, a despeito de uma suposta evolução em sua condição social.

            É claro que em países civilizados não se condenam mulheres a serem mortas por apedrejamento em casos de infidelidade aos maridos. Ou por prostituição. Esse horror persiste apenas em certas sociedades fundamentalistas. Mas, mesmo em países ditos laicos e civilizados, a mulher ainda é considerada inferior.

         No Irã, Sakineh Ashtiane vive o horror de ser enforcada a qualquer momento, uma vez que sua sentença de morte por apedrejamento foi transformada em morte na forca. O mesmo drama que, segundo as Escrituras, viveu Maria ao ficar grávida de Jesus. Prometida em casamento a José e não sendo este o pai da Criança, poderia ser denunciada pelo noivo e apedrejada. Foi salva pelo coração bom de José e pelo Anjo que, de acordo com as mesmas Escrituras, explicou ao futuro esposo a origem divina da Criança.

         A menina afegã sem nariz e orelhas foi condenada por um tribunal religioso simplesmente por querer fugir da família do marido, que a maltratava; as 60 jovens indianas foram enganadas por um crápula de 27 anos, que se apresentava como soldado bem pago, casava-se com elas antes de vendê-las para prostíbulos bem distantes de suas cidades; as mulheres estupradas na Guiné só o foram por terem participado de ato em favor da democracia.

         Um sofrimento que se repete todos os dias, em inúmeros pontos do Planeta. E as Marias brasileiras? Apanham, são estupradas e mortas, muitas vezes por seus companheiros. Mas podem contar com outra Maria: a Lei Maria da Penha. Ou não podem? Se depender de Edilson Rumbelsperger Rodrigues, não. Edilson é o tristemente famoso juiz de Sete Lagoas, Minas Gerais, que foi suspenso de suas funções pelo CNJ, por considerar essa lei “diabólica” e por declarar que foi a mulher a iniciadora de todos os problemas da humanidade. E nós nos consideramos um País civilizado!

         Um País onde milhares de Marias sofrem com a violência contra seus filhos. Onde mulheres vivem em condições miseráveis, enfrentam torturas psicológicas, precisam ser pais e mães de seus filhos abandonados pelos companheiros. Por isso, elas se identificam tanto com Maria mãe Daquele que veio trazer mensagem de amor e perdão. Aquele que não permitiu o apedrejamento da adúltera.

         Elas esperam que as cores e luzes da passagem do ano signifiquem realmente dias melhores. Lutando sozinhas ou ao lado de seus Josés, elas querem que leis sejam respeitadas, que idéias pseudo-religiosas e retrógradas não prosperem entre nós e que ações se concretizem, com apoio oficial, para acabar com a degradação das Marias em todo o mundo.

 

        

          

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um novo ano

O ano chega ao fim e vamos todos festejar a chegada de 2011. Que sejam tempos de mais amor e compreensão, menos ódio e violência. Que tenhamos mais saúde, que a fome seja um fantasma cada vez mais distante da humanidade, que nossos sonhos se transformem em realidade.
Para isso, não esqueçam: pensamento positivo - é difícil nos tempos modernos, mas primordial - e confiança em nós mesmos e, principalmente, em uma Força Maior, que nos aponta caminhos e acompanha por eles, em busca da tão importante evolução.
Menos correria, mais meditação. Menos ambição, mas felicidade. Menos guerra, mais - mas muito mais - PAZ


FELIZ 2011!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Caos anunciado

Prevalesceu o bom senso e o há muito anunciado não se concretizou. Ainda bem! Seria sofrido demais suportar o caos no transporte aéreo de passageiros às vésperas do Natal, o dia mais movimentado do ano no setor. O Sindicato dos Aeroviários suspendeu a greve que resultaria em aeronautas e aeroviários de braços cruzados. E em aviões parados no chão, enquanto passageiros se degladiariam nos balcões dos aeroportos, dormiriam no chão, protestariam com veemência, sem nada adiantar.
O Sindicato percebeu que a greve, neste momento, seria contraproducente, acarretando antipatias para sua causa. De qualquer forma, é importante denunciar que as negociações entre Sindicato e companhias aéreas já duram mais de 80 dias, acompanhadas pelo Ministério Público do Trabalho, que também não apresentou solução. Ressalva:pelo menos, agora, o MP tomou uma atitude para proteger os passageitros, ao ameaçar o Sindicato de pesadas multas, se, em caso de greve, não fossem mantidos no trabalho 80% dos trabalhadores. A Anac, por sua vez, apenas garante que os direitos dos passageiros serão respeitados, mas alguém pode me dizer de que maneira vai conseguir isso se houver greve?
O pior é que, segundo o Sindicato, a categoria não reivindica apenas melhores salários, mas também melhores condições de trabalho, já que a jornada de seis horas determinada por lei, ao que tudo indica, se estende por muito mais horas, pondo em risco a saúde do trabalhador e a segurança do passageiro.
Se e quando a greve se concretizar, já sabemos o resultado: raiva, frustração de quem pretende e precisa viajar, mídia agitada na cobertura do caos. O mesmo caos dos aeroportos europeus, só que, lá, provocado por condições climáticas inevitáveis. E aqui, não haverá tempo, ainda, de se fazer alguma coisa para evitar o caos anunciado?

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Natal e réveillon

Aí está texto sobre esta época do ano, publicado neste final de semana na coluna “Alto Astral”, de Durval Capp Filho, no “Jornal da Baixada”. Para refletir...

 

 

 

                                 Valores do Natal para 2011

 

 

 

         Os sinos tocam nesta época, mas tocarão eles nos corações de cada um de nós? As casas e as ruas estão repletas de luzes, mas resplandecerão elas dentro de nós? Brilham as belas árvores de Natal, acolhendo sob seus galhos, presépios onde o Menino é a figura principal. Será Ele também, com sua mensagem, o principal farol de nossa maneira de viver?

         É Natal, sim. É tempo de alegria, de comemorar, de viver todas as delícias desta época mágica do ano. Vamos nos abraçar, desejar felicidades aos parentes e amigos. Mas não percamos de vista o significado da festa. Lembremos que é Natal para o rico e para o pobre, para o saudável e o doente, para a criança e para o velho.

         É Natal porque a mensagem do Aniversariante permanece verdadeira, passados dois mil e dez anos. Amor, caridade, bondade, perdão não saem de moda. São valores fundamentais para o homem e foi o Menino do presépio quem os incutiu fundo em nossas almas.

         Por isso, fiquemos atentos: que os símbolos deste tempo de Natal não sejam só externos. Que eles nos conquistem também internamente, para que, ao se aproximar o Novo Ano, renovemos nossos propósitos e esperanças de nos tornarmos melhores a cada dia. Só assim poderemos ajudar a transformar o mundo em que vivemos, para que a prata do réveillon salpique o verdadeiro branco da paz!  

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O verdadeiro Natal

Natal está aí. Tempo de presentes, decoração da casa, ceia, corre-corre, ufa! Está certo, tudo tem que estar perfeito na Grande Noite. Mas, não seria bom nos livrarmos de todas as obrigações e compromissos? Pararmos, refletirmos, meditarmos. Rezarmos, por que não? Aliás, essa seria a autêntica comemoração do Natal!
Já que é praticamente impossivel nos livrarmos dos compromissos, vamos, pelo menos, tentar desacelerar. Que a casa esteja linda e iluminada, sim, mas que o mesmo aconteça com nossos corações. Que troquemos presentes e desejemos felicidades uns aos outros, mas que tudo isso signifique, realmente, amor. Que nos alimentemos com a deliciosa comida colocada sobre a mesa lindamente decorada, mas que nossas almas sejam também alimentadas com esperança de melhores tempos.
Enfim, que o Jesus recém-nascido nos encontre receptivos à sua mensagem de tolerância e compreensão, para que renasçamos no verdadeiro Natal!

domingo, 28 de novembro de 2010

Parabéns às polícias cariocas

Impossível fugir do assunto: o belo trabalho que a polícia carioca está fazendo contra a bandidagem no Rio. Já não era sem tempo! Só faço algumas perguntas: por que foi preciso esperar que os traficantes iniciassem uma onda de terror, incendiando ônibus e carros, metralhando bases da PM, para que a operação contra eles fosse desencadeada? Já não poderia ter sido feita antes?
Outra dúvida: será possível manter efetivos policiais suficientes e a postos permanentemente para evitar a retomada das favelas pelos bandidos?
Mais uma: será que a população trabalhadora dessas comunidades terá suficiente segurança contra o ódio dessas gangues caso elas pretendam se vingar?
E o prefeito César Maia, não poderia parar um pouco de incensar o governo federal ressaltando a toda hora o apoio recebido? Afinal, isso não é uma obrigação de qualquer governante de bom senso?
São perguntas que levarão ainda algum tempo para serem respondidas. Por enquanto, parabéns às polícias Militar e Civil do Rio de Janeiro e aos membros de outras forças que as auxiliaram nesse estafante e perigoso trabalho, de que há muito o Rio vinha necessitando!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Quanto vale uma mulher?

Um exemplo de como ainda são tratadas as mulheres ao redor do mundo, especialmente em certas regiões cultural, religiosa e materialmente atrasadas: um indiano de 27 anos foi preso pela polícia acusado de ter se casado com aproximadamente 60 mulheres antes de vendê-las para prostíbulos.
O jovem crápula - é o que ele é, na minha opinião - se apresentava como soldado bem pago, enganava os pais das meninas de famílias pobres na região de plantação de chá, no Estado de Bengala ocidental, e, depois, vendia as garotas para prostíbulos bem distantes de suas casas.
Agora, me digam: continuam ou não as mulheres sendo tratadas como gado em muitos pontos deste lindo e, ao mesmo tempo, medonho planeta? E nós, não falamos nada? Não protestamos? Não tomamos nenhuma atitude?
Ou será que nosso País vai estreitar laços com os governantes dessa região da Índia, à maneira como faz com o Irã? Não nos enganemos: o crápula foi preso, mas provavalmente vai se safar. Afinal, o que são mulheres por lá? O que valem? Para o sem-vergonha, em torno de 1.600 euros. Para os demais, quase nada. Se não fosse essa a mentalidade dominante na região, teria o crápula coragem de fazer o que fez?

domingo, 14 de novembro de 2010

MAM santista

Sonho a ser concretizado

Uma das mais importantes iniciativas dos últimos anos, na área cultural santista, é o projeto da construção do Museu de Arte Moderna de Santos, que será erguido no mesmo terreno da Pinacoteca, atrás do belíssimo casarão localizado na avenida da praia.

Para que esse projeto se concretize, os diretores da Fundação Pinacoteca buscam captar recursos por intermédio da Lei Rouanet. O autor do projeto é o premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, e o futuro prédio – sem dúvida nenhuma, uma obra de grande fôlego – dá atenção aos detalhes e prioriza as finalidades a que se destinará o MAM santista.

Uma grande área para estacionamento será construída abaixo do solo, facilitando a visita de santistas e turistas e ajudando a manter alta a freqüência do museu. A concepção é moderna e funcional, e o custo está estimado em R$ 30 milhões.

Só por estas breves pinceladas dá para perceber a importância do Museu de Arte Moderna para a revitalização das artes visuais em Santos, assim como de outras manifestações artísticas, já que o prédio terá espaços multiuso. Bom para a educação, ótimo para a cultura.

Fica então a pergunta, que é um convite: empresários, investidores e demais interessados, vamos ajudar? A causa, sem dúvida, é muito nobre.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Enem sem seriedade

E o Enem, hein? Problemas ano passado, problemas este ano, estudantes estressados e revoltados, esperanças frustradas de ingresso nas universidades etc. etc. Pior: suspeita de vazamento da prova, Poder Judiciário tomando iniciativas, presidente Lula se manifestando com veemência e agressividade na defesa do exame.
Dá para confiar? Acreditar que vivemos em um País sério? É triste ver uma boa idéia desperdiçada por incompetência, irresponsabilidade ou, quem sabe, má-fé de quem deveria executá-la. Mais um golpe contra um dos principais pilares em que deveria se apoiar o nosso Brasil: a educação.
Agora, colocam-se remendos no que foi esfarrapado. Será consertado? Só o tempo dirá. Será feita justiça? Respostas só daqui a alguns anos. E o pior: quem paga todos os milhões gastos para a realização do Enem somos nós, o povo. Só por isso, o processo todo deveria ser impecável, funcionando perfeitamente. Pena que este ainda esteja longe de ser um País sério!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ataques via Web

Difícil descrever minha revolta contra a falta de educação e de nível que toma conta da Web. É triste ver o que pensa e diz nosso povo! No dia da eleição, foi demais! Por isso escrevi este artigo, que foi publicado hoje, dia 9, na “Tribuna Livre” do jornal “A Tribuna”, de Santos.

Briga de rua na Internet

Já bem próximo do anúncio oficial da candidata vencedora das eleições para presidente da República, ligo o computador e começo a ler as notícias. Números da apuração em todo o Brasil e nos Estados; fotos de políticos votando ou dando declarações; eleitores idosos ou com problemas de locomoção dando testemunho de cidadania e fazendo o impossível para chegar aos locais de votação; casos curiosos ocorridos durante todo o domingo, neste país continental.

Nada muito diferente do clima de todas as eleições, até eu me aventurar pelas Redes Sociais e pelos comentários de internautas às notícias exibidas na tela. Que decepção! Aquilo de que eu há muito vinha desconfiando confirma-se plenamente: vão ser necessários muitos anos para que nosso povo adquira educação e cultura.

O nível dos comentários e das discussões é tão agressivo e ofensivo que mais parece briga de rua entre bêbados. Tanto eleitores de candidatos vitoriosos quanto os de candidatos perdedores externam suas idéias com fúria e desprezo pelos oponentes. Ninguém pensa, nem por instantes, que está debatendo (?) política, uma atividade das mais nobres do ser humano.

E todos vão colocando para fora frustrações pessoais, preconceitos – quem disse que não há neste País? –, mágoas, impotência. Tudo muito pior do que os fanáticos torcedores de futebol, que se digladiam via Internet como se suas vidas ou a sobrevivência de suas famílias dependessem do resultado de uma partida ou da classificação de seu time favorito.

Em qualquer discussão entre internautas, seja lá sobre que assunto for, a regra é o baixíssimo nível; a exceção, alguém lúcido, com palavras de bom senso. Nas eleições, não poderia ser diferente. Ainda mais depois do péssimo exemplo dado por alguns políticos e seus marqueteiros: na ânsia de conseguir votos, vale tudo, inclusive desmoralizar o adversário.

Na Web, a ignorância tem sentido literal – basta ler o que se escreve – e figurado, já que poucos entendem que somente a troca de idéias pode gerar algum progresso. Raros sabem defender pontos de vista com firmeza e educação. Imperam os ataques, muitas vezes, pessoais.

Esse panorama desolador, que reflete a realidade de uma sociedade sem valores humanos ou espirituais, exige um esforço extraordinário, se quisermos começar a melhorá-lo. De nada adianta mudar governantes e políticos, se as deficiências materiais e culturais, especialmente entre os jovens, continuarem as mesmas. É urgente uma ação conjunta, oficial, de ONGs, de associações particulares. É preciso seduzir nosso povo para a educação e cultura, além de oferecer melhores condições de vida aos núcleos familiares.

Caso contrário, estaremos contribuindo para que a revolta continue amargurando grande parte de nossa população. Estaremos jogando nossos jovens no colo da violência. Continuaremos tendo, na Internet, manifestações grosseiras, que mal escondem o ódio. O mesmo ódio que se materializa depois nas ruas, em vandalismo, assaltos, direção irresponsável de veículos, bebidas e drogas. De políticos e governantes, eleitos ou derrotados, cobremos ações corajosas, firmes e honestas. Para que encurtemos o tempo de espera por uma Internet onde se expressem pessoas de caráter digno.

Um juiz que nos deixa pasmos

Guardem bem este nome: Edilson Rumbelsperger Rodrigues. Quem é? Um "V. Excia." Um homem que, nos dias de hoje, ainda afirma que os problemas da humanidade começaram com a mulher. Ou coisa semelhante. Agora, amigos, podem se indignar: ele é juiz! Não, não é de futebol ou de qualquer outro esporte. Estes, com certeza, são bem mais atualizados e inteligentes. Edilson é juiz de Direito.
De Sete Lagoas, Minas Gerais, e acaba de ser afastado de suas atividades (ainda bem!) pelo CNJ - Conselho Nacional de Justiça. Sabem o que ele disse da Lei Maria da Penha? Que é "diabólica". E considerou-a inconstitucional ao julgar ações contra homens covardes que agrediram suas companheiras. Dá para acreditar?
Agora, vai ficar afastado de suas funções por dois anos - não, ele não foi exonerado -, recebendo salário proporcional, e, depois desse prazo, poderá pleitear voltar a atuar como juiz. Ah! E a decisão do CNJ não foi unânime: nove votos pelo afastamento de Edilson e seis pelo não afastamento. Dá para confiar em um País como este?

domingo, 31 de outubro de 2010

Dia do Médico e do Dentista

Texto escrito para a coluna “Alto Astral”, de Durval Capp Filho, publicada no “Jornal da Baixada”.

Aplausos para quem cura

Mais do que o remédio, o sorriso. Mais do que o alívio da dor, o carinho. Mais do que a excelência profissional, o ser humano. Assim são os médicos e dentistas que fazem a diferença. Representam oásis onde um dia chegamos todos nós, cansados e sedentos de saúde, para nos saciarmos nessas fontes de esperança.

Cada um ao seu estilo, dedicam suas vidas a melhorar a vida dos outros. Eles curam, aconselham, advertem, pesquisam, estudam, criam caminhos, tudo para ajudar seus pacientes. Nem todos são assim, é verdade. Mas os que enveredam pelas estradas tortuosas não conseguem anular o bem que esses profissionais espalham em seus caminhos.

Simpáticos ou sérios, alegres ou introvertidos, cada um com sua personalidade, médicos e dentistas zelam pelo bem-estar da população. Em comunidades muito pobres ou em sofisticados consultórios e hospitais, dedicam-se às suas nobres profissões.

E sempre que, em sua atividade diária, correspondem ao juramento que um dia fizeram, de salvar e curar, todos nós aplaudimos. Aplausos mais do que merecidos neste mês de outubro, quando no dia 18 se comemora a Data Dedicada ao Médico e no dia 25, a Data Dedicada ao Dentista!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dia da Criança

Olá. Aí vai o texto que escrevi para a coluna “Alto Astral”, de Durval Capp Filho, publicado na edição do último dia 8, no “Jornal da Baixada”. Uma reflexão sobre o Dia da Criança...

Anjos que semeiam alegrias

Há uma frase muito conhecida que afirma serem o olhar e o sorriso de uma criança capazes de iluminar o mundo. E não se trata de simples retórica ou de palavras de efeito, mas de realidade. Nada é mais lindo do que o olhar brilhante de uma criança. Nada mais feliz do que seu sorriso.

Hoje, quando comemoramos seu dia, todos fazemos esforços para ver nossas crianças felizes. Passeios, presentes e carinho estão no programa de pais, avós, tios, padrinhos e amigos. Nada mais justo. Afinal, a recompensa vem naquele olhar brilhante e naquele belo sorriso.

Em sua inocência, a criança não se dá conta de que está em suas mãos, não o futuro da família, da cidade, ou do país, mas o futuro do mundo. São as crianças que, em mais alguns anos, estarão no comando. Só por isso, merecem de nossa parte todos os cuidados em sua formação. Mas, por muito mais, devem ser amadas e protegidas.

É que elas são capazes de restaurar a esperança, dissipar a tristeza, despertar as melhores emoções. Elas são os anjos visíveis, encarregados de semear alegrias ao longo de nossas vidas. Peçamos a Deus que cada criança, em todo o mundo, mesmo as que vivem em condições adversas, tenha ao seu lado um anjo invisível, guiando-a pelo melhor caminho.

E que todos nós possamos ajudar esses Anjos da Guarda em sua missão, para que, ao olharmos qualquer criança, vejamos seu olhar brilhante de esperança e seu sorriso pleno de felicidade.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Voto palhaço

Infelizmente, o Estado de São Paulo deu um péssimo exemplo de como jogar a democracia no lixo. Elegeu, com um número de votos altíssimo, o palhaço Tiririca. Este não tem culpa. Foi usado pelos políticos de olho nos muitos votos que levaria para a legenda. Uma vergonha! Tiririca, por sua vez, vislumbrou uma excelente oportunidade de estar na mídia -- muito mais do que se estivesse exercendo sua função de palhaço -- e, de quebra, ainda ganha um ótimo salário, que nós, contribuintes, pagamos.
Agora, digam: qual o resultado desse voto dito de protesto? No que vai afetar a vida dos políticos? Em nada! Nada muda, eles continuam se locupletando às custas da população. Que, por sua vez, perdeu uma excelente oportunidade de pesquisar e eleger alguém à altura de representá-la com dignidade, visando melhores condições de vida para esta Nação.
É nessas horas que sou obrigada a dar razão ao Pelé: nosso povo ainda não aprendeu a votar...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Contemplar a Força Maior

Esse pequeno texto foi escrito para ser lido em uma reunião de cunho humanista e espiritualista. Talvez vocês gostem.

A face de Deus

Algumas filosofias de vida afirmam que devemos contemplar Deus em cada um de nossos semelhantes. Não é fácil. Mas possível. Fácil é contemplar Deus no rosto de um bebê, no olhar de nosso filho, no abraço de nossos pais ou irmãos, no carinho dos amigos, até no sorriso do balconista.

Difícil é ver Deus na face da mãe desesperada que não tem como matar a fome do filho, na revolta do pai que perdeu sua criança para a violência, nas feições desfiguradas do doente, nos olhos tristes e acusadores da criança e do idoso abandonados, na expressão ausente ou violenta do drogado, na cobiça do corrupto, na ira do criminoso.

Sim, é muito difícil, vai contra a nossa natureza. Mas não nos esqueçamos de que estamos em uma escola. O mundo é uma imensa sala de aula onde, a cada dia, a cada momento, devemos aprender a melhorar. É a inevitável (ainda bem!) evolução.

Não nos esqueçamos do sábio conselho que afirma não ser nosso semelhante nem amigo, nem inimigo, apenas nosso mestre. E lembremo-nos de antigo profeta, que disse ser necessário buscar Deus de todo o nosso coração, para podermos encontrá-LO.

Aí está a chave do possível: a compreensão de que cada ser humano é único, tem sua história, seus motivos, seu passado, seu presente. Se buscarmos a Força Maior do fundo do nosso coração, será mais fácil entender que até o crime e a tristeza vivem em seres semelhantes a nós. Um dia – esperamos – tanto um quanto outro serão dominados. E, finalmente, contemplaremos essa Força Maior em todo o gênero humano.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mês de setembro

Este pequeno artigo foi publicado no último dia 5, no “Jornal da Baixada”, coluna “Alto Astral”, a convite de seu titular, Durval Capp Filho. Escrevi-o para colocar um pouco de cor em nossas vidas...

 

                                     Feriados e flores

                                                                  

 

         Independência do Brasil, N.S. do Monte Serrat, Primavera. O mês de setembro é mesmo pródigo em alegrias. Um verdadeiro “alto astral”, sem trocadilhos. Afinal, como não ficarmos contentes com a lembrança de nosso País conquistando sua Independência sem guerras trágicas, como aconteceu com tantos outros? E como não nos alegrarmos com a visão do Monte Serrat e da Padroeira de Santos, cidade que, apesar dos problemas, continua maravilhosa, assim como toda a nossa Baixada?

         Melhor ainda: quem não fica feliz com feriados?  Muita gente reclama que a economia do País é prejudicada por eles, mas que esses dias de descanso e lazer são sempre bem-vindos, isso não há dúvidas. Portanto, é tempo de nos alegrarmos. Deixemos tristezas, preocupações e dúvidas para trás.

         Vamos esperar pela Primavera vestindo nossas almas a caráter: com flores, muitas e coloridas. Difícil? Sem dúvida. A vida não nos estende um tapete forrado desses magníficos adornos da natureza. É preciso garimpar para encontrar os mais raros e belos exemplares de flores. Mas, quando os encontramos, seu perfume e beleza nos fazem esquecer as dificuldades do caminho. É por isso que vale a pena viver a Primavera!

Dia da Independência

Este texto foi publicado na seção “Tribuna Livre”, do jornal “A Tribuna”, de Santos, no último 7 de setembro.Vejam se não tenho razão no que escrevi.

                            

                                     Para gritar Independência

                                                                

         No dia em que o Brasil nasceu como nação independente, nenhum dos envolvidos nos acontecimentos que culminaram no ato de Pedro I poderia imaginar que 188 anos depois, esta Nação estaria tão subjugada. E não se trata de situação política ou financeira, embora também nesses aspectos ainda falte muito para sermos realmente independentes.

         O que dói é ver este País refém da violência que se manifesta das mais dolorosas maneiras, das metrópoles aos vilarejos, entre ricos e pobres, escancarada ou escamoteada sob aparência de normalidade. Apresenta-se sob tantas e tão variadas aparências, que mais parece um camaleão, sempre pronta a se camuflar. Mas, qual a sua origem? Inata no ser humano, convive com a bondade. Cabe a cada um decidir qual delas vai prevalecer.

          E, aí, entram em cena também as circunstâncias, as motivações. Ao declarar o Brasil livre do colonizador, Pedro I teve seus motivos. Mas, impulsivo ou não, foi um ato sem violência, uma Independência sem grandes guerras, apenas com poucas resistências em algumas regiões. As circunstâncias levaram a isso. E hoje, o que gera a violência que nos oprime?

         Sem dúvida, as drogas, o tráfico e a corrupção. São esses os nossos algozes, que nos mantêm aprisionados, que nos manipulam, nos oprimem. Ou alguém duvida do poder do tráfico e do rastro de violência que é capaz de traçar? Do jovem carente aliciado em sua comunidade ao usuário rico cada dia mais dependente, as correntes são enormes e pesadas. A elas estamos todos presos, escondidos em nossas casas sem nos arriscarmos nas ruas. Tentamos nos defender, mas a violência-filha-da-droga tem mão pesada, seus grilhões são fortes.

         Não somos independentes, mas dependentes, ainda que não usuários. Dependemos das circunstâncias, da sorte de não nos depararmos com um assaltante ou um assassino. De não termos nossas casas invadidas por eles. De não nos encontrarmos na trajetória de uma bala perdida.

         Mas, para sobreviver e tornar-se cada vez mais potente, o tráfico de drogas precisa se alimentar. De corrupção. Aí está a verdadeira tirana, que seduz tantos, dos pequenos aos mais altos níveis, de homens e mulheres simples a dirigentes entrincheirados no poder. Corrompidos, eles prestam reverências e tributos ao tráfico, estendendo tapetes vermelhos para que amplie sua trágica trajetória.

         Assim, as correntes nos apertam cada vez mais. Motivadas pela droga e aproveitando-se das circunstâncias da corrupção, nos mantêm sob o domínio da violência. É medo que gera caos. Somos prisioneiros de nossa própria incapacidade de lutar contra a corrupção.

         Não adianta reclamarmos. Os escravos também reclamavam, mas nada podiam alterar em suas miseráveis vidas. Talvez nós possamos. Quem sabe, aproveitar a oportunidade das eleições que se avizinham para desmascarar corruptores e corruptos, expulsando-os definitivamente do poder.

         Já demos um pequeno passo com o Ficha Limpa. Vamos mais à frente. Demagogos, pequenos e grandes aproveitadores, responsáveis pelo circo com o qual se quer iludir o povo, todos precisam ser banidos da vida pública. Seria o nosso Grito da Independência. Um golpe contra a violência nos moldes de Pedro I. Não às margens do Ipiranga, mas às margens da responsabilidade. Não com a opção da morte, só a da vida. O que, com certeza, deixaria nosso primeiro imperador muito orgulhoso.     

        

             

      

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Que vergonha!

Curta e rápida: o que leva um órgão de imprensa e um site estatais, de um país cruel em sua política voltada às mulheres, a chamar a primeira-dama de outro país de prostituta? Uma total falta de respeito de um governo ditatorial, que se posiciona como a palmatória do mundo. Ora, pois é a esse país que nosso presidente quer nos manter ligados, amigos, apoiadores de suas pretensões atômicas.
É isso mesmo: dando nomes aos bois, o país ditatorial é o Irã, presidido por Mahmoud Ahmadinejad, "reeleito" para a presidência em eleições sob suspeitas internacionais de fraude. A primeira-dama insultada é Carla Bruni, esposa do presidente francês Nicolas Sarkozy, chamada pelos iranianos de "prostituta italiana", que "merecia a morte" (que palavras "elegantes" e "compreensivas" !.....)
O motivo do insulto a Carla Bruni ( e a outras figuras francesas) foi o fato de terem assinado uma petição pela liberdade de Sakineh Mohammasdi-Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento no Irã, por suposta infidelidade ao marido, de acordo com as "bondosas" leis religiosas vigentes naquele país.
Quanto ao nosso presidente, não preciso esclarecer. Ele quer porque quer aproximação com o Irã, pouco se importando com o tratamento dado às mulheres e às minorias nesse país do Oriente Médio, antes conhecido como Pérsia, de riquíssima história e cultura e que não merecia viver sob esse regime teocrático. Para Lula, não importam os sonhos atômicos do Irã, nem suas constantes provocações ao Ocidente, nem o flagrante desrespeito aos direitos humanos. Muito mais por motivos políticos do que comerciais, nosso presidente quer e pronto.
Sinceramente, neste caso, dá vergonha de ser brasileira!

domingo, 22 de agosto de 2010

Basta à degradação das mulheres

No Irã, como o mundo todo já sabe, uma jovem mulher corre o risco de ser morta a pedradas, acusada de ter traído o marido. No Afeganistão, uma menina de 18 anos teve o nariz e as orelhas decepadas, a mando de outro ridículo tribunal religioso, porque tentou fugir das garras do marido e da família do marido, que a maltratavam.
Maridos? Ou donos de escravas? Não é assim que funcionam essas sociedades fundamentalistas, regidas por regras selvagens? O chamado mundo civilizado sabe, grandes juristas sabem, devotos e sacerdotes de religiões ocidentais sabem. Escandalizam-se, horrorizam-se. Mas, e as atitudes? E os governos com um mínimo de respeito pelos direitos e pela dignidade humanos?
Faltam iniciativas. Duras. Não dá para convencer religioso fanáticos, travestidos de juízes e governantes, de que estão indo contra os mais elementares princípios de justiça e piedade. Para eles, mulheres são gado. Feitas para servi-los, obedecê-los e levar vidas miseráveis. Pior do que condenadas nas mais odiosas prisões.
A iraniana e a afegã são apenas dois exemplos das barbárie perpetrada contra as mulheres nessas sociedades que remontam à Idade da Pedra. Religião é a desculpa para todos esses crimes. E ninguém consegue fazer nada para minorar o sofrimento dessas vítimas da ignorância.
No caso da afegã, que conseguiu escapar para o Ocidente - ou seria condenada à morte em seu país - uma reconstrução de face e orelhas vai ser realizada nos EUA. Provavelmente, com final feliz. E as outras mulheres debaixo das burkas? Seviciadas por maridos e famílias de maridos, na verdade, arremedos de seres humanos?
Não dá para dizer, como nosso presidente, que isso é problema dos outros países, costumes diferentes de sociedades diferentes da nossa. É tão absurda essa posição, que ele mesmo voltou atrás, para corrigi-la. Mas, apenas porque o clamor da opinião pública foi grande. Enquanto pensarmos dessa maneira, enquanto fizermos nosso débil protesto, acreditando que estamos cumprindo com nossa obrigação, e depois nos esquecermos dessas pobres mulheres subjugadas pela mais cruel lei que se diz religiosa, tudo permanecerá como está.
Não podemos nos calar, temos que voltar e voltar e voltar aos protestos. Temos que exigir atitudes dos governos ocidentais e dos orientais que respeitam a dignidade humana. Temos que transformar nossa indignação em melhorias concretas das vidas desses seres humanos vistos por suas sociedades fundamentalistas e preconceituosas como criaturas inferiores aos animais. Basta!

domingo, 15 de agosto de 2010

Turismo em Santos: para rir e pensar

Esta crônica foi publicada em “A Tribuna”, na coluna “Tribuna Livre”, em 19 de janeiro de 1999. Decidi postá-la para os amigos avaliarem os problemas que tínhamos na época, no setor de turismo, e o que já foi feito ou vem sendo feito ou está prometido... Em mais de 11 anos, acho que já poderíamos estar bem mais adiantados. Infelizmente, ainda continua valendo a minha última frase da crônica: que raiva!

Muito além de “bonitinha”

Prestando tributo à irreverência e à ironia cariocas, conta-se por aí uma rápida história cujo pano de fundo só podia ser mesmo o Rio de Janeiro: dois gringos chamam um táxi de agência especializada em turistas estrangeiros e pedem para conhecer a capital carioca.

Encantam-se com a beleza das paisagens que se sucedem, entusiasmam-se com o esplendor do clima tropical, admiram-se de não haver jibóias nem sucuris atravessando as avenidas asfaltadas e quase não se contêm diante da natural sensualidade das muitas garotas de Ipanema.

O motorista vai contando – no melhor inglês de que dispõe – origem e história dos principais pontos turísticos. Os visitantes estão deslumbrados, mas de repente se lembram de que o País é emergente, ou periférico, tanto faz, o importante é que o termo esteja politicamente correto. Subdesenvolvido, nem pensar. Não faz mais parte do vocabulário deles. Só de seus pensamentos.

Para disfarçar o entusiasmo pelo Rio e, também, para impressionar um ao outro e, principalmente, ao motorista nativo, começam a contar vantagem: “Em meu país”, diz um, “a tecnologia é avançadíssima. Imagine que acabamos de construir uma rodovia de mil quilômetros, com vinte pistas, em apenas dez dias”!

O outro, para não ficar atrás: “Bem, mas em meu país estamos ainda mais avançados. Inauguramos um arranha-céu de 200 andares, que foi construído em uma semana!” O motorista, pasmo com a desfaçatez de seus passageiros, decide mineiramente ficar em silêncio. Mas é quando passam em frente ao Maracanã que a vingança tem sabor carioca.

Alvoroçados, os gringos perguntam: “O que é isto? Esta construção tão grande?” E o motorista, com indiferença: “Não sei. Ainda ontem passei por aqui, e não tinha nada nesse terreno...”

A lembrança dessa historieta vem a propósito de declarações de turista estrangeiro em visita a Santos: “É uma cidade bonitinha...” Ai, que vontade de retrucar com o mesmo espírito do motorista carioca: “É que nós nos esforçamos. Erguemos o Monte Serrat em uma semana e desviamos a água do Atlântico para a nossa baía em apenas dez dias. Só para agradar aos visitantes!”

Ainda poderíamos acrescentar mais alguma coisa, especialmente para aquela outra turista de nariz empinado, que desceu do navio e declarou às câmeras de TV, com ênfase em seu desdém: “Desembarcar em Santos, não dá! É o fim!” Diríamos que não é culpa nossa. Que gostaríamos muito que ela tivesse outra impressão. Que fizemos o possível, por exemplo, para tornar mundialmente conhecido aquele rapazinho negro que jogava futebol muito bem, usava a camisa 10 do time que tem o nome da Cidade, aquele atleta que atende pelo nome de Pelé. Talvez ela até conheça!

Ah! Poderíamos também dizer que nosso empenho sempre foi tanto, data de tanto tempo, que até Brás Cubas se engajou na campanha para oferecer boas atrações aos turistas e decidiu... fundar Santos. Foi o ponto de partida para criar uma História rica, com personagens e lugares de importância fundamental para a consolidação do Brasil.

E muito mais teríamos para retrucar às críticas irônicas ou insolentes, às vezes feitas sem qualquer critério até pela mídia nacional, se nossa boa educação permitisse e se... É, temos um se, como a pedra no caminho do poeta. Não apenas um, mas vários.

Se soubéssemos, por exemplo, aproveitar melhor o potencial turístico-religioso do bondinho e da capela do Monte Serrat, agora que o prédio do antigo cassino foi recuperado; se tivéssemos força para exigir dos responsáveis a despoluição do nosso mar; se fôssemos corajosos o suficiente para impedir o caos no desembarque dos cruzeiros marítimos.

Mais: se já houvéssemos conseguido capitalizar para a Cidade a fama e o respeito que Pelé conquistou em todo o mundo; se entendêssemos a importância da História e os benefícios que o passado pode gerar para o presente; se nos preocupássemos, sim, com megaprojetos turísticos e sua relação com o meio-ambiente e nossa qualidade de vida, sem, no entanto, nos esquecermos de coisas simples e básicas, como calçadas livres de dejetos de animais; se, se...

A relação vai longe. E nós não podemos perder mais tempo. Temos à frente do Turismo de Santos uma pessoa empreendedora, que não gosta de engolir pérolas de visitantes irônicos. Uma boa saída para evitar esse constrangimento é aproveitar o que já temos, criar condições de divulgação, organização e segurança para explorar ao máximo nossas atrações.

Se em algumas cidades do Interior uma simples pedra no morro é visitada e admirada por embasbacados turistas só porque sua forma é diferente e conta-se uma lenda a respeito dela, imagine o que poderíamos fazer com a nossa Lagoa do Morro da Nova Cintra! E com jacaré, então!...

Agora mesmo, neste verão-com-chuva, temos circo, parque de diversões, arena esportiva, shows de música popular, mas também temos atrações culturais imperdíveis, como a retrospectiva da artista plástica Niobe Xandó na Pinacoteca e o concerto do pianista Antônio Eduardo dos Santos, sábado, no MISS. Será que os turistas sabem disso?

Ou será que eles continuam achando que Santos é bonitinha? É hora de reagirmos, para responder aos inconvenientes com o mesmo espírito do motorista carioca. Ai! Que raiva não poder fazer isso já!

sábado, 7 de agosto de 2010

Dia dos Pais

Para marcar a data, aí vai o texto que escrevi para a coluna "Alto Astral", de Durval Capp Filho, publicada no "Jornal da Baixada".

Para sempre, pai

Há pais e pais. Os muito jovens ainda tateiam em busca do melhor caminho. Os já idosos, mesmo realizados em sua missão, continuam – para sempre – preocupados com a felicidade de suas “crianças”. Muitos ainda estão na luta para oferecer o melhor para os filhos.

Alguns se preocupam com a formação de seus jovens. Outros trabalham duro para garantir a sobrevivência da família. É aos pais que os filhos recorrem quando a vida deixa de lhes sorrir. Porque pai é sinônimo de porto seguro.

Biológico ou adotivo, pai de verdade encaminha, luta, sofre, alegra-se, perdoa, e, principalmente, ama suas eternas “crianças”. Acarinha também, aconchega, por que não? É tão importante o amor de pai que, quem o tem – ou já teve – encara a vida com mais confiança.

Do bebê que estende os bracinhos para o pai ao adulto que abraça emocionado o senhor de cabelos brancos, passando pelo jovem que tem em seu “velho” o amigo mais fiel, todos têm hoje um só sentimento: amor.

Para os outros, para os que perderam ou nunca conheceram seus pais, ficam as boas lembranças ou o sonho de um dia poder encontrá-los. E, se acreditarem, o consolo do amor do Pai Maior.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Como salvar nossas crianças?

O que estamos fazendo com nossas crianças? Que País é este que não as protege? Quem somos nós que permitimos sua degradação? Por que se multiplicam os pedófilos e traficantes?
Felizmente, há quem se preocupe com a situação. A operação Tapete Persa - não me perguntem o motivo do nome -, da Polícia Federal, desenvolvida em nove Estados e no Distrito Federal, prendeu ontem 20 pessoas por distribuição de pornografia infantil. Além disso, deu prosseguimento à execução de 80 mandados de busca e apreensão de material.
Entre os presos, desde menores de idade até homens com mais de 70 anos. Entre as imagens apreendidas, algumas chocantes, envolvendo bebês e crianças pequenas. Tão degradantes que impressionaram o delegado Marcelo Bórsio, do Grupo Especial de Combate à Pornografia Infantil.
O resultado imediato: menos pedófilos em circulação, menos crianças abusadas. Mas será suficiente? Até quando os presos permanecerão na cadeia? Quando chegarão os advogados para soltá-los? Não fica a sensação de que estamos apenas enxugando gelo?
Já no combate aos traficantes, o governo lançou uma revistinha da Mônica intitulada "Uma história que precisa ter fim". Muito bem feita, com uma historinha didática envolvendo os principais personagens criados por Maurício de Sousa, é uma arma poderosa, sem dúvida, já que atrai e prende a atenção das crianças.
Um apoio para as explicações que pais e professores têm obrigação de dar às suas crianças, sobre o perigo das drogas. A revistinha já circula na Internet, em formato pdf. Quem quiser acessá-la deve ir ao Google e pesquisar "revistinha da Mônica sobre drogas".
Enfim, são iniciativas importantes na proteção à criança. Mas não nos parece muito pouco diante da avassaladora ação do tráfico e da pedofilia?

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mulheres-frutas no alvo

Pois é, além de detonar os falsos guias espirituais, José Wilker, em entrevista dada a revista de circulação nacional, apontou sua metralhadora giratória para a onda de mulheres-frutas que toma conta da mídia. Ele não se conforma com a moda de mulher-melancia, mulher-morango, mulher-maçã e todas a relação de frutas utilizada para colocar em destaque os atributos físicos de mulheres que se prestam a esse triste papel.
Vale tudo para chamar a atenção, ter minutos de fama, ganhar uma graninha e desaparecer do mapa. Porque é essa a escala percorrida por jovens despreparadas para a vida, que sonham com o estrelato e não percebem o triste papel a que se submetem.
Razão tem o Wilker ao dizer que atributos físicos não são sinônimo de mulher interessante e atraente. É preciso mais. Eu acrescento: é necessário uma mulher inteira, com físico, intelecto e alma bonitos. E esperteza suficiente para não cair em engodos como o das mulheres-frutas.

domingo, 4 de julho de 2010

"Cãominhada" precisa mudar de lugar

Mais uma vez, foi dia de festa para inúmeras pessoas que tomaram conta das calçadas e pistas da avenida da praia. Esta "Cãominhada" é muito bonita, interessante, empolgante para donos de cachorros. Mas, na minha opinião, estressante para os bichos, que, em grande parte, latem incontrolavelmente e parecem assustados, confusos e sem senso de orientação. Alguns olham para as pessoas com olhos tão assustados, que dá pena.
Mas seus donos continuam todos orgulhosos passeando ou mesmo "arrastando" seus cachorros pela rua lotada de adultos, idosos, crianças, carrinhos, ambulantes etc. Quanto aos moradores dos prédios em frente ao trecho onde a "Cãominhada" é realizada, continuam sendo considerados cidadãos de segunda classe, sem a menor possibilidade de sair de casa com seus carros, já que as duas pistas da avenida, interditadas ao trânsito, se transformam em autêntica passagem de pedestres e cães, em número tão grande que o risco de atropelamento é muito alto.
Enfim, tudo como nos anos anteriores, com os mesmo problemas e alguns (poucos) benefícios, entre estes, o atendimento médico gratuito aos cães. O problema maior continua sendo o local escolhido para a realização da "Cãominhada". É provável que só entendam o tamanho do problema quando alguém precisar de socorro médico e a ambulância não puder atender, por absoluta impossibilidade de chegar ao prédio de onde partiu o pedido de socorro. Ou quando houver um início de incêndio e os bombeiros não puderem chegar a tempo.
Para comprovar que o problema não é de hoje, basta ler uma postagem mais antiga, do ano passado, onde conto as agruras pelas quais passou um amigo morador da orla. O título é "Domingo na praia - De cachorro, já é demais". Leiam e vejam se não tenho razão.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Frio e paixão

Aí está o texto sobre o Dia dos Namorados, publicado na coluna Alto Astral, de Durval Capp Filho, no Jornal da Baixada. Foi na edição de 12 deste mês, e a repercussão foi muito boa. Afinal, todos gostam de um pouco de romance. Apesar da época do frio, acrescentei o calor da paixão, e a "alquimia" parece que deu certo.

Um dia para o romance

Frio que aquece os namorados

Há quem prefira o calor. Mas, sejamos sinceros, existe ambiente melhor para curtir a dois do que uma lareira acesa? Ou um aquecedor ligado? Um maravilhoso vinho tinto, chocolate e pés aquecidos? Parece o resumo da felicidade e, talvez por isso, o Dia dos Namorados combine tão bem com esta época.

Já imaginaram um casal trocando carícias, mas preocupado com a pele banhada de suor, com o calor que sufoca? Ar condicionado e cervejinha para aliviar? Sim, mas onde fica o romantismo? Definitivamente, Dia dos Namorados é para ser vivido em junho.

E como é gostoso observar a mudança de comportamento dos casais nestes dias! Parece que o amor é vivido mais intensamente, as pessoas dedicam mais tempo a observar e querer bem o parceiro. De paqueras e “ficantes” a casados e amantes, todos, de todas as idades, acabam mais ou menos influenciados pela data.

É verdade que o poder econômico não está ausente de tudo isso. Como sempre, indústria e comércio aproveitam para incrementar os negócios. Assim, até a economia se aquece no frio, juntamente com os corações presenteados, seja com uma flor ou uma jóia valiosa. Um beijo também serve, desde que sincero, quente e carinhoso.

E até Santo Antônio, que de acordo com a fé e a tradição já uniu inúmeros casais através dos tempos, é celebrado no frio junho! É preciso mais para gostar do inverno? Só se for de quentão e pé-de-moleque!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Desmando na estrada

Reproduzo para vocês artigo que escrevi para “A Tribuna”, a partir de

uma experiência pessoal. Amigos, o trânsito está cada vez mais aterrador e, se não nos unirmos para exigir providências, vai ficar muito pior e mais perigoso.

Previsíveis imprevistos

Uma viagem de carro rápida e tranquila pelo interior paulista, em estradas bem conservadas e sinalizadas. Assim pode ser descrito o retorno de Serra Negra para Santos, certo? Errado! Estradas boas, sim; distâncias não tão longas e, para completar, um lindo sábado de sol. Mas os imprevistos...

Ou seriam fatos previsíveis? Comecemos pela estrada que liga Serra Negra a Amparo. Como as demais em região montanhosa, cheia de curvas, com faixas auxiliares em alguns trechos. Bem sinalizada, pavimentação regular, poucos motoqueiros no sábado cedo – costumam ser em grande número mais tarde e, principalmente, aos domingos.

Mas eis que o trânsito não flui, impedido por um fusca prata de Amparo, que se esparrama pela pista, confundindo estrada com passarela do samba e fazendo evoluções que põem as vidas em risco. Inúmeras vezes, o fusca, com os retrovisores laterais totalmente voltados para baixo, invade a pista contrária nas curvas, assustando quem vai em direção contrária e provocando xingamentos e buzinaço.

O motivo ninguém sabe. Embriaguez? Inexperiência? Vontade sem graça de fazer graça e se exibir? O fato é que a tragédia em potencial existiu e poderia não ser imprevista se houvesse uma fiscalização mais atenta à estrada perigosa. Se alguns motoristas dos arredores encaram a pista como uma “estradinha do quintal de casa”, é preciso conscientizá-los do perigo e impedir sua irresponsabilidade. É preciso prever, prevenir e punir. Somente lombadas e radares, não funcionam nesses casos.

E, por falar em radares, a maratona para vencê-los começa em Amparo e se estende por Morungaba e Itatiba, em uma profusão de fazer inveja a grandes metrópoles. Talvez uma escolha mais criteriosa de pontos monitorados diminuísse a arrecadação dos municípios, mas fizesse o motorista encarar com maior seriedade os trechos críticos do caminho.

Enfim, ultrapassadas as lindas estradas Amparo-Morungaba-Itatiba, com seus bambuzais formando espetaculares arcos sobre a pista, e após pequeno susto com um carro em sentido contrário que, para ultrapassar motoqueiro, invade parte da outra pista, chega-se ao complexo Anhanguera-Bandeirantes, amplo, bem pavimentado e sinalizado, com trânsito intenso.

E, então, é a vez do Rodoanel, igualmente lembrando pista de Primeiro Mundo, tais as excelentes condições oferecidas. Mas faltam placas de direção e, logo à entrada, motoristas se confundem e fazem arriscadas manobras de marcha-à-ré. Sem contar os sustos com os enormes caminhões, muitos correndo na mesma velocidade dos carros.

Aproxima-se o acesso à Imigrantes e, em consequência, está mais próximo o término da viagem, cuidadosamente planejada para sábado, uma vez que no domingo costuma ser invertido o sentido de direção da Imigrantes. Mas, surpresa! O acesso Rodoanel-Imigrantes está fechado – não se explica por que –, obrigando os carros a seguirem até a entrada para a perigosa Anchieta.

Após o pagamento do caríssimo pedágio e de driblar ônibus, caminhões e carretas fazendo ultrapassagens e congestionando a pista da esquerda – expondo motoristas e passageiros a assaltos –, a Baixada está à espera, também com sol de boas-vindas. Chegada a salvo, nem tão rápida, nem tão tranquila. Não seria melhor se os imprevistos fossem previstos e evitados?