sábado, 27 de abril de 2019

Luiz Felipe - 5 anos


                                                  

                Uma “bike” nova para o pirata



Seus olhinhos, Tite, brilhavam observando a bicicleta nova e reluzente do seu irmão. João era só alegria, todos à volta fazendo festa, elogiando a Caloi preta Hot Wheels, aro 20, sem rodinhas. Você sorria, posava para as fotos com a bike e seu irmão. Até que, no meio de toda a festa, ouço a sua vozinha, um pouco tímida, mas determinada: “Você compra uma bicicleta nova pra mim também”?
            Não dá para resistir! Um pedido desses, feito com tanto charme e expectativa, tem que ser atendido. E foi assim que, no dia seguinte, a bicicleta pequenininha, com rodinhas, que já tinha sido do João e que você usara tanto, impulsionando-a com suas perninhas firmes e rápidas, foi substituída por uma reluzente bike azul, aro 16, decorada com temas do McQueen, nova, mas ainda com rodinhas. Que, aliás, não duraram muito tempo! Você logo pediu para tirá-las, sentindo-se um ciclista completo.
            E não é que deu certo? Você se esforçou tanto, que logo conseguiu se equilibrar na bicicleta sem rodinhas. Bem verdade que isso depois de vários gritos de recomendação da mamãe (“Vira para o outro lado! Olha a direção do guidão! Aperta o freio!”) e maratonas do papai correndo atrás de você e sua bicicleta, para evitar uma queda.
            Essa, Luiz Felipe, é apenas uma das lindas histórias desta fase de sua vida. Você chega aos cinco anos e nós, os vovós, como sempre, pensamos: “Mas, já?! Ele nasceu ontem mesmo”! Para nós, é difícil constatar que o nosso lindo bebê já é um garoto esperto e inteligente. Mas, continua lindo! E muito carinhoso.
            A carinha de sapeca é a sua marca registrada. Você apronta, e tem no rosto aquela expressão gaiata, de quem sabe que vai acabar provocando risos nos que estão à volta. Mas, na hora em que leva bronca da mamãe e do papai, por causa de uma desobediência ou uma arte maior, o rosto fica sério e, não raro, você usa o recurso das lágrimas para ver se acalma o ambiente.
            O amor incondicional pela mamãe continua firme e forte; com o papai, é uma relação de amor e alegria; com João Vitor, é aquela convivência linda de irmãos que se amam, mas, nem por isso, deixam de implicar um com o outro. Você continua gostando de imitar o João em vários aspectos, brincam juntos durante bons momentos, trocam informações sobre os joguinhos quando mamãe e papai deixam usar o tablet.
            Os vovós continuam sendo presença carinhosa em sua vida, e você demonstra seu amor com sorrisos e dengos capazes de derreter nossos corações. Mas, quando vovô Paulo vai lhe fazer cócegas, recebe um “para, vovô. Você está me irritando!” É a sua personalidade já se manifestando, forte e cheia do amor que logo se traduz em abraços e beijos no vovô.
            E quando vovô lhe perguntou se podia ir dormir na sua cama, você respondeu prontamente: “Não, você não cabe lá! Vai dormir na cama do João, que fica em cima. Aí, a cama vai quebrar e você vai cair. E o João nem vai ter onde dormir”! E a conversa surreal terminou em gostosas gargalhadas.
            Esta vovó Ana também já teve uma amostra dessa sua personalidade: uma noite, enquanto você jantava na casa da vovó, o relógio carrilhão tocou longamente, bem alto, e você me pediu: “Vovó, tira esse relógio daqui”? Surpresa, perguntei: “Você não gosta mais do relógio? Você e seu irmão gostavam tanto!” E você: “Não, ele é muito barulhento”! Outra vez, no banheiro do apartamento, você me pediu: “Troca esta pia, vovó. É muito pequena”! E eu: “Para trocar a pia, tenho que reformar este banheiro e tirar a banheira de que você tanto gosta”. E você, rapidamente: “Então, reforma o banheiro do seu quarto.” Conversa encerrada!
            É, você cresceu mesmo, Luiz Felipe! Continua gostando de carros de verdade e de brinquedo. Quando algum quebra, já se sabe: o vovô Santi vai consertar, tanto faz que seja em sua casa, em Santos ou na Praia da Baleia, onde você conta histórias de piratas para a vovó Janne e ganha muitos beijos e carinho. Aliás, água continua sendo atração para você, seja mar ou piscina. Na natação, vai muito bem, já procurando seu estilo. Na praia de Santos ou na Praia da Baleia, adora brincar na água e na areia, construindo castelos e pontes.
            Na escola, participa das atividades, já fez inúmeros amiguinhos, conquistou professoras e funcionários. Capoeira e, mais recentemente, teatro, são atividades imperdíveis, que você faz com prazer. Porém, há um prazer de que você não abre mão: chocolate. Você gosta muito, mas mamãe não deixa comer demais, para que não lhe faça mal.
            Um tipo de chocolate, em especial, é seu predileto: língua de gato, que vovô Paulo chama brincando de língua de vaca. E, para ver seu jeito, ele diz: “Tite, vovô esqueceu onde está guardada a língua de vaca”. Você corrige: “É língua de gato, vovô”! E sai correndo para ir buscar a caixinha no armário que você sabe muito bem qual é.
            Outro dia, na sua casa, após o jantar, você e João comeram língua de gato na sobremesa. Mamãe avisou: “Só duas, hein”?! Mas, você estava com muita vontade de comer mais uma. Então, observou bem mamãe, papai e João (temendo o dedo-duro do irmão). Vovós Ana e Janne também estavam presentes. Mas, você logo avaliou que não seriam ameaça, não contariam nada. Então, com uma rapidez digna de super-herói, pegou mais uma língua de gato da caixinha e colocou-a toda na boca, mastigando rapidamente, sem ninguém ver. Depois, feliz pelo sucesso do empreendimento, foi brincar com seus carrinhos!
            Criativo nas brincadeiras e nas histórias de pirata que conta, você, no entanto, não se desliga da realidade. Como na noite em que, para tentar fazer você dormir, inventei a história de um menininho que gostava muito de piratas. E você, imediatamente, identificou, sentando-se na cama: “Eu!” Mas, não desisti: continuei contando que o menininho havia dormido e sonhado que um pirata muito legal havia entrado em seu quarto e o convidado para viajar pelos céus em seu barco, que voava. O menininho aceitou e ambos, no sonho, saíram voando pela janela. E você, bem realista: “Mas, e a rede de proteção”? Quase desisti! Mas continuei, heroicamente, falando da viagem pelo céu em meio às estrelas, até o retorno ao quarto do menininho, que continuou sonhando em seu doce soninho. Aí, você já estava dormindo!
            Você é assim, Luiz Felipe, nosso querido Tite. Estrela de nossas vidas, sempre sorrindo e pronto para uma brincadeira. Que essa estrela continue a brilhar, para que seus iluminados caminhos o levem por uma vida de realizações e felicidade. Que seu amor continue a transbordar, para que, no futuro, nunca se perca essa criança maravilhosa que sabe nos fazer tão felizes.