segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Carnavais passados

No domingo de Carnaval, meu amigo Durval Capp Filho publicou um texto com algum saudosismo, referente a Carnavais passados. Foi na coluna “Alto Astral”, que ele assina no “Jornal da Baixada” e que já se firmou como um dos melhores registros do movimento social da região da Baixada. Aqui vai, para vocês, o texto que escrevi a pedido do Durval.

“Máscara Negra”

“Quanto riso, oh! Quanta alegria...” Está de volta o tempo do riso e da alegria. É Carnaval, melhor esquecer o que de ruim ficou para trás e mergulhar na magia do som, das cores, das luzes, do confete e serpentina... Ops! Confete e serpentina? Ficaram muito velhos. Estão ultrapassados. Agora, só bombinhas de água e talco, com que os mal-educados insistem em irritar os demais.

Ou talco e água também estão ultrapassados? Ah! Tem aquelas cornetas e buzinas ensurdecedoras que não faltam nas casas de vizinhos chatos a cada Carnaval. Imagine este ano de Copa do Mundo! E tem que ter cuidado com brigas entre bêbados e drogados, com ladrões sempre a postos e com todas as armadilhas de que pode ser vítima o incauto folião.

Mas nem sempre foi assim. O riso e a alegria de que fala o antigo sucesso de Carnaval existiram sim, nos tradicionais bailes dos clubes, nos corsos, nos desfiles de blocos. E tinha confete, serpentina, lança-perfume, paquera (na época, chamava-se flerte), muita água, refrigerante e cerveja. Claro que sempre alguém tentava roubar a mulher do próximo ou algum descontrolado exagerava na bebida alcoólica ou se punha a cheirar lança-perfume.

E, aí, estava formada a confusão, com brigas, socos, vaias e polícia. Mas que tinha riso e alegria, isso tinha! As fantasias de crianças e adultos ajudavam a lembrar que era Carnaval e o povo voltava a ser feliz. Eram “mais de mil palhaços no salão” e nas ruas. E não eram palhaços de narizes postiços a protestar, como hoje. Eram palhaços fantasiados, tentando recriar a ingênua alegria do circo.

Os Arlequins choravam “pelo amor das Colombinas”, mas nenhum pensava em assassinar o objeto de seu amor, por ter sido desprezado por ele. E “no meio da multidão”, era bom para o Pierrot “ver outra vez” um amor do Carnaval passado, que ele havia abraçado e beijado. Ele pedia para ela “não levar a mal”, pois na “mesma máscara negra que encobria seu rosto”, ia matar a saudade e beijá-la.

Não era um Pierrot deste tempo atual, delicadamente avisando que ia beijar a máscara negra que ela usava. E nem ela vestia um provocante microbiquíni rebordado de cristais swarovski. Naquela época, beijar a “Máscara Negra” (de autoria de Zé Kéti e Pereira Matos) era uma ousadia. Mas, afinal, anunciava o alegre Pierrot, “hoje é Carnaval!”

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