Olá. Aí vai artigo publicado no jornal “A Tribuna”, aqui de Santos, na seção “Tribuna Livre”, edição de domingo, dia 20/02. Aproveitei alguma coisa do blog e resumi meu pensamento a respeito do tema. Espero que gostem. E comentem, contra ou a favor. O importante é não deixar o assunto morrer.
Tirar a fantasia
antes que chova
“Não esperaremos as próximas chuvas para chorar as próximas vítimas”. Com essa frase de efeito, dita na primeira sessão legislativa do ano, do Congresso Nacional, a presidente Dilma Roussef não só resumiu sua disposição de ajudar a solucionar um dos mais graves problemas brasileiros, como descreveu o que a população espera da ação do Governo: não ficar apenas na frase de efeito. Se a disposição da presidente vai se concretizar ou não, só daqui a algum tempo saberemos.
Dilma alertou que nenhum país é imune às tragédias naturais, cabendo aos governos e populações se precaverem e agirem para evitar consequências irremediáveis. Enfim, se posicionou como deveria. Aguardemos, agora, as ações concretas. Mas, não nos esqueçamos de que vivemos
O excesso de chuva na região serrana do Rio de Janeiro, logo após as festas de fim de ano, provocou a catástrofe das enchentes, desabamentos, soterramentos, perda de vidas humanas e de bens materiais. E não foi só o Rio a sofrer; São Paulo e outros Estados passaram por situações semelhantes. De crianças a adultos e idosos, a natureza não poupou quem se atreveu a cruzar seu caminho. Quem pôde, ajudou de várias maneiras, com mantimentos, dinheiro, trabalho voluntário e até apoio psicológico. Os governantes também se apressaram a anunciar liberação de verbas e outras iniciativas.
Mas será que tudo isso não podia ser, se não totalmente evitado, pelo menos muito reduzido? Se todos sabemos que verão, no Brasil, é tempo muita chuva, não poderíamos manter um plano de prevenção e emergência?
Se estivéssemos atentos às previsões meteorológicas; se contássemos com estações e meteorologistas bem equipados; se não jogássemos lixo fora do lugar a ele destinado; se não tivéssemos expulsado a natureza de nossas encostas e morros para nelas erguermos casas e casebres; se tivéssemos planos eficientes de defesa civil; se verbas oficiais tivessem sido corretamente utilizadas; se não houvesse tanta demagogia e barganha de votos...
Para piorar, no meio da tragédia, apareceram "espertos" a desviar donativos; políticos mal intencionados; marginais roubando o que restara às vítimas. Lamentavelmente, hoje, ainda choramos mortos e contamos prejuízos. Mas, e depois? Aos poucos, outras notícias, outras tragédias irão tomando conta dos noticiários. Devagarzinho, novas casinhas irão surgindo no solo já seco das encostas desmoronadas; lentamente, bens materiais serão repostos, com suor e sacrifício; animais de estimação perdidos encontrarão novos donos; as crianças voltarão a brincar e sorrir, porque é de sua natureza; os pesadelos não serão mais tão recorrentes; os mortos não serão mais tão lamentados.
E a vida prosseguirá triunfante neste País tropical. Afinal, o Carnaval está chegando. Nem incêndios, nem apagões, nem inundações terão o poder de prejudicá-lo. Já é quase tempo de esquecer tudo e vestir a fantasia para cair no samba. Tomara que dê tempo de tirá-la antes que cheguem o próximo verão, as próximas chuvas e as novas tragédias.
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