quinta-feira, 14 de março de 2024

Armando Sendin

 Publicada em 14/03/2024 , na Tribuna Livre do jornal A Tribuna 

  

            Um tesouro em exposição


 Foi na época em que Santos fervilhava na área cultural, com festivais de teatro, grupos musicais e compositores eruditos e populares, literatura acadêmica e moderna, apresentações de concertistas e atores, shows de cantores e humoristas, todos nomes de destaque local, nacional e até internacional. Era arte de nível, em muitos casos, de ótimo nível. Valores locais e de fora movimentavam a área cultural e projetavam Santos no Brasil e exterior.

As artes visuais não ficavam fora dessa valorização cultural, com exposições coletivas e individuais se sucedendo, exibindo trabalhos das mais diversas tendências, influenciados por várias vertentes, do tradicionalismo ao modernismo, cubismo e dadaísmo, entre outras, mas, principalmente, pelo modernismo “brasileiro”, construído a partir da Semana de 22.

Foi nesse período de agitação cultural, décadas de 60 a 90, que o jovem Armando Sendin, professor, escultor, gravador e ceramista, já então um nome de projeção internacional, escolheu Santos para morar com sua esposa Sita, também artista plástica. A partir daqui, seu trabalho, que já havia ganhado o mundo, percorreu todo o Brasil e os mais diversos países, em mostras individuais e em prestigiados salões internacionais, conquistando os mais importantes prêmios.

São óleos, que incluem figuras em atividades do dia a dia ou no lazer, permeadas por leveza e transparência, em uma harmonia de cores que impressiona. E o mar, a grande inspiração, está muito presente, ajudando a compor um trabalho único, invariavelmente bem aceito pelo público e aplaudido pela crítica. Seu realismo não exclui o impressionismo, transformando sua produção em obra bastante pessoal.

Sua forte ligação com Santos fez com que escolhesse a Cidade para abrigar parte de seu acervo e assim, na noite de 7 de outubro de 2014, com a Pinacoteca Benedicto Calixto transbordando de amigos e admiradores, ele oficializou a doação à instituição de 127 quadros e 51 cerâmicas – outra técnica que dominava como poucos.

Pois é parte desse precioso acervo que poderá ser conhecida ou revista pelo público no Espaço Armando Sendin, nova ala especialmente criada na Pinacoteca para exposição permanente das obras do artista. Uma iniciativa inteligente da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, que “abre o cofre” para expor um tesouro à visitação de santistas e turistas.

É mais uma homenagem ao artista que manteve sua ligação com Santos mesmo após mudar-se para Marbella, na Espanha, onde faleceu em 29 de julho de 2020, aos 92 anos, deixando obras expostas nas mais importantes coleções e em museus brasileiros e no exterior, em países como Espanha e Estados Unidos.

E é também uma homenagem à pessoa de Armando Sendin, homem simples, cavalheiro e cordial, que ajudou a projetar Santos nas artes plásticas internacionais. Lembrança de um tempo em que a arte santista alcançou um de seus mais altos níveis e produção cultural que muitas vezes se igualou às metrópoles!    

  

   

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário