domingo, 16 de dezembro de 2012

Natal o ano todo

 



Aqui, uma rápida crônica que foi publicada hoje, 16/12, no jornal “A Tribuna”, na seção “Tribuna Livre”. Concordam comigo?

                                            Esperança nas luzes do Natal

                                                                        

Como em todos os anos nesta época, quando chega a noite, a Cidade fica clara. São as luzes do Natal que se acendem, brilhando nos mais variados tons, formando desenhos sob o céu escuro e estrelado. Luzes que piscam, mudam de cor, criando um clima lúdico, capaz de encher os corações de alegria e esperança. Será? Ou alegria e esperança são artigos em falta no Natal?

             Os corações se modificam na data em que se lembra o nascimento de Jesus ou as pessoas apenas fingem estar no clima da festa para não destoar da maioria? E será maioria? A violência, a tragédia, a ação desumana são parte do cotidiano no País e no mundo. Existem fome e doença por falta de recursos que poderiam eliminá-las. Enquanto isso, um bom punhado de “espertos” embolsa esses recursos e ainda posa de incorruptível.

            Meio ambiente ameaçado; crianças maltratadas física e psicologicamente; gente simples doando o que não tem em troca de “milagres”; irresponsáveis que – alcoolizados ou não – assumem o risco de matar com seus veículos. Impossível enumerar todos os males e sofrimentos do mundo. Triste constatar que as mensagens deixadas pelo Aniversariante do Mês são ignoradas a cada segundo neste tão lindo Planeta!

             Sacolinhas para levar um pouco de conforto e alegria a crianças carentes são ótimas, mas apenas nesta época? Que tal garantir essas sacolinhas durante todo o ano, cheias de artigos básicos para a sobrevivência desses pequenos e suas famílias?  Melhor ainda, que tal a sociedade se manter vigilante para impedir que algum “esperto” no Poder desvie recursos destinados à melhoria das condições de vida dessa população tão sofrida?

            Gentileza e sorrisos constatados a cada esquina deveriam ser comuns o ano inteiro. Pais que comparecem às escolas para as festinhas de final de ano, deveriam ser sempre presença real, constante e solidária a seus filhos e professores. Espetáculos de música que elevam o espírito poderiam repetir-se a cada mês, ajudando na formação cultural da população.

            Homens violentos que mantêm suspensas suas mãos pesadas, para não baterem em mulheres porque é Natal, transformariam pancada em compreensão, sempre. Não só porque é Natal, mas porque é justo e humano, as relações pessoais e profissionais seriam baseadas em respeito. Caridade, justiça, erradicação da miséria física e cultural, emprego, moradia básica, fim da “lei de Gérson” em todas as camadas da população. Tudo isso e muito mais compõem o espírito de Natal, que deveria durar doze meses. E mais doze, e mais doze, infinitamente, transformando a sociedade e fazendo valer a palavra deixada por Jesus.

            Claro que cores, luzes e sons de Natal são imprescindíveis neste tempo. Papai Noel e presentes para pessoas queridas – também vale um simples abraço – devem expressar belos sentimentos e emoções. O comércio precisa movimentar-se para gerar riqueza e empregos. Mas, acima de tudo, a hipocrisia precisa ser deixada de lado. Se as mudanças começarem aos poucos, pequeninas, em casa, na família, podem, talvez, transformar para melhor o País e o mundo.

            Esperança tola influenciada pela época do ano? Ou será que a alegria de Natal realmente existe na Cidade? E, se existir, será capaz de se perpetuar por todos os demais dias? Quem sabe a prece que muitos farão nos templos ou em suas casas reavive os valores exaltados por Jesus. Quem sabe a vida seja mais respeitada. Quem sabe nos tornemos mais humanos. Afinal, a noite de Santos está clara pelas luzes do Natal!