Batem relógios! Batem corações!
“Tum...tum...tum...tum!...Tum...tum...tum...tum...!” Você olha para mim, sorri e continua a
cantarolar alegremente, imitando as batidas do “relógio do vovô”. Depois,
silêncio, suspense: o relógio vai tocar de verdade, você quer ouvir, se
encantar com o toque-carrilhão. Marca as badaladas com seus dedinhos, e o som
termina.
Em
sua ingenuidade, que acredita ser a vovó capaz de satisfazer todos os seus
desejos, você pede: “mais lelógio”. E me dá aquele profundo olhar azul
brilhante, capaz de derreter as pedras, se elas tivessem coração. Mas, eu
tenho! Um coração que só quer ver o seu sorriso, a sua incontida alegria com
uma coisa tão simples quanto os toques de um relógio.
Então,
aviso: “Vamos correr para a sala, o outro relógio vai tocar”. Você sai correndo
alegremente na minha frente, e chegamos à sala a tempo de ouvir os solenes
toques do outro carrilhão. Você olha encantado. E eu, interiormente, agradeço
por ter dois “lelógios” em casa. Quando já me preparo para irmos brincar com
outra coisa, você diz: “mais lelógio”. E eu explico que vai demorar a tocar de
novo. “É...?” É, sim.” Você se conforma, mas logo voltamos para
perto do primeiro relógio, a esperar que
ele torne a tocar.
João
Vitor, você não imagina como são mágicos esses momentos, e os muitos outros que
vivencio com você! Nestes três anos de sua linda existência, as emoções foram
tantas e tão profundas, que é difícil colocá-las em palavras. Você cresce em
graça e inteligência, e eu cada vez mais agradeço ao Ser Maior esta alegria de
ser sua “vovó Ana”.
Sua personalidade começa
a se delinear com mais clareza, e nós todos – papais, vovós, amigos – nos
apaixonamos ainda mais por você. Sua vontade mais firme, suas surpreendentes
decisões, sua paixão por carros (de verdade e de brinquedo), seu encantador
”beicinho” quando contrariado, seu delicioso gosto pelo som e pelo ritmo, tudo
vai-se tornando mais marcante.
É você indo ao encontro da
vida, preparando-se lenta, mas seguramente, para o mundo. Você corre para perto
de seu irmãozinho quando ele chora, já tem inúmeras atividades na escola,
conhece os números e sabe contá-los (imagine!), entende quando os papais lhe
apontam o certo e o errado.
Mas, principalmente, você
sorri! De um modo tão especial e fascinante, que é impossível lhe resistir. É o
sorriso de um pequeno ser feliz. De alguém muito amado, que ainda ontem era um
lindo bebê recém-nascido e hoje é (continua!) um lindo menino de três anos. São
três incríveis anos que revolucionaram a nossa existência. Três anos em que
vivenciamos um amor que só os avós conhecem.
E, por ser um amor
correspondido, torna-se ainda mais poderoso. Capaz de afastar nuvens do claro
horizonte de sua vida, que, sabemos, será sempre pautada pela retidão e por sua
enorme capacidade de amar. Aquele mesmo amor que vejo em seus olhinhos, quando
você quer brincar e pega em minha mão, dizendo com simplicidade: “Vem, vovó!”