E a iluminação da orla?
Publicado na seção Tribuna Livre, do jornal A Tribuna, em 18 de dezembro de 2022
Em dezembro de 1987, a jornalista e aplaudida
cronista Lydia Federici, cuja coluna “Gente e Coisas da Cidade” bombava diariamente
nas páginas de “A Tribuna”, viu sua Árvore de Natal Solidária ser acesa nos
jardins da Praia do Boqueirão. Projeto idealizado por ela, consistia em erguer
uma Árvore de Natal, repleta de luzes, para incrementar a iluminação da orla e,
paralelamente, ajudar as casas de caridade de Santos.
Ao redor de
um dos postes dos jardins, a Prefeitura ergueu uma alta estrutura, com fios em forma
de uma Árvore de Natal. Nesses fios, mais de mil lâmpadas coloridas aguardavam
que moradores e turistas as comprassem para serem acesas. Sucesso
absoluto, todas as lâmpadas foram vendidas em uma semana, e a Árvore de
Natal de Santos, totalmente iluminada e colorida, podia ser vista à distância, transformando-se
em um marco no turismo e na benemerência santistas.
A Árvore de
Lydia voltou a ser sucesso em anos seguintes e, já após o falecimento da
jornalista, em 1994, houve a Campanha Santos Nossa Luz, inspirada na campanha
anterior e promovida pelo Fundo Social de Solidariedade. A Cidade – e especialmente
a orla – brilhava com inúmeras Árvores estilizadas espalhadas pelos jardins,
que tinham suas lâmpadas adquiridas pela população e visitantes, garantindo
sua finalidade benemerente.
Em anos seguintes, a iluminação
natalina dos jardins da orla santista continuou a tradição, sempre de forma
criativa, com esculturas com lâmpadas de led coloridas, como as que
reproduziam símbolos da Cidade, entre eles as muretas da Ponta da Praia e os
números dos canais enfeitando a noite e orientando os turistas.
Até que chegaram os dias e noites
sombrios da pandemia, e as luzes se apagaram. Sem a iluminação da orla e sem os
fogos da virada do ano, a tristeza era tão grande, que se tornava palpável.
Mas, aos poucos, a vida foi retornando. Este ano, as cidades voltaram a
enfeitar seus marcos e pontos tradicionais para o Natal, desde as capitais
internacionais até as pequenas cidades do interior.
Ah, sim! Santos também se iluminou. Por
iniciativa de particulares, nos condomínios e residências; por conta da Poder
Municipal, no Centro da Cidade, em frente à Prefeitura; no bondinho que se
arrasta pelos velhos trilhos; e com grandes Árvores de Natal em pontos esporádicos.
Só que Santos é uma Cidade turística.
Não é a orla que os visitantes mais procuram? Não é lá que haverá fogos na
virada do ano? Então, por que a ridícula iluminação com lâmpadas brancas à
volta de alguns troncos de árvores e mais nada? Se faltou material, não teria
sido mais digno não colocar nada?
Ah, Lydia, passados tantos anos,
parece que nada ficou de sua criatividade e entusiasmo! Bom seria se as
gerações mais novas fossem mais humildes para aprender a gerar beleza, recursos
e solidariedade para esta Cidade, que clama por ser iluminada e brilhar!
Um comentário:
Muito bem, Aninha. Concordo com você e torço para que nossas autoridades reflitam sobre isso.
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