Difícil descrever minha revolta contra a falta de educação e de nível que toma conta da Web. É triste ver o que pensa e diz nosso povo! No dia da eleição, foi demais! Por isso escrevi este artigo, que foi publicado hoje, dia 9, na “Tribuna Livre” do jornal “A Tribuna”, de Santos.
Briga de rua na Internet
Já bem próximo do anúncio oficial da candidata vencedora das eleições para presidente da República, ligo o computador e começo a ler as notícias. Números da apuração em todo o Brasil e nos Estados; fotos de políticos votando ou dando declarações; eleitores idosos ou com problemas de locomoção dando testemunho de cidadania e fazendo o impossível para chegar aos locais de votação; casos curiosos ocorridos durante todo o domingo, neste país continental.
Nada muito diferente do clima de todas as eleições, até eu me aventurar pelas Redes Sociais e pelos comentários de internautas às notícias exibidas na tela. Que decepção! Aquilo de que eu há muito vinha desconfiando confirma-se plenamente: vão ser necessários muitos anos para que nosso povo adquira educação e cultura.
O nível dos comentários e das discussões é tão agressivo e ofensivo que mais parece briga de rua entre bêbados. Tanto eleitores de candidatos vitoriosos quanto os de candidatos perdedores externam suas idéias com fúria e desprezo pelos oponentes. Ninguém pensa, nem por instantes, que está debatendo (?) política, uma atividade das mais nobres do ser humano.
E todos vão colocando para fora frustrações pessoais, preconceitos – quem disse que não há neste País? –, mágoas, impotência. Tudo muito pior do que os fanáticos torcedores de futebol, que se digladiam via Internet como se suas vidas ou a sobrevivência de suas famílias dependessem do resultado de uma partida ou da classificação de seu time favorito.
Em qualquer discussão entre internautas, seja lá sobre que assunto for, a regra é o baixíssimo nível; a exceção, alguém lúcido, com palavras de bom senso. Nas eleições, não poderia ser diferente. Ainda mais depois do péssimo exemplo dado por alguns políticos e seus marqueteiros: na ânsia de conseguir votos, vale tudo, inclusive desmoralizar o adversário.
Na Web, a ignorância tem sentido literal – basta ler o que se escreve – e figurado, já que poucos entendem que somente a troca de idéias pode gerar algum progresso. Raros sabem defender pontos de vista com firmeza e educação. Imperam os ataques, muitas vezes, pessoais.
Esse panorama desolador, que reflete a realidade de uma sociedade sem valores humanos ou espirituais, exige um esforço extraordinário, se quisermos começar a melhorá-lo. De nada adianta mudar governantes e políticos, se as deficiências materiais e culturais, especialmente entre os jovens, continuarem as mesmas. É urgente uma ação conjunta, oficial, de ONGs, de associações particulares. É preciso seduzir nosso povo para a educação e cultura, além de oferecer melhores condições de vida aos núcleos familiares.
Caso contrário, estaremos contribuindo para que a revolta continue amargurando grande parte de nossa população. Estaremos jogando nossos jovens no colo da violência. Continuaremos tendo, na Internet, manifestações grosseiras, que mal escondem o ódio. O mesmo ódio que se materializa depois nas ruas, em vandalismo, assaltos, direção irresponsável de veículos, bebidas e drogas. De políticos e governantes, eleitos ou derrotados, cobremos ações corajosas, firmes e honestas. Para que encurtemos o tempo de espera por uma Internet onde se expressem pessoas de caráter digno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário