Meu “netinho” adolescente
Quando eu o vi, garboso, na pele de
um personagem em uniforme militar, não podia acreditar que era você, João Vitor.
A mamãe pesquisou na internet para compor o figurino que você usou e depois
postou no grupo de WhatsApp da família sua cena em inglês, no teatro da escola
– que, por sinal, ganhou em primeiro lugar – e você estava tão convincente no
papel, tão adulto, que eu até me assustei: mas este é o meu netinho?!...
Todo mundo
sabe que avós olham para os netos, durante toda a vida, como seus pequeninos
queridos. Comigo não é diferente. Sei que você cresceu, que está na
adolescência, mas não consigo deixar de ver neste jovem que me abraça e que
está completando 14 anos, o bebê, a criança sapeca, os primeiros dias de
escola, o estudante às voltas com as lições e o garotão no meio dos muitos
amigos.
Suas
atitudes, seus gestos já deixam transparecer como será o adulto. Mas os traços
da meninice ainda perduram. E como seria bom se essa visão mais leve e alegre
da vida o acompanhasse para sempre! Papai e mamãe dão-lhe a retaguarda para uma
vida responsável, mas feliz. Há momentos bons e outros, nem tanto, e você
consegue encontrar o caminho certo. O amor deles se manifesta na orientação e
carinho do papai, na preocupação e nos abraços e beijos da mamãe e também nas
broncas quando necessárias.
Esse alegre ambiente familiar é
completado com as brincadeiras, provocações e abraços do Luiz Felipe. Tite é
companheiro de todos os momentos, aquele irmão muito presente e, quando
preciso, solidário. Vovós Ana, Paulo, Janne e Santiago têm sempre você e seu
irmão no pensamento, acompanhando seu crescimento.
Você continua bem na escola,
participando das muitas atividades, mas agora o ping-pong foi elevado ao status
de tênis de mesa. Você se dedica a esse esporte na escola e no clube, ao qual
vovós Janne e Santi são encarregados de levá-lo. Se deixarem, fica horas
assistindo na TV a partidas de nomes famosos do tênis de mesa, prestando
atenção nas dicas que eles dão.
Não perdeu o prazer de arrumar uma
bonita mesa de refeições, mas também sabe ser prático. Um dia em que fui dormir
em sua casa, me ajudou a arrumar a mesa do café da manhã, pegando louça e
talheres com rapidez, comprovando que continua ligado nas coisas de casa.
Depois, a caminho da escola, junto com o Tite, recolheu algumas flores de
árvores, caídas no chão. Foi quando me lembrei de você pequeno, em São Paulo,
também recolhendo flores do chão a caminho da escola. Escolhia as que ainda
estavam bonitas e as dava para mim. Desta vez, não fui eu quem ganhou as
florzinhas. Elas foram para dentro de sua mochila, talvez destinadas a uma
colega em especial...
Você continua brincalhão e, quando se
junta com vovô Paulo, provocando-o com alguns cutucões, dá muita risada porque
vovô retruca, e ambos se divertem. Um dia, durante almoço na casa da vovó
Janne, vovô Paulo estava tomando cerveja e você pediu batata frita. Vovô, para
brincar, disse: “Batata engorda!” E você respondeu na hora: “E cerveja não
engorda, não?!”
Há pouco tempo, veio almoçar na casa
da vovó Ana, com mamãe e Tite. Você foi o primeiro a sair do elevador. Tite e
mamãe vinham atrás, e todos falaram “Oi!”. Notei um tom mais grave no seu “Oi!”
e pedi para que repetisse. Foi quando mamãe começou a rir e explicou: “Ele está
mudando a voz!” Na hora de ir embora, dei “tchau” forçando a voz para um tom
mais baixo e você ficou sem graça. Mas logo começou a rir junto com todos e na
semana seguinte, quando chegou, não se esqueceu de dizer “Oi!” acentuando o
grave, para fazer graça.
Mas é quando você faz questão de ser
gentil que se revela mais seu amadurecimento. No aniversário do Tite, fomos
todos comemorar no Hotel Fazenda Mazzaropi. Como você chegou antes, junto com
mamãe, papai e o aniversariante, ficou esperando na entrada da recepção os
vovós chegarem. E ajudou muito! Pegou minha mala mais pesada para levar para o
chalé, entrou no quarto junto comigo e vovô Paulo para explicar como funcionava
a TV, para regular o ar condicionado e mostrar onde ficavam objetos de apoio
para os hóspedes. Depois foi no chalé dos vovós Janne e Santi e repetiu o mesmo
ritual! Um gentleman!
Mas o gentleman dava lugar ao garoto,
quando não sossegava querendo andar de bicicleta de dois lugares com vovó
Janne. Você dirigindo, claro! Depois, até me convenceu a também andar com você
na bicicleta. Na correnteza que serpenteia pelo parque, convenceu-me também e
me ajudou a subir em uma boia. Depois, ia empurrando a boia na correnteza e
perguntando: “Tudo bem, vovó?” Que delícia! Momentos inesquecíveis!
No boliche, ficou meio bravo no
início porque não conseguia fazer muitos pontos. Mas logo pegou o jeito e até strike
fez, o que o deixou todo prosa! A paixão pela fotografia aflorou na noite da
Festa Junina, com quadrilha e fogos. Dançou a quadrilha com a família – foi par
da vovó Janne – e juntou-se ao vovô Santi para fazer muitas fotos, inclusive
com filtro. Deixou vovós Ana e Paulo mais bonitos e registrou belos momentos da
noite.
Aliás, seu lado fotógrafo-cineasta revela-se
nas mais variadas situações, como na Feira Literária – FliS, realizada pela
Academia Santista de Letras, no Parque Balneário Hotel. Na ocasião, vovô Santi
lançou novo livro de poemas, Dialogando com o Tempo, e você registrou,
com muita sensibilidade, momentos preciosos, como vovô autografando exemplares
dos livros, a família presente, os amigos e pessoas que adquiriram a obra.
Sobre carros, você sabe tudo, e há
poucos dias me explicou a diferença entre um motor aspirado e um motor turbo.
Em detalhes!... No começo deste semestre, tanto insistiu que vovô Paulo trocou
de carro, comprando o que você queria. Foram juntos ver o Virtus e pronto: vovô
se decidiu por esse modelo. Na concessionária, você deu aula para os
vendedores, explicando-lhes detalhes do carro que nem eles sabiam!...
Nas férias, viajou com a família para
Paris e Londres, com passagens por Nice e Mônaco. Visitou os principais pontos
turísticos das duas grandes capitais europeias, como o Louvre, Versalhes, Torre
de Londres, faixa dos Beatles, sem esquecer a Disney de Paris. Relaxou na praia
de Nice e adorou Mônaco, onde – claro! –
visitou o tradicional circuito de Fórmula 1.
Mas a viagem foi feita em um período
em que Paris sofria com calor excessivo. Você é calorento e não gostou nem um
pouco da temperatura da capital francesa. Quando finalmente chegou em Londres, desabafou
no grupo de WhatsApp da família: “Finalmente, um clima decente!” Carregar a
mala também não foi tarefa agradável. Quando via que tinha que pegar o trem
para se deslocar, pensava na mala e um dia perguntou com muita espontaneidade:
“E para esse lugar não tem Uber?!”
Esse é você, João Vitor. Muito jovem
ainda, mas já conhecendo as alegrias e preocupações do amadurecimento.
Brincalhão, amoroso, meio bravo em momentos não favoráveis, encantado com
corridas virtuais de carros, cada vez melhor no aprendizado da língua
inglesa... Esses são apenas registros de momentos do seu dia a dia, que inclui
muitos outros interesses. Você sabe distribuir amor e é também muito amado. De
minha parte, só posso reafirmar o profundo amor de avó, que há de acompanhá-lo
por todos os caminhos que você trilhar, com garra, sabedoria e com a proteção
dos Céus.