terça-feira, 24 de abril de 2018

Luiz Felipe - 4 anos


                            Sobre piratas e felicidade



Como resistir ao seu rostinho sorridente, sua vozinha determinada e suas mãozinhas pegando as minhas e pedindo: “Vovó, vem brincar?” Como resistir a você, Luiz Felipe, na sua inocência de ainda ver a vida como sinônimo de uma grande brincadeira? Você chegou aos quatro anos pleno de graça, alegria e beleza.

            Você é o nosso Tite, que corre nas pontas dos pés de um jeito só seu, mais parecendo um passarinho pronto a levantar voo. Em seu rosto desenham-se os mais belos sentimentos, seu amor, sua felicidade, sua paixão por carrinhos e brinquedos. Atualmente, piratas & cia. são seus prediletos, mas McQueen, Hulk e outros personagens não ficam esquecidos.

            Mamãe é a presença marcante em sua vida e o seu amor por ela é incondicional. Claro que há momentos de carinho, de brincadeiras e também de “broncas”. Mas você, depois de chorar por causa de uma repreensão séria, causada por alguma “arte” sua, é capaz de perguntar com sua vozinha triste: “Mamãe, você ainda está triste comigo”? E ante a resposta afirmativa, acrescentar: “Muito ou só um pouquinho”? Tite, você é irresistível!

            Como você não tem muita consciência de sua força, vez ou outra acontecem pequenos “desastres”, como quebrar coisas e brinquedos. Seu irmão João Vitor, companheiro inseparável, não deixa por menos e revida quando a brincadeira vira “coisa de moleque”.  Ai, valendo-se de sua condição de menorzinho, você chora, reclama para a mamãe ou o papai, mas, no minuto seguinte, já está novamente empenhado em nova brincadeira com o João.

             Na escola, quem não conhece o Tite? Amigos, professores, diretores e funcionários parecem concordar que você é um sopro de alegria. Aquela sua carinha de quem sabe que está “aprontando” – e que inclui um lindo sorriso – é marca registrada. Gosta das atividades escolares e, quando brinca comigo de “ir pra escola”, fala muito compenetrado: “Agora, vamos fazer atividades”!

            Tem aulas de arte – produz lindas “obras” com palitinhos e outros materiais –, de inglês e capoeira. Ah, a capoeira! Não, você não gostava da capoeira. Recusava-se a fazer as aulas. Até que, ano passado, o irmão João participou da demonstração de encerramento da capoeira. Os professores chamaram o João, que jogou lindamente. E você, sentadinho na primeira fila, no colo da mamãe.

            Aí, você não resistiu. Levantou-se e entrou na roda, imitando os gestos dos capoeiristas e com um gingado de quem já faz isso há muito tempo. Depois, vieram as medalhas para as crianças que tinham mudado de cor de corda. E você esperando a sua vez. Como não chegava a sua medalha, você começou a reclamar. Chorou. Alto. A mamãe, sem ter o que fazer, perguntou se não podiam emprestar uma medalha. E não é que veio uma medalha só para você, com fita e tudo, que você colocou no pescoço todo orgulhoso e levou embora pra casa? Resultado: hoje temos dois entusiasmados capoeiristas na família: Tite e João. E não perdem as aulas de jeito nenhum!

            À natação, também vão juntos, ambos progredindo muito nas aulas. E você cada vez mais gosta da água, para nadar e para brincar. Faz o vovô Paulo levantar você dentro da piscina, “montado” no “macarrão”, gesto logo imitado pelo João Vitor. E vovô Paulo “reclama”: “Como estão pesados”!

            Praia é com vocês mesmo! Brincam na areia, na beirada e dentro d´água, rindo muito com vovó Janne e vovô Santi. Papai, com todo o carinho e paciência, inventa brincadeiras, “constrói” castelos e “pontes” de areia, em um relacionamento de carinho e cumplicidade sempre presente.

            Há poucos dias, uma surpresa: mamãe mandou para os vovós, via WhattsApp, um pequeno vídeo. Era você, Tite, escrevendo as primeiras letrinhas do seu nome. E agora, que o João já sabe escrever muitas palavras, você não deixa por menos: também vai buscar suas canetinhas e folhas de papel, para “escrever” e “desenhar carros” (claro!).

            Criativo, é capaz de contar uma história sobre piratas (como eu disse, sua predileção atual), com tantas idas e vindas, reviravoltas e detalhes, que surpreende. E tudo com as mãozinhas em movimento, ajudando a “compor” o cenário.

            É nesses momentos, observando o brilho e a pureza de seus olhos, as suas expressões, que os pensamentos desta vovó Ana voam ao Espírito Infinito, pedindo que você nunca deixe esquecidas, pelos caminhos da vida, essa alegria e essa confiança em alcançar seus objetivos. Que o amor da família e amigos, que hoje o rodeia, seja constante também no futuro, em suas lutas e conquistas. Afinal, boas histórias (à semelhança dos contos sobre piratas) têm sempre um final feliz!