Este artigo foi escrito na noite de 13 de junho deste 2009, horas depois da morte de Luiz Hamen, artista plástico que deixou seu nome em destaque na cultura santista e brasileira.
Na arte, a busca da vida
A mãe era espanhola; o pai, holandês. Ele, santista nascido na Rua Comendador Alfaia Rodrigues, herdou pele e olhos claros e um quê europeu, que o mantinha em busca de novas técnicas com que pudesse expressar a sua arte. E como europeus que enfrentaram mares e lendas para chegar ao Novo Mundo, ele mergulhou profundamente em sua alma para tentar alcançar a plenitude da arte e o sentido maior da existência.
Luiz Hamen sabia que o seu ciclo estava terminando. Nem por isso se aquietou. Nos últimos anos, manteve-se dedicado, como na maior parte de sua vida, à pintura, gravura, escultura, artesanato e aos estudos místicos. Os que com ele conviveram jamais esquecerão o sorriso que iluminava seu rosto enquanto conversava, seu interesse pelas pessoas, sua vontade de apoiar novos talentos.
Os que conheceram sua arte têm certeza de que prêmios conquistados e opiniões elogiosas de críticos consagrados são resultado de inspiração e dedicação. Uma arte que permanecerá.
Luiz Hamen foi mais um santista a aceitar o desafio e se destacar no difícil panorama das artes visuais.
Apesar de ter obras em coleções e galerias de todo o Brasil, poderia ter buscado um maior reconhecimento, o que certamente teria conseguido. Mas era tranquilo demais para gastar energias em combates que considerava inúteis. Em sua casa-atelier, na Praia de Paranapuã,
Ali vivia o ex-funcionário da Companhia Docas de Santos que, na década de 50, passou a se dedicar às artes visuais e nunca mais as abandonou. Naquele recanto integrado à natureza, criava, estudava e tinha paz. Em 2007, chegou a anunciar sua mudança para o Espírito Santo, onde pretendia se integrar a uma comunidade ligada ao xamanismo.
Mas a mudança não se concretizou e Hamen viveu seus últimos anos na região onde nasceu. Aqui, ficaram seu talento, sua criatividade e sua arte. Com ele, foram seu sorriso, sua tranquilidade e sua busca constante. No nome Luiz Hamen, permanece a força disfarçada de suavidade.
Um comentário:
Ana
Você fez uma descrição precisa e justa da personalidade do Luiz Hamen que conheci ao longo de 33 anos.
Dá para sentir que você falou com o coração.
Realmente ele tinha uma missão natural de, através da arte e de suas palavras despertar nas pessoas o interesse pela expansão da consciência, através de encontrar o ser verdadeiro. A única coisa que vale realmente como passageiros que somos com este corpo por este planeta.
Com afeto .. Luara
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