terça-feira, 28 de abril de 2020

Luiz Felipe - 6 anos


                              “Porcaria de coronavírus!”





E não é que seu aniversário de 6 anos vai ser inesquecível? Não vai ter festa, não vai ter beijos e abraços dos vovós e dos amigos, não vai ter presentes. A “festa” vai ser em casa, com um bolo e os beijos e abraços dos papais e do irmãozinho. Mas, graças à tecnologia e à Internet, você vai ser muito cumprimentado por meio de celulares e tablets e vai sentir o carinho de todos que o amam. Dos vovós, então!...

Ai, que vontade de lhe dar um abraço muito apertado e de lhe cobrir de beijos! Mas não podemos. Estamos isolados. Tudo por conta da pandemia do coronavírus! Esse vírus está causando muitos estragos pelo mundo, mas em mais algum tempo vai ser eliminado e, aos poucos, as coisas vão voltar ao normal.

            Você, Luiz Felipe, esperto como é, já entendeu tudo isso. Sabe que não pode ir à escola, não pode ver os amigos, não pode descer a qualquer hora do seu apartamento para jogar futebol no campinho do prédio. E está muito bravo! Uma frase habitual, atualmente, é: “Mas que porcaria de coronavírus”!  Você se lembra de que não tem festa, não tem presente (só os que conseguem chegar por delivery), não tem amigos (ao vivo), não tem jantar fora com os papais e o irmão. E lá vem: “Mas que porcaria de coronavirus”!...

 Mas, você também sabe que, quando a tal quarentena passar, a vida voltará ao normal e, aí, seu aniversário será devidamente comemorado. E – não tenho dúvidas! – você vai “cobrar” essa festinha!

            Para matar a saudade causada pelo isolamento, sua mamãe faz ligações por vídeo para os vovós. Que alegria ver e conversar com você, o irmãozinho João Vitor, a mamãe e o papai! Dia destes, você não estava muito a fim de papo, era horário de usar o tablet, e os joguinhos de computador chamavam mais a sua atenção.

            Eu conversava com o João, até que mamãe se lembrou do álbum que o João tinha feito, com os maiores prédios do mundo. E perguntou para você: “E o seu álbum, Luiz Felipe, onde está “? No segundo seguinte, você estava correndo – aliás, essa é a maneira habitual de você se deslocar: correndo e aos pulinhos – e voltou com o álbum dos Monster Jam para mostrar.

            Elogiei a maneira como você tinha pintado as figuras, e você, todo orgulhoso, foi virando as páginas e mostrando uma por uma. No fim, declarou: “Pronto, acabou”! E, bem à sua maneira, encerrou a conversa e voltou ao tablet!

            Sim, você está crescendo, mas continua gracioso, com expressões e jeito encantadores e sedutores. No seu primeiro ano do Ensino Fundamental, já demonstra interesse pelas letras, sílabas, palavras e números. E, agora, nestes dias em casa, mamãe e papai inventam mil e uma atividades para distrair você e seu irmão.

Mas, mamãe também faz as vezes de pedagoga, cobrando e ensinando as lições da escola. Muitas vezes, você se distrai e precisa ser chamado “de volta à realidade”. É esse clima de paciência que mamãe e papai têm conseguido criar em casa, nestes dias de quarentena. Um período que, certamente, ficará em sua memória como uma época não tão difícil porque você e João estão cercados de amor e proteção.

Os mesmos amor e proteção que você sabe retribuir. Como quando, há alguns meses, após gostoso almoço na casa da vovó Janne e do vovô Santi, houve uma “apresentação” da dupla João e Tite. João Vitor, de pé, segurava o violão grande e você, o de brinquedo. Então, de repente, você disse para esperarmos um pouco e saiu correndo para a sala. Ficamos todos na expectativa, até você voltar empurrando uma cadeira com esforço: “É para o João. O violão é muito pesado”!

Agora, você e seu irmão já frequentam aulas de música. Ambos gostam de tocar instrumentos – você “arrasa” na bateria! – e são muito afinados. Futebol, natação e capoeira estão na “grade” das atividades, todas prazerosas. Praia e bicicleta – quando você vem às casas dos vovós – continuam sendo uma alegria.     

Você está crescendo, Tite, também em inteligência. Meu lindo netinho raciocina rápido, fala com muita graça – quase sempre gesticulando, um pouco da herança italiana do vovô Paulo – e surpreende com suas tiradas certeiras. Às vezes, parece gente grande, como quando lhe perguntei por um determinado carrinho e você, usando as mãozinhas para acentuar a resposta: “A última vez que vi esse carrinho...foi...” e saiu aos pulinhos, ciente de que não sabia a resposta, mas não querendo dar o braço a torcer!

De outra vez, Memê Rosário e Pepê Philippe foram se despedir, no fim de uma festa. Memê pediu um beijo, e você: “Agora não posso, estou ocupado”! E saiu correndo com os amiguinhos... Ah! E teve um dia em que, em sua casa, após o jantar, você pediu chocolate. Como mamãe não libera chocolate a toda hora, para evitar o excesso, lhe ofereceu uma banana, que você, emburrado, recusou. Então, mamãe chamou para ajudá-la a levar o lixo reciclável no subsolo. E você, para escapar da tarefa, correu para a cozinha: “Então, me dá uma banana, que eu vou comer”!

Às vezes, quando se esquece de fazer alguma coisa que mamãe quer que faça, e ela pergunta, você responde que fez. Mas, se mamãe vai verificar a veracidade da resposta, você sai “como um foguete” na frente dela, para fazer o que tinha esquecido, e com a expressão mais angelical, declara: “Ah, lembrei! Eu tinha esquecido”!

E, quando pergunta alguma coisa para nós, espera uma resposta direta. Vovós Ana e Paulo passaram uma semana em sua casa, para vovô se recuperar de um problema de saúde. Você, depois de alguns dias, estranhando, perguntou: “Por que vocês estão aqui”? Respondi: “Porque vovô está se recuperando. Não pode”? E você, rápido e dando-se por satisfeito com a explicação: “Pode sim”. E já mudou de assunto.

TV ligada, mostrando desfile das escolas de samba no Carnaval. Você acabando de lanchar na outra ponta da sala, mas atento. Então, resmunga para você mesmo: “E quando vai passar aqui”? E eu: “Vai passar o quê, Tite? O Carnaval”? Você: “É, o Carnaval”. Eu: “Passar aqui, onde? Em frente de casa”? Você “É”! Explico que não vai passar, que é preciso ir ao sambódromo para ver o Carnaval. E isso só daqui a alguns anos, quando você estiver maior. Resposta rápida: “Tá bom”! E não se fala mais nisso!

 É assim que vamos conhecendo sua personalidade. Você não gosta de perder tempo, quer saber tudo e resolver tudo logo. Você ainda é pequeno, não admite ser passado para trás, mas, muitas vezes, para evitar desavenças, se sai com uma frase habitual: “Tá bom, vai”! De vez em quando, faz manha e “bico”, sabe ser dengoso – quem resiste à sua carinha? –, mas distribui carinho, principalmente para mamãe, papai e o irmão. João é companheiro inseparável nas brincadeiras e nas “brigas”. E você, junto com ele, é a luz que ilumina a casa. E as nossas vidas.

Neste seu sexto aniversário, tudo que esta vovó Ana pode desejar é que você continue sendo essa luz maravilhosa. Que sua personalidade alegre o acompanhe para sempre nos caminhos a serem percorridos porque você, com certeza, é uma pessoa predestinada a distribuir felicidade.