Ah! os carrinhos de Serra Negra!
“Pokémon” e “Acelerados”. Se alguém
quiser chamar a atenção do garoto inteligente e esperto, é só falar uma dessas
palavras, que ele esquece o que estava fazendo ou dizendo para saber por
que elas entraram na conversa. É o João Vitor, meu neto, que –
inacreditavelmente para mim – chega hoje, dia 11, aos onze anos. A cada ano, a cada
aniversário do João ou do seu irmão Luiz Felipe, penso: mas já? Não são mais os
bebês rosados e chorões, nem as crianças pequenas com suas graças e birras. São
meninos alegres, que já começam a entender a vida e que continuam infinitamente
amados, como o foram desde o dia em que nasceram.
Você, João, apesar
de sua postura que muitas vezes já lembra um pré-adolescente, continua vivendo
sua infância, divertindo-se com brincadeiras que inventa e andando nos
carrinhos da praça de Serra Negra ao lado do Tite. Para provocar, vovô Paulo
diz: “Você está muito grande, João, não dá mais para ir no carrinho!” E você
nem liga: acomoda-se ao lado do Tite e vai dar as voltas na praça. É bem
verdade que a pessoa que empurra o carrinho tem que usar mais força, mas um
dia, em um trecho do caminho, você mesmo empurrou o carrinho com o Tite e um amiguinho
dentro. E divertiu-se tanto quanto eles!
Na casa da vovó Ana e vovô Paulo, ainda
brinca na banheira que seu irmão enche de espuma. Um dia, depois de afirmar,
todo sério, que preferia ver TV, não resistiu ao chamado do Tite: levantou-se
de repente do sofá, desligou a TV e foi pelo corredor em direção ao banheiro,
já tirando a camisa. Nem precisa dizer como a farra foi grande! Mas a televisão
continua com papel importante em seu lazer, principalmente quando os programas
têm carros como tema.
Um deles é
“Acelerados”, que mostra os mais variados tipos de pilotos – um em especial,
Rubinho Barrichello –, carros e corridas. Você se distrai e se empolga tanto,
que, certa vez, montou uma cabine de carro no sofá da vovó. O
câmbio era um cabo de vassoura; a direção, um prato de plástico; Tite era o
copiloto, também dirigindo com um prato de plástico. E o barulho que os
dois faziam, imitando os motores, estava muitos decibéis acima do que os
vizinhos gostariam...
Aliás, é dirigindo
com os pratos de plástico que você organiza corridas pela casa, entrando e
saindo dos cômodos do apartamento, fazendo curvas e, lógico, reproduzindo o
barulho de motores. Tite e eu somos os outros pilotos e eu, mesmo chegando
sempre em último lugar, sou estimulada a também imitar um motor de carro... E quando você está ao meu lado, no carro de
verdade, na garagem, não sossega enquanto eu não o deixo pegar um pouquinho na direção,
mesmo eu não tirando as mãos do volante.
Mas há um
jogo do qual você começou a gostar já há alguns anos e que, conforme você
cresce, prende ainda mais sua atenção. É o “Pokémon”, com seus personagens e
cartas coloridas, uma febre entre os garotos. Você sabe os nomes de
todos os personagens, conhece os movimentos, cenários e situações em que
acontecem a ação e as jogadas. Já lhe pedi algumas vezes para me explicar o “Pokémon”.
Mas, confesso, é muito complicado para mim!...
A paixão por construção e ambientação
mantém-se firme. E vovô Santi é constantemente requisitado para construir
maquetes de casas, prédios e supermercados, que depois você pinta e guarda com
todo o cuidado. Aliás, na casa da vovó Janne e vovô Santi, o Supermercado
Sachetto continua funcionando a pleno vapor, com você e Tite etiquetando
toda a despensa da vovó Janne – e quem disse que vovó se importa? – e colocando
os produtos “para vender”.
Também funciona a Escola Sachetto,
quando você copia, no tablet, provas de Português e Matemática que o papai
redige em casa, para ajudá-lo, e ao seu irmão, a estudarem. Tite e vovó Janne
são os alunos, você é o professor. Um dia, você veio me mostrar as provas
dando risada por causa de uma pergunta de Matemática cujo cenário era o
apartamento do vovô Paulo e vovó Ana e cujos personagens eram o vovô Paulo, os
pombos e os bem-te-vis que o atormentam, sujando a área descoberta do apartamento.
Quando foi comigo ao supermercado de
verdade, fez questão de escolher o biscoito do Tite – e outro para você, claro!
– e fez vários comentários sobre os preços dos produtos. Um verdadeiro economista!
Não me deixou carregar a cesta de compras, fazendo questão de levá-la até o
carro. Um gentleman!...
Como conhece bastante da web, até já ajudou
a baixar um aplicativo em meu celular. Liga para as vovós pelo Messenger, e
quer que digamos o que são as figuras que desenhou e que exibe na telinha do
celular. Na verdade, o desenho e a pintura continuam entre suas atividades
preferidas, resultando quase sempre em coloridas paisagens.
Atividades ao ar livre são
essenciais. Antes, você improvisava divertidos jogos de basquete com a personal
trainer e, agora, aprende esse esporte na escola. Também ao ar livre, gosta de
jogar queimada e verdadeiro ou falso, unindo o raciocínio ao exercício
físico. Continua muito bem na natação, atravessando a piscina nos vários
estilos, e ainda gosta de correr com o Tite e outras crianças, nas férias, na
praça de Serra Negra.
É lá, também, que confirma sua paixão
por carros, comprando, com o dinheiro da mesada, que economizou, as miniaturas
que, depois, vão ser empurradas pelos corredores do apartamento da vovó Ana, em
disputadíssimas corridas com os carrinhos do Tite. Claro que, no horário do
tablet, sua preferência são os jogos com carros de corrida, que faz questão que
eu acompanhe, me explicando os vários modelos e pedindo para eu escolher suas
cores.
Um dia, me mostrou no tablet um belo sedan:
“Vovó, esse é o modelo que você deve comprar”. E como um verdadeiro conhecedor,
acrescentou: “É bonito, econômico e não muito caro!” Tudo acompanhado por
gestos que ajudavam a explicar por que tinha escolhido esse carro para mim...
Outra paixão é a fotografia. Em
recente viagem a Holambra, fotografou todas as flores que pôde e depois fez
questão de me mostrar as fotos uma a uma. Editou várias imagens de Serra Negra,
acrescentando frases divertidas. E sempre que a vovó dizia “vamos tirar uma
foto”, se antecipava: “Eu tiro!” Foi assim que, de tema da fotografia, passou a
ser o fotógrafo.
Esse é você, João Vitor. Alegre,
divertido, algumas vezes emotivo, brincalhão. Mas não gosta muito que brinquem
com você. No carro, voltando da escola, você cutucou o Tite dizendo que
ele é muito popular na escola. Seu irmão retrucou: “Você é que é muito popular!”
Vovô Paulo ouviu e começou a brincar com os dois. E você, todo sério: “Não
gosto dessas brincadeiras!”
E assim você cresce, rodeado de muito
carinho. Tite é seu companheiro irrequieto e constante, que continua, muitas
vezes, copiando o irmão mais velho. Papai e mamãe continuam sinônimos de
segurança, apoio, orientação e broncas, quando necessário. São também
parceiros de brincadeiras e de inúmeros momentos de alegria. Papai é o amigão
que assiste com você, na TV, aos treinos de classificação e às corridas de
Fórmula 1. Os filmes são assistidos por todos juntos: mamãe, papai e Tite.
Mamãe cobra suas obrigações na escola, ajudando-o a ter um ótimo
rendimento nos estudos, o que deixa você orgulhoso.
Essa é a sua linda história, João
Vitor. Seu coração sincero, suas imitações divertidas, seu espírito
transparente, sua ingenuidade, sua criatividade, tudo contribui para fazer de
você uma (ainda) criança que atrai e distribui muito amor. Como quando você
organizou, junto com o Tite, um show de mágica para apresentar para os quatro
vovós e para os papais, após jantar em família na sua casa. Seu irmão era o assistente,
que rufava os tambores batendo no cesto de papéis do quarto, virado ao
contrário.
A cortina era feita de folhas de
papel, que o assistente levantava para o mágico aparecer, sentadinho em baixo
da bancada, usando chapéu de mágica e outros acessórios. Em sua adorável
ingenuidade, os truques eram apresentados como grandes mágicas, que exigiam a
participação da plateia, previamente arrumada em seus lugares pelo mágico
e seu assistente. No final, após os aplausos entusiasmados da plateia, o
mágico agradeceu, feliz e orgulhoso com os elogios. O assistente rufou os
tambores e a noite terminou realmente em clima de magia, principalmente
para os vovós, felizes com o carinho dos pequenos.
É por tudo isso que esta vovó Ana
traz você e seu irmão no coração. Que os Céus o protejam, João Vitor, e que
você continue firme a trilhar o caminho da luta, da perseverança e do trabalho,
mas também o da alegria, do êxito e, principalmente, do amor!