Sobre piratas e felicidade
Como resistir ao seu rostinho
sorridente, sua vozinha determinada e suas mãozinhas pegando as minhas e
pedindo: “Vovó, vem brincar?” Como resistir a você, Luiz Felipe, na sua
inocência de ainda ver a vida como sinônimo de uma grande brincadeira? Você
chegou aos quatro anos pleno de graça, alegria e beleza.
Você é o nosso
Tite, que corre nas pontas dos pés de um jeito só seu, mais parecendo um
passarinho pronto a levantar voo. Em seu rosto desenham-se os mais belos
sentimentos, seu amor, sua felicidade, sua paixão por carrinhos e brinquedos.
Atualmente, piratas & cia. são seus prediletos, mas McQueen, Hulk e outros
personagens não ficam esquecidos.
Mamãe é a
presença marcante em sua vida e o seu amor por ela é incondicional. Claro que
há momentos de carinho, de brincadeiras e também de “broncas”. Mas você, depois
de chorar por causa de uma repreensão séria, causada por alguma “arte” sua, é
capaz de perguntar com sua vozinha triste: “Mamãe, você ainda está triste
comigo”? E ante a resposta afirmativa, acrescentar: “Muito ou só um pouquinho”?
Tite, você é irresistível!
Como você
não tem muita consciência de sua força, vez ou outra acontecem pequenos
“desastres”, como quebrar coisas e brinquedos. Seu irmão João Vitor,
companheiro inseparável, não deixa por menos e revida quando a brincadeira vira
“coisa de moleque”. Ai, valendo-se de
sua condição de menorzinho, você chora, reclama para a mamãe ou o papai, mas,
no minuto seguinte, já está novamente empenhado em nova brincadeira com o João.
Na escola, quem não conhece o Tite? Amigos,
professores, diretores e funcionários parecem concordar que você é um sopro de
alegria. Aquela sua carinha de quem sabe que está “aprontando” – e que inclui
um lindo sorriso – é marca registrada. Gosta das atividades escolares e, quando
brinca comigo de “ir pra escola”, fala muito compenetrado: “Agora, vamos fazer
atividades”!
Tem aulas de
arte – produz lindas “obras” com palitinhos e outros materiais –, de inglês e
capoeira. Ah, a capoeira! Não, você não gostava da capoeira. Recusava-se a fazer
as aulas. Até que, ano passado, o irmão João participou da demonstração de
encerramento da capoeira. Os professores chamaram o João, que jogou lindamente.
E você, sentadinho na primeira fila, no colo da mamãe.
Aí, você não
resistiu. Levantou-se e entrou na roda, imitando os gestos dos capoeiristas e
com um gingado de quem já faz isso há muito tempo. Depois, vieram as medalhas
para as crianças que tinham mudado de cor de corda. E você esperando a sua vez.
Como não chegava a sua medalha, você começou a reclamar. Chorou. Alto. A mamãe,
sem ter o que fazer, perguntou se não podiam emprestar uma medalha. E não é que
veio uma medalha só para você, com fita e tudo, que você colocou no pescoço
todo orgulhoso e levou embora pra casa? Resultado: hoje temos dois entusiasmados
capoeiristas na família: Tite e João. E não perdem as aulas de jeito nenhum!
À natação,
também vão juntos, ambos progredindo muito nas aulas. E você cada vez mais gosta
da água, para nadar e para brincar. Faz o vovô Paulo levantar você dentro da
piscina, “montado” no “macarrão”, gesto logo imitado pelo João Vitor. E vovô
Paulo “reclama”: “Como estão pesados”!
Praia é com
vocês mesmo! Brincam na areia, na beirada e dentro d´água, rindo muito com vovó
Janne e vovô Santi. Papai, com todo o carinho e paciência, inventa
brincadeiras, “constrói” castelos e “pontes” de areia, em um relacionamento de
carinho e cumplicidade sempre presente.
Há poucos
dias, uma surpresa: mamãe mandou para os vovós, via WhattsApp, um pequeno
vídeo. Era você, Tite, escrevendo as primeiras letrinhas do seu nome. E agora,
que o João já sabe escrever muitas palavras, você não deixa por menos: também
vai buscar suas canetinhas e folhas de papel, para “escrever” e “desenhar
carros” (claro!).
Criativo, é
capaz de contar uma história sobre piratas (como eu disse, sua predileção
atual), com tantas idas e vindas, reviravoltas e detalhes, que surpreende. E
tudo com as mãozinhas em movimento, ajudando a “compor” o cenário.
É nesses
momentos, observando o brilho e a pureza de seus olhos, as suas expressões, que
os pensamentos desta vovó Ana voam ao Espírito Infinito, pedindo que você nunca
deixe esquecidas, pelos caminhos da vida, essa alegria e essa confiança em
alcançar seus objetivos. Que o amor da família e amigos, que hoje o rodeia, seja
constante também no futuro, em suas lutas e conquistas. Afinal, boas histórias
(à semelhança dos contos sobre piratas) têm sempre um final feliz!