sábado, 12 de setembro de 2009

Políticos

De vez em quando, é bom externar um pouco de nossa indignação...

Respeito, sem sapatadas

Recebi e-mail agressivo: se você encontrar algum político, dizia, vire o rosto, mude de calçada e cuspa no chão. Só faltou sugerir que atirasse um sapato no objeto de meu desprezo, à maneira do que fez o jornalista iraquiano contra Bush. Opa! “Meu” desprezo, não. Desprezo de quem redigiu, produziu e repassou o e-mail. Alguém profundamente desiludido e revoltado contra políticos de todas as esferas e matizes.

Após a primeira leitura, achei a mensagem inútil e de mau gosto. Violenta, até. Afinal, não se pode colocar todos os políticos no mesmo saco, não se pode condenar sem provas etc. etc. etc... Meu velho otimismo já se insinuava, certo de que triunfaria, quando uma notícia na TV me chamou a atenção: novo escândalo financeiro explodia envolvendo legisladores.

Foi impossível deixar de considerar todas as acusações e comprovações de corrupção nas várias áreas do Poder, ignorar a lama cada dia mais caudalosa serpenteando entre elas. Voltei a ler o e-mail antipolíticos, perdido entre conselhos sobre a melhor forma de encarar a vida, a velhice, sugestões de autoajuda, anjinhos da fortuna, correntes e mil outras mensagens inúteis.

Comecei a achar que o sujeito que queria cuspir no chão quando avistasse algum político, até que tinha alguma razão. Revi imagens de gente miserável tornada ainda mais miserável pela fúria da natureza, sem contar com nenhuma ajuda dos governantes. Crianças em arremedos de escolas; pais sem perspectivas chafurdando em álcool e drogas; mal pagos professores, médicos, policiais e outros profissionais indispensáveis à dignidade de um povo.

Pensei na cara-de-pau, na vida boa dos políticos e em sua habilidade mágica de desviar as sagradas verbas destinadas a melhorar estradas, financiar pesquisas científicas, salvar vidas, ajudar todas as camadas da população. Passei a considerar seriamente os sapatos, ainda que simbólicos, que todos deveríamos atirar em direção aos políticos. E em formas criativas de exigir deles respeito, no mínimo.

Um resto de bom senso (ou de otimismo?) me advertiu: há, sim, entre políticos de todas as áreas, gente digna, honesta, que trabalha bem. Em vez de sapatos e cusparadas no chão, deveríamos aplaudi-los e reelegê-los. Difícil, mesmo, especialmente quando atuam longe de nossas cidades, é identificá-los!

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