segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Contemplar a Força Maior

Esse pequeno texto foi escrito para ser lido em uma reunião de cunho humanista e espiritualista. Talvez vocês gostem.

A face de Deus

Algumas filosofias de vida afirmam que devemos contemplar Deus em cada um de nossos semelhantes. Não é fácil. Mas possível. Fácil é contemplar Deus no rosto de um bebê, no olhar de nosso filho, no abraço de nossos pais ou irmãos, no carinho dos amigos, até no sorriso do balconista.

Difícil é ver Deus na face da mãe desesperada que não tem como matar a fome do filho, na revolta do pai que perdeu sua criança para a violência, nas feições desfiguradas do doente, nos olhos tristes e acusadores da criança e do idoso abandonados, na expressão ausente ou violenta do drogado, na cobiça do corrupto, na ira do criminoso.

Sim, é muito difícil, vai contra a nossa natureza. Mas não nos esqueçamos de que estamos em uma escola. O mundo é uma imensa sala de aula onde, a cada dia, a cada momento, devemos aprender a melhorar. É a inevitável (ainda bem!) evolução.

Não nos esqueçamos do sábio conselho que afirma não ser nosso semelhante nem amigo, nem inimigo, apenas nosso mestre. E lembremo-nos de antigo profeta, que disse ser necessário buscar Deus de todo o nosso coração, para podermos encontrá-LO.

Aí está a chave do possível: a compreensão de que cada ser humano é único, tem sua história, seus motivos, seu passado, seu presente. Se buscarmos a Força Maior do fundo do nosso coração, será mais fácil entender que até o crime e a tristeza vivem em seres semelhantes a nós. Um dia – esperamos – tanto um quanto outro serão dominados. E, finalmente, contemplaremos essa Força Maior em todo o gênero humano.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mês de setembro

Este pequeno artigo foi publicado no último dia 5, no “Jornal da Baixada”, coluna “Alto Astral”, a convite de seu titular, Durval Capp Filho. Escrevi-o para colocar um pouco de cor em nossas vidas...

 

                                     Feriados e flores

                                                                  

 

         Independência do Brasil, N.S. do Monte Serrat, Primavera. O mês de setembro é mesmo pródigo em alegrias. Um verdadeiro “alto astral”, sem trocadilhos. Afinal, como não ficarmos contentes com a lembrança de nosso País conquistando sua Independência sem guerras trágicas, como aconteceu com tantos outros? E como não nos alegrarmos com a visão do Monte Serrat e da Padroeira de Santos, cidade que, apesar dos problemas, continua maravilhosa, assim como toda a nossa Baixada?

         Melhor ainda: quem não fica feliz com feriados?  Muita gente reclama que a economia do País é prejudicada por eles, mas que esses dias de descanso e lazer são sempre bem-vindos, isso não há dúvidas. Portanto, é tempo de nos alegrarmos. Deixemos tristezas, preocupações e dúvidas para trás.

         Vamos esperar pela Primavera vestindo nossas almas a caráter: com flores, muitas e coloridas. Difícil? Sem dúvida. A vida não nos estende um tapete forrado desses magníficos adornos da natureza. É preciso garimpar para encontrar os mais raros e belos exemplares de flores. Mas, quando os encontramos, seu perfume e beleza nos fazem esquecer as dificuldades do caminho. É por isso que vale a pena viver a Primavera!

Dia da Independência

Este texto foi publicado na seção “Tribuna Livre”, do jornal “A Tribuna”, de Santos, no último 7 de setembro.Vejam se não tenho razão no que escrevi.

                            

                                     Para gritar Independência

                                                                

         No dia em que o Brasil nasceu como nação independente, nenhum dos envolvidos nos acontecimentos que culminaram no ato de Pedro I poderia imaginar que 188 anos depois, esta Nação estaria tão subjugada. E não se trata de situação política ou financeira, embora também nesses aspectos ainda falte muito para sermos realmente independentes.

         O que dói é ver este País refém da violência que se manifesta das mais dolorosas maneiras, das metrópoles aos vilarejos, entre ricos e pobres, escancarada ou escamoteada sob aparência de normalidade. Apresenta-se sob tantas e tão variadas aparências, que mais parece um camaleão, sempre pronta a se camuflar. Mas, qual a sua origem? Inata no ser humano, convive com a bondade. Cabe a cada um decidir qual delas vai prevalecer.

          E, aí, entram em cena também as circunstâncias, as motivações. Ao declarar o Brasil livre do colonizador, Pedro I teve seus motivos. Mas, impulsivo ou não, foi um ato sem violência, uma Independência sem grandes guerras, apenas com poucas resistências em algumas regiões. As circunstâncias levaram a isso. E hoje, o que gera a violência que nos oprime?

         Sem dúvida, as drogas, o tráfico e a corrupção. São esses os nossos algozes, que nos mantêm aprisionados, que nos manipulam, nos oprimem. Ou alguém duvida do poder do tráfico e do rastro de violência que é capaz de traçar? Do jovem carente aliciado em sua comunidade ao usuário rico cada dia mais dependente, as correntes são enormes e pesadas. A elas estamos todos presos, escondidos em nossas casas sem nos arriscarmos nas ruas. Tentamos nos defender, mas a violência-filha-da-droga tem mão pesada, seus grilhões são fortes.

         Não somos independentes, mas dependentes, ainda que não usuários. Dependemos das circunstâncias, da sorte de não nos depararmos com um assaltante ou um assassino. De não termos nossas casas invadidas por eles. De não nos encontrarmos na trajetória de uma bala perdida.

         Mas, para sobreviver e tornar-se cada vez mais potente, o tráfico de drogas precisa se alimentar. De corrupção. Aí está a verdadeira tirana, que seduz tantos, dos pequenos aos mais altos níveis, de homens e mulheres simples a dirigentes entrincheirados no poder. Corrompidos, eles prestam reverências e tributos ao tráfico, estendendo tapetes vermelhos para que amplie sua trágica trajetória.

         Assim, as correntes nos apertam cada vez mais. Motivadas pela droga e aproveitando-se das circunstâncias da corrupção, nos mantêm sob o domínio da violência. É medo que gera caos. Somos prisioneiros de nossa própria incapacidade de lutar contra a corrupção.

         Não adianta reclamarmos. Os escravos também reclamavam, mas nada podiam alterar em suas miseráveis vidas. Talvez nós possamos. Quem sabe, aproveitar a oportunidade das eleições que se avizinham para desmascarar corruptores e corruptos, expulsando-os definitivamente do poder.

         Já demos um pequeno passo com o Ficha Limpa. Vamos mais à frente. Demagogos, pequenos e grandes aproveitadores, responsáveis pelo circo com o qual se quer iludir o povo, todos precisam ser banidos da vida pública. Seria o nosso Grito da Independência. Um golpe contra a violência nos moldes de Pedro I. Não às margens do Ipiranga, mas às margens da responsabilidade. Não com a opção da morte, só a da vida. O que, com certeza, deixaria nosso primeiro imperador muito orgulhoso.     

        

             

      

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Que vergonha!

Curta e rápida: o que leva um órgão de imprensa e um site estatais, de um país cruel em sua política voltada às mulheres, a chamar a primeira-dama de outro país de prostituta? Uma total falta de respeito de um governo ditatorial, que se posiciona como a palmatória do mundo. Ora, pois é a esse país que nosso presidente quer nos manter ligados, amigos, apoiadores de suas pretensões atômicas.
É isso mesmo: dando nomes aos bois, o país ditatorial é o Irã, presidido por Mahmoud Ahmadinejad, "reeleito" para a presidência em eleições sob suspeitas internacionais de fraude. A primeira-dama insultada é Carla Bruni, esposa do presidente francês Nicolas Sarkozy, chamada pelos iranianos de "prostituta italiana", que "merecia a morte" (que palavras "elegantes" e "compreensivas" !.....)
O motivo do insulto a Carla Bruni ( e a outras figuras francesas) foi o fato de terem assinado uma petição pela liberdade de Sakineh Mohammasdi-Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento no Irã, por suposta infidelidade ao marido, de acordo com as "bondosas" leis religiosas vigentes naquele país.
Quanto ao nosso presidente, não preciso esclarecer. Ele quer porque quer aproximação com o Irã, pouco se importando com o tratamento dado às mulheres e às minorias nesse país do Oriente Médio, antes conhecido como Pérsia, de riquíssima história e cultura e que não merecia viver sob esse regime teocrático. Para Lula, não importam os sonhos atômicos do Irã, nem suas constantes provocações ao Ocidente, nem o flagrante desrespeito aos direitos humanos. Muito mais por motivos políticos do que comerciais, nosso presidente quer e pronto.
Sinceramente, neste caso, dá vergonha de ser brasileira!