quinta-feira, 11 de setembro de 2025

João Vitor - 14 anos

 

               Meu “netinho” adolescente

 

Quando eu o vi, garboso, na pele de um personagem em uniforme militar, não podia acreditar que era você, João Vitor. A mamãe pesquisou na internet para compor o figurino que você usou e depois postou no grupo de WhatsApp da família sua cena em inglês, no teatro da escola – que, por sinal, ganhou em primeiro lugar – e você estava tão convincente no papel, tão adulto, que eu até me assustei: mas este é o meu netinho?!...

            Todo mundo sabe que avós olham para os netos, durante toda a vida, como seus pequeninos queridos. Comigo não é diferente. Sei que você cresceu, que está na adolescência, mas não consigo deixar de ver neste jovem que me abraça e que está completando 14 anos, o bebê, a criança sapeca, os primeiros dias de escola, o estudante às voltas com as lições e o garotão no meio dos muitos amigos.

            Suas atitudes, seus gestos já deixam transparecer como será o adulto. Mas os traços da meninice ainda perduram. E como seria bom se essa visão mais leve e alegre da vida o acompanhasse para sempre! Papai e mamãe dão-lhe a retaguarda para uma vida responsável, mas feliz. Há momentos bons e outros, nem tanto, e você consegue encontrar o caminho certo. O amor deles se manifesta na orientação e carinho do papai, na preocupação e nos abraços e beijos da mamãe e também nas broncas quando necessárias.

Esse alegre ambiente familiar é completado com as brincadeiras, provocações e abraços do Luiz Felipe. Tite é companheiro de todos os momentos, aquele irmão muito presente e, quando preciso, solidário. Vovós Ana, Paulo, Janne e Santiago têm sempre você e seu irmão no pensamento, acompanhando seu crescimento.

Você continua bem na escola, participando das muitas atividades, mas agora o ping-pong foi elevado ao status de tênis de mesa. Você se dedica a esse esporte na escola e no clube, ao qual vovós Janne e Santi são encarregados de levá-lo. Se deixarem, fica horas assistindo na TV a partidas de nomes famosos do tênis de mesa, prestando atenção nas dicas que eles dão.

Não perdeu o prazer de arrumar uma bonita mesa de refeições, mas também sabe ser prático. Um dia em que fui dormir em sua casa, me ajudou a arrumar a mesa do café da manhã, pegando louça e talheres com rapidez, comprovando que continua ligado nas coisas de casa. Depois, a caminho da escola, junto com o Tite, recolheu algumas flores de árvores, caídas no chão. Foi quando me lembrei de você pequeno, em São Paulo, também recolhendo flores do chão a caminho da escola. Escolhia as que ainda estavam bonitas e as dava para mim. Desta vez, não fui eu quem ganhou as florzinhas. Elas foram para dentro de sua mochila, talvez destinadas a uma colega em especial...

Você continua brincalhão e, quando se junta com vovô Paulo, provocando-o com alguns cutucões, dá muita risada porque vovô retruca, e ambos se divertem. Um dia, durante almoço na casa da vovó Janne, vovô Paulo estava tomando cerveja e você pediu batata frita. Vovô, para brincar, disse: “Batata engorda!” E você respondeu na hora: “E cerveja não engorda, não?!”

Há pouco tempo, veio almoçar na casa da vovó Ana, com mamãe e Tite. Você foi o primeiro a sair do elevador. Tite e mamãe vinham atrás, e todos falaram “Oi!”. Notei um tom mais grave no seu “Oi!” e pedi para que repetisse. Foi quando mamãe começou a rir e explicou: “Ele está mudando a voz!” Na hora de ir embora, dei “tchau” forçando a voz para um tom mais baixo e você ficou sem graça. Mas logo começou a rir junto com todos e na semana seguinte, quando chegou, não se esqueceu de dizer “Oi!” acentuando o grave, para fazer graça.

Mas é quando você faz questão de ser gentil que se revela mais seu amadurecimento. No aniversário do Tite, fomos todos comemorar no Hotel Fazenda Mazzaropi. Como você chegou antes, junto com mamãe, papai e o aniversariante, ficou esperando na entrada da recepção os vovós chegarem. E ajudou muito! Pegou minha mala mais pesada para levar para o chalé, entrou no quarto junto comigo e vovô Paulo para explicar como funcionava a TV, para regular o ar condicionado e mostrar onde ficavam objetos de apoio para os hóspedes. Depois foi no chalé dos vovós Janne e Santi e repetiu o mesmo ritual! Um gentleman!

Mas o gentleman dava lugar ao garoto, quando não sossegava querendo andar de bicicleta de dois lugares com vovó Janne. Você dirigindo, claro! Depois, até me convenceu a também andar com você na bicicleta. Na correnteza que serpenteia pelo parque, convenceu-me também e me ajudou a subir em uma boia. Depois, ia empurrando a boia na correnteza e perguntando: “Tudo bem, vovó?” Que delícia! Momentos inesquecíveis!

No boliche, ficou meio bravo no início porque não conseguia fazer muitos pontos. Mas logo pegou o jeito e até strike fez, o que o deixou todo prosa! A paixão pela fotografia aflorou na noite da Festa Junina, com quadrilha e fogos. Dançou a quadrilha com a família – foi par da vovó Janne – e juntou-se ao vovô Santi para fazer muitas fotos, inclusive com filtro. Deixou vovós Ana e Paulo mais bonitos e registrou belos momentos da noite.

Aliás, seu lado fotógrafo-cineasta revela-se nas mais variadas situações, como na Feira Literária – FliS, realizada pela Academia Santista de Letras, no Parque Balneário Hotel. Na ocasião, vovô Santi lançou novo livro de poemas, Dialogando com o Tempo, e você registrou, com muita sensibilidade, momentos preciosos, como vovô autografando exemplares dos livros, a família presente, os amigos e pessoas que adquiriram a obra.  

Sobre carros, você sabe tudo, e há poucos dias me explicou a diferença entre um motor aspirado e um motor turbo. Em detalhes!... No começo deste semestre, tanto insistiu que vovô Paulo trocou de carro, comprando o que você queria. Foram juntos ver o Virtus e pronto: vovô se decidiu por esse modelo. Na concessionária, você deu aula para os vendedores, explicando-lhes detalhes do carro que nem eles sabiam!...

Nas férias, viajou com a família para Paris e Londres, com passagens por Nice e Mônaco. Visitou os principais pontos turísticos das duas grandes capitais europeias, como o Louvre, Versalhes, Torre de Londres, faixa dos Beatles, sem esquecer a Disney de Paris. Relaxou na praia de Nice e adorou Mônaco, onde – claro! –  visitou o tradicional circuito de Fórmula 1.

Mas a viagem foi feita em um período em que Paris sofria com calor excessivo. Você é calorento e não gostou nem um pouco da temperatura da capital francesa. Quando finalmente chegou em Londres, desabafou no grupo de WhatsApp da família: “Finalmente, um clima decente!” Carregar a mala também não foi tarefa agradável. Quando via que tinha que pegar o trem para se deslocar, pensava na mala e um dia perguntou com muita espontaneidade: “E para esse lugar não tem Uber?!”

Esse é você, João Vitor. Muito jovem ainda, mas já conhecendo as alegrias e preocupações do amadurecimento. Brincalhão, amoroso, meio bravo em momentos não favoráveis, encantado com corridas virtuais de carros, cada vez melhor no aprendizado da língua inglesa... Esses são apenas registros de momentos do seu dia a dia, que inclui muitos outros interesses. Você sabe distribuir amor e é também muito amado. De minha parte, só posso reafirmar o profundo amor de avó, que há de acompanhá-lo por todos os caminhos que você trilhar, com garra, sabedoria e com a proteção dos Céus.  

 

 

           

              

domingo, 27 de abril de 2025

Luiz Felipe - 11 anos

 

      Minecraft, “dengo” e abacate

 

 E não é que você já está no 6º ano do Ensino Fundamental 2? Até ontem mesmo, quando eu ia buscar você na escola, ficava aguardando na porta que chamassem o meu netinho, misturado com as crianças dos primeiros anos, brincando e rindo no pátio enquanto esperavam a chegada dos responsáveis para pegá-las. Agora, do lado de fora, vejo você entre pré-adolescentes, vivendo a alegria própria da idade, mas já com postura diferente, parecendo dizer: “Olha, eu cresci!”

Luiz Felipe, seu aniversário de 11 anos chegou e parece que ainda não me acostumei com a ideia de que você cresceu. Aquele menino irrequieto, que para se deslocar de um cômodo para outro da casa preferia correr a andar, continua a criança alegre e pronta para “aprontar”, mas você está mais sossegado e olha as coisas e as situações sob um ponto de vista que nos prova que você realmente está crescendo.

Claro que você continua sendo, junto com seu irmão João Vitor, o grande amor da mamãe, do papai e dos vovós Ana, Paulo, Janne e Santiago. Continua mantendo o “dengo” com a mamãe e sente falta dela em algumas situações, como no acampamento deste ano, em que foi com a escola. O que não o impediu de participar de todas as brincadeiras e passeios, até andando sozinho de caiaque.

Na alimentação do dia a dia, fica feliz quando tem abacate na sobremesa e também continua fã da uva Vitória. Feijão não pode faltar, mas não dispensa um bife de frango grelhado ou à milanesa. Ah, e a paixão pelo Minecraft, pelo Lego e pelos aviões caça continua, assim como os desenhos inspirados em personagens que “copia” da internet e faz com muita habilidade. Na escola de desenho e pintura, aprende a técnica e demonstra criatividade, deixando vovós Janne e Santiago muito orgulhosos, não fossem ambos artistas plásticos!

Se tiver tempinho sobrando e a mamãe deixar, diverte-se jogando Minecraft no computador ou no celular e muitas vezes disputa com o João o privilégio de assistir ao que gosta na televisão. Recentemente, foi ver “Um Filme Minecraft” no cinema. Mamãe e João estavam junto e todos se divertiram com o programa. No esporte, você continua muito feliz, jogando e treinando futebol na escola e, com os amigos, na academia do shopping.

Uma tarde, vovós Ana e Paulo estavam tomando cafezinho em uma loja do shopping e não viram você passar junto com os amigos, rumo à arena de futebol. Mas você nos viu e veio todo alegre, com aquela carinha de sapeca, dar um beijo nos dois. Como o celular da vovó estava em cima da mesa, você já aproveitou, fez umas fotos nossas e foi juntar-se aos amigos. Tudo isso em cinco minutos! Quando percebemos, você já tinha ido embora!

 Sim, o futebol é sua “praia”, mas não o deixem no banco. Você vira “fera”, assim como em todas as vezes em que se sente injustiçado. Protesta e reivindica seus direitos! Como seu irmão se dedica ao tênis de mesa com afinco, está aprendendo bastante com ele sobre esse esporte. João dá dicas importantes e diz que está treinando você. Na verdade, vocês ficam contentes porque têm parceiro para jogar.

As aulas de bateria continuam ocupando espaço importante em suas atividades e, no encerramento de 2024, quando a escola de música se apresentou no Teatro Guarany, você voltou a fazer sucesso – como no ano passado – tocando com papai (especialmente convidado) no contrabaixo. João se apresentou na guitarra (com papai na bateria) e foi igualmente muito aplaudido.

No hotel fazenda onde fomos todos – você, papai, mamãe, João e os quatro vovós – comemorar seu aniversário, no ano passado, foi assistir a um show de banda de rock, no teatro do hotel. Ficou sentadinho ao lado do papai e da mamãe acompanhando atento as músicas e observando os intérpretes. Quando eu brinquei que a banda ia lhe pedir uma “canja” na bateria, você olhou para mim com aquele olhar de “só a vovó mesmo!”

Uma noite, no jantar no hotel, estava conversando algum assunto muito importante com o papai, sentado ao lado dele. Do prato do papai, que tinha ido buscar sopa no buffet, saía uma fumacinha, que você abanava com as mãos, sem que ninguém pedisse e sem interromper a conversa. Encerrado o assunto, você voltou a comer, em meio aos sorrisos de quem tinha observado a cena!

No escorregador da piscina, divertiu-se a valer, sozinho ou com a família. No fim do dia, estava exausto e se queixava de dor de cabeça. Mas quando alguém falou que estava faltando uma cadeira na mesa de refeições, não disse nada: levantou-se e foi buscar uma cadeira em outra mesa. Problema resolvido!.

 Depois do jantar e do show de rock, não quis ir dormir. O dia seguinte era o do aniversário e você queria receber os parabéns da mamãe, do papai e do João logo que desse meia-noite! No dia do aniversário, teve bolo e velinhas, em meio às brincadeiras dos animadores do hotel. Sua expressão era de pura alegria e o primeiro pedaço do bolo foi para o João Vitor. Que ficou todo orgulhoso!

Você é assim, Tite: alegre, carinhoso e decidido. Como quando, em meu aniversário, comemorado em sua casa, vendo-me brincar com o João sobre quem estava mais alto, não teve dúvidas: puxou uma cadeira, subiu nela e pediu para vovó Janne tirar uma foto; pronto, ficou mais alto do que todos!

Almoço em família na casa da vovó Ana. Você não quer sobremesa e eu, preocupada, vou atrás de você: “Você não quer nem um chocolatinho?” E você, com seu sorriso maroto, me mostra os papeis dos bombons que já havia ido buscar e comido. Em sua casa, eu chego e você está com os controles do “gameplay” na mão, jogando. Dá um problema em um deles e você: “Xiii!... Agora não posso mais jogar!”. Eu pergunto: “Tem conserto?” Você sorri: “Claro! Papai faz uma gambiarra e volta a funcionar!”

Nas férias de julho do ano passado, você foi viajar com a família para a região do Caribe, com direito até a furacão que chegou adiantado!   Você estava bem protegido no hotel, junto com mamãe, papai e João, e não se perturbou. Passado o furacão, aproveitou todos os passeios, mas nem é preciso dizer do que você gostou mais: o do autêntico barco pirata. E usando os acessórios de pirata!

Claro que tem sobremesas que você gosta e outras, que não. Entre as prediletas está o petit gâteau, que você amassa bem amassadinho no prato para comer feito um creme. Vovô Paulo é o primeiro a perguntar, no restaurante, se você quer petit gâteau. Você olha para ele com aquela expressão de “claro!” e nem precisa responder.

Em compensação, você não gosta de morango. Não come mesmo que insistam. Um dia, almoçando na casa da vovó Janne, mamãe brincou, escondendo um morango no meio do seu sorvete. Mas você achou o morango e se saiu com esta: “Eu não caio nessa, não!”  É rápido nas respostas, autêntico. Para mim, quando eu pedia ajuda a mamãe e papai para entender o funcionamento de um equipamento no carro novo, não teve dúvidas: “Mas, vovó, a mamãe já não tinha te ensinado isso?”

Às vezes as suas respostas são dadas com expressões faciais que dizem tudo. Como quando vovô Paulo, para arreliar, pergunta se você está namorando ou o que você quer de presente. Você olha para ele com aquela carinha de “para de perturbar!” e já vai mudando de assunto...

Assim, você, Luiz Felipe, o nosso Tite, chega aos 11 anos. É o nosso encantador netinho, que tem na mamãe e papai seu porto seguro. Mamãe não lhe deixa esquecer as obrigações de estudo, ajuda a controlar seus horários, leva você e seu irmão aos compromissos, dá bronca quando preciso, mas também muito amor e carinho. Papai sempre encontra um tempinho em meio aos compromissos profissionais, para conversar, explicar, orientar.

Sua convivência com os muitos amigos que fez é alegre, cheia de risos e brincadeiras. E com os vovós, é carinhoso, sabe conquistar nossos corações e é, junto com o João e os papais, nossa motivação na vida. Que você continue assim, Tite, trilhando seu caminho com determinação. Esta vovó Ana lhe deseja o que de melhor a vida pode lhe dar, sempre protegido, em suas lutas, pelo Poder Maior! 

           

 

 

 

terça-feira, 11 de março de 2025

Armando Sendin

                         Publicado na Tribuna Livre do jornal A Tribuna, em 11/03/2025 


                             O centenário de um artista                                             

 

Ele completaria 100 anos este mês. Nasceu no Rio de Janeiro, mas escolheu Santos para morar. A excelência de sua obra, expressa em múltiplos fazeres, transformou-o em um dos nomes mais respeitados em sua área de atividades, nacional e internacionalmente, projetando, em consequência, o nome de Santos no Brasil e exterior.

Pintor, ceramista, escultor e professor, Armando Moral Sendin dedicou-se ainda à escultura e gravura, revelando em suas obras, especialmente nos óleos, a busca pela beleza. São cenas permeadas por transparências e luz, muitas vezes em uma atmosfera de sonho criada pelo mar e sua espuma, que ele conheceu muito bem desde criança, quando veio com a família morar em nossa Cidade

O centenário de nascimento de Armando Sendin, no último dia 6, lembra uma vida inteiramente dedicada às várias expressões artísticas.  Foi considerado, na pintura, um precursor do realismo impressionista que se seguiu à Pop Art, com bem definidos traços de objetos e pessoas e interpretação muito pessoal.

Frequentou universidades europeias e sul-americanas, sempre em cursos voltados para a arte. Percorreu o mundo trabalhando ao lado de nomes consagrados e tem em seu extenso currículo importantes prêmios e mostras realizadas nas mais famosas galerias e espaços nacionais e internacionais.  

Nos anos 60, decidiu morar em Santos, Cidade de sua infância, junto com a esposa Sita, jovem artista que havia conhecido na Escola de Belas Artes de Barcelona. Aqui, buscou ainda mais a sua identidade artística, o que resultou em um expressivo e elogiado trabalho. Passou a dividir seu tempo entre Santos e Marbella, na Espanha, onde faleceu em 29 de julho de 2020.

Suas obras permanecem em exposição em museus e espaços nacionais e no exterior. Santos foi contemplada com ampla e importante parte do acervo pessoal do artista, que em 7 de outubro de 2014, oficializou a doação, à Pinacoteca Benedicto Calixto, de 127 quadros e 51 cerâmicas. Uma nova ala foi especialmente criada na Pinacoteca, denominada Espaço Armando Sendin, para a exposição permanente de obras do artista.

Um vídeo com informações sobre Armando Sendin e sua obra, produzido com recursos de IA, em português, espanhol e inglês, pelo produtor cultural da Pinacoteca, Fábio Luiz Salgado, faz parte das comemorações do centenário e já pode ser acessado no Youtube. Ainda este ano, a Pinacoteca prestará homenagem à data, tão relevante para a arte e cultura de Santos.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Carnaval 2025

          Publicada em 26/02/2025 na Tribuna Livre, jornal A Tribuna


                        A bolsa de lantejoulas

 

A pequena bolsa, delicada e colorida, bordada com miçangas e paetês, destacava-se no alto da pilha de roupas para doação. A senhora, ainda elegante e bonita nos seus quase 80 anos, aproximou-se e pegou-a com cuidado, examinando-a com carinho. Depois de longos minutos observando-a, abriu-a vagarosamente. O sorriso em seu rosto e um certo ar de surpresa denunciaram que tinha valido a pena voltar sua atenção para a bolsa.

            Sentou-se com a bolsa sobre os joelhos e, lentamente, as antigas marchinhas e sucessos de Carnaval tomaram conta de seus pensamentos, ressoando por sua mente como se bandas e orquestras ali estivessem. O som que só ela ouvia transportou-a para o salão do clube onde vivera tantos carnavais.

            Cantarolou baixinho os sucessos do século passado, deliciando-se com algumas obras-primas de criatividade, inspiradas em amores e personagens do Carnaval. A melodia era bonita, e havia também o som mais agitado e alegre, com críticas pertinentes aos problemas da época. As marchinhas convidavam quem estava fora a entrar no salão. No início, a grande maioria dos foliões usava fantasias, brilhantes e coloridas. E ainda se formavam cordões no salão, imitando os cordões de rua, com fantasiados, mascarados ou não, cantando e dançando uns atrás dos outros.

            A memória conduziu-a para alguns anos mais à frente e só nesse momento ela constatou como tudo havia mudado em poucos anos. Já quase não havia fantasias, mas comportadas bermudas e camisetas para moças e rapazes. Lembrou-se de um amigo impedido de entrar no salão porque usava camiseta sem mangas!

            Também já não havia o perfume gelado do lança-perfume que tantas vezes sentira na nuca e nos ombros, nem os olhos atentos de pais, mães e diretores do clube para impedir que qualquer incidente prejudicasse a festa. Sim, era uma festa. Bem diferente de anos posteriores, quando o baile se transformara em uma porção de gente suada e com cheiro de álcool, gritando refrões grosseiros e fazendo brincadeiras desagradáveis e ofensivas.

            As cenas sucediam-se em sua memória. O declínio do Carnaval de salão, os poucos clubes que resistiam bravamente ao fim da festa até seu total desaparecimento. Nas ruas, só restavam o esmero das escolas de samba.   Sabia que a evolução está no DNA da humanidade. Mas a saudade também é parte da alma humana. Voltou a olhar com carinho para a bolsa de lantejoulas e, sorrindo, tirou um confete de dentro dela. A bolsa não iria mais para doação. Seria guardada em lugar de honra, na gaveta e no seu coração. 

     

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Boas Festas!

 Publicada em 19/12/2024 na Tribuna Livre, jornal A Tribuna


                   Feliz Natal ou Feliz Ano Novo?

                                                            

  O homem solitário vestiu a fantasia de Papai Noel e se sentiu bem. Havia relutado muito em aceitar o convite – quase imposição – dos amigos de quem se aproximava apenas na época de Natal. Não havia conseguido se desvencilhar do convite, em parte por sua barba onde já predominavam os fios brancos e por sua figura, digamos, avantajada, como gostava de se referir a si.

           Mas continuava um solitário. Sem família, sem amigos, na rotina casa-trabalho. Vez ou outra ia caminhar ou assistir ao futebol de várzea. Cumprimentava um ou outro conhecido, mas não permitia a aproximação. Apenas no Natal, talvez ainda sob a influência dos Natais de sua meninice, juntava-se ao grupo que, tradicionalmente, procurava oferecer uma Noite – um pouco mais – Feliz às crianças do bairro da periferia.

          Não eram pessoas de posses, mas trabalhadores que se sentiam privilegiados por ter casa e emprego para sustentar suas famílias. Ele não tinha família e, por isso, podia ajudar um pouco mais. Mas, este ano, haviam extrapolado: pedir para ele ser o Papai Noel... Francamente!

          No entanto, lá estava ele, vestido de Papai Noel e sorrindo ao lado de crianças para algumas câmeras de celulares, enquanto distribuía presentes simples e doces, não só para os pequenos, mas também para suas famílias, todos contagiados pelo tão exaltado espírito de Natal. E ele se sentindo bem, recebendo e retribuindo votos de Feliz Natal para todos.

           Quase não se reconhecia, estava praticamente se entregando à alegria da época e à convivência com a comunidade, quando avistou, no meio dos rostos ansiosos das crianças, aquele menino que já havia visto pedindo ajuda, perambulando pelo bairro. Vivia nas ruas, era magro e alto para a idade – calculou uns 12 anos – vestia shorts e camiseta desbotados, mas, surpreendentemente, estava sempre limpo.

         Estendeu a mão para a criança e lhe fez a clássica pergunta: “O que você quer pedir para o Papai Noel”? A resposta não foi “uma bola”, mas um surpreendente “um Feliz Ano Novo”. Admirado, retrucou: “Mas hoje é dia de dizer Feliz Natal”. E o garoto: “Sim, é Natal e é feliz porque lembra do Menino do Presépio. Mas prefiro Feliz Ano Novo”! E saiu correndo, perdendo-se entre as pessoas.

          O “Papai Noel” cumpriu seu papel pelo restante da noite. Era hora de voltar para casa. E para sua solidão. Incomodado com aquele diálogo, decidiu abordar o menino na rua, quando o encontrasse. Descobriu seu nome, confirmou que havia se desencontrado da família e era solitário, como ele. Naquela casa vizinha da igreja, matava a fome, tomava banho e às vezes ganhava roupas. Lá, ouvira falar da mensagem de solidariedade deixada pelo Menino do Presépio. Sonhava que isso pudesse mudar logo sua vida, de preferência, no próximo Feliz Ano Novo.

            O homem solitário não conseguiu esconder as lágrimas. Sabia que a partir dali não mais seria solitário. Que sua vida teria um novo sentido, buscando a realização do sonho do menino. Que o Feliz Natal estaria para sempre entrelaçado ao Feliz Ano Novo. Para ele, para o menino e para todos que entendessem a solidariedade ensinada pelo Presépio.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

João Vitor - 13 anos

 

      O aviãozinho na prateleira

 

Dia desses você chegou em casa e junto com o “oi, vovó!”, veio me abraçar. Eu também o abracei e beijei, mas, no meio do abraço, me dei conta de que eu estava quase na ponta dos pés para alcançar seu rosto. E imediatamente me lembrei das tantas vezes em que me abaixei para ficar da sua altura e abraçá-lo e beijá-lo e acarinhá-lo, como as avós fazem. Você já não é mais o meu netinho gracioso e pequenino. É agora meu neto, um bonito pré-adolescente que continua carinhoso com a vovó, mas que, de pé, em minha cozinha, me passa a sensação de ocupar um espaço maior do que aquele a que eu estava acostumada.

Você cresceu, João Vitor. Está completando 13 anos e a vida o desafia a saber vivê-la com coragem e inteligência, qualidades que você demonstra ter junto com alguns gostos e atitudes que ainda lembram seu lado infantil. Afinal, são só 13 anos! E eu entro no escritório de casa e vejo, em cima da prateleira, coberto com um plástico transparente, o aviãozinho de brinquedo que, há muitos anos, eu resgatei do lixo reciclável de sua casa, onde tinha ido parar porque estava quebrado. Naquele dia, eu só enxergava seus olhinhos cheios de lágrimas. Estava difícil se separar do brinquedo querido!

Então eu recolhi os pedaços intactos do aviãozinho, trouxe para casa, fabriquei com material doméstico as peças que faltavam e aguardei. Na sua visita seguinte à casa dos vovós Ana e Paulo, coloquei o avião no meio dos seus brinquedos e nunca vou esquecer a sua expressão de espanto e alegria quando o viu. Por isso o aviãozinho ocupa lugar de honra na estante!!!

 Mas tudo isso não foi ontem mesmo?! Como pode aquela criança sensível, que se alegrava e inventava histórias com seus brinquedos e carrinhos, ser hoje o moço que está lá na minha cozinha, conversando, mas também fazendo graça ao tocar a campainha estridente só para ouvir as reclamações da família? Claro que pode! É a vida que segue seu curso. É tempo de se admirar com o crescimento dos netos – vovô Paulo não se cansa de dizer que você está mudado, mais tranquilo e adulto – e aproveitar o que eles ainda conservam de meninice. Assim é você, João, aos 13 anos, e assim é seu irmão Luiz Felipe, o nosso Tite, que, por ser mais novinho, deixa transparecer mais seu lado criança.  

A sua convivência com ele é a da maioria dos irmãos, que vivem implicando um com o outro e se abraçando e combinando artes – sim, você ainda gosta de aprontar –, mas agora o Tite já não recolhe as suas coisas que você vai esquecendo pela casa, como ele fazia antes. Agora, ele cresceu e também vai deixando objetos pela casa, que a mamãe faz os dois recolherem e guardarem, não sem antes dar uma bronca em ambos.

Mamãe distribui carinho, mas continua sendo a guardiã dos estudos, orientando e cobrando atenção às leituras de livros, lições de casa, preparação para provas etc. Papai procura estar presente sempre que a atividade profissional lhe permite, e você e seu irmão reclamam quando sabem que ele não vai poder estar em casa. Mas ele já é seu companheiro de passeios que você adora, como quando foram juntos a Interlagos e você ficou empolgado com o autódromo, o ambiente, o público e, principalmente, os carros e pilotos. E é claro que você torceu pelo Carlos Sainz, seu piloto predileto!

Você, como a mamãe, gosta muito de viajar. E anda se saindo muito bem como o cineasta da família, filmando e editando algumas dessas viagens, principalmente quando vai de carro e pode usar o celular para registrar paisagens e acontecimentos. Só não deu para fazer vídeo no passeio de barco, nas Cataratas do Iguaçu: era muita água, o barco se aproximando das quedas espetaculares e você não se conteve: “Meu Deus!”

Na região de Cancún, você e família curtiram as belíssimas praias e paisagens e não perderam nem o furacão que chegou adiantado ao Caribe. Tudo registrado em muitas fotos e vídeos, inclusive do dia em que ficaram no hotel protegidos dos ventos. Mas você gostou mesmo do passeio às ruínas de Chichen Itzá, com a pirâmide construída muitos anos antes de Cristo, pelos maias, sem qualquer acesso à tecnologia. Você registrou tudo no grupo de WhatsApp da família e contou toda a história daquela época, inclusive com detalhes que apreendeu do guia turístico e da professora de História, que havia lhe mostrado muita coisa a respeito, antes da viagem.

Esse seu interesse pela História antiga demonstra como você está amadurecendo. Vejo em você o jovem que já não usa fantasia no Carnaval, preferindo camisa estampada, bermudas e tênis, e o menino que, no resort em que comemoramos, em abril, o aniversário do Tite, fez meu anel voar para dentro da sobremesa na hora do jantar. Eu havia comentado que você está crescido, um pré-adolescente, e que já não tinha mais gracinhas para colocar na crônica de aniversário. Pois não é que, sentado ao meu lado na mesa, curioso como é, me fez tirar um anel para examiná-lo em sua mão?! Começou a brincar com ele e, em um descuido, o anel, em voo rasante, foi parar dentro da sobremesa. Sem jeito, você tratou de tirá-lo logo de lá e não teve outra alternativa a não ser limpá-lo direitinho e comentar com ar de resignação seguido de uma boa risada: “Já sei que essa vai para a crônica!”

No hotel, encontrou na vovó Janne uma ótima parceira de ping pong. Mas ela joga bem e, quando ganhava a partida, sabendo que você não gosta de perder, pedia desculpas!...  Hoje, você já joga muito bem tênis de mesa – gosta tanto que até vive fazendo jogadas imaginárias com as mãos, totalmente encantado com o novo esporte – e vovó Janne já não se desculpa por ganhar de você.

Mas onde você mais se divertiu no hotel foi no escorregador da piscina. Em momentos carinhosos, fazia um pouco de companhia aos vovós Ana e Paulo, que ficavam mais sentados à beira d´água. Vinha, deixava seu lado moleque aflorar cutucando e sendo cutucado pelo vovô Paulo – que não perde seu jeito brincalhão – e conversava durante algum tempo. Um dia trouxe uma pedrinha, que pediu para a vovó guardar. Mas acabou indo para o escorregador e se esqueceu da pedra em cima da mesinha da piscina. Quando a vovó perguntou o que era para fazer com ela, pediu: “Guarda para mim e leva pra Santos. Depois eu pego com você.” E pegou mesmo!

No retorno do hotel, mais um momento de carinho: ainda era o dia do aniversário do Tite e você fez questão de arrumar a mesa para o jantar com muito capricho. Depois fez seu irmão entrar de olhos fechados e só abrir na sala. Uma surpresa que o Tite adorou!

Você é assim, meu querido João. Continua firme no basquete, esporte com que se identificou. E quando, durante um almoço em família, alguém comentou que você consegue acertar facilmente as argolas nas barraquinhas de festa junina, a resposta veio rápida, aparentando indiferença, mas cheia de orgulho: “Claro, eu jogo basquete!”

Com tanta atividade física, alimenta-se bem, mas o chocolate continua entre suas paixões: quando vem almoçar na casa da vovó Ana, espera acabar o almoço para ir buscar um bombom na caixa que – como o Tite – sabe muito bem onde está.

Assim, João Vitor, você cresce, dividido entre o menino e o pré-adolescente. No lançamento do livro Vida, do vovô Titi – é assim que você e seu irmão chamam o vovô Santi até hoje – ele lhe pediu para criar o convite online para a noite de autógrafos. Ficou muito bonito e depois virou um banner muito elogiado. Era o jovem responsável caprichando no que lhe haviam pedido.

Mas a criança está presente quando recorda uma brincadeira em que o papai, ao volante do carro, saía bem devagarzinho e o vovô Santi, do lado de fora, gritava “para o carro, motorista”, só para o papai brecar e você e Tite, pequeninos, se divertirem e pedirem: “De novo, de novo!”. Pois não é que há pouco tempo, todos vocês repetiram a cena e você e seu irmão não paravam de rir e pedir “de novo, de novo!” ?!... 

 É nessa convivência de retidão, amor e compreensão da vida, ensinados por mamãe e papai, que você e seu irmão crescem. E nós, os quatro vovós, procuramos aproveitar todos os momentos de convivência com vocês. Agora, quando você chega aos 13 anos, esta vovó Ana só deseja que você continue o garotão carinhoso e alegre, querido por familiares e amigos. E que você tenha sempre a Proteção Maior para lidar com a vida, superando os inevitáveis obstáculos com trabalho e coragem e aproveitando com sabedoria todas as maravilhas que estão por vir.  

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Luiz Felipe - 10 anos

 

                 Vovó “apanha” no videogame

 

Fui fazer companhia para você, em sua casa, enquanto a mamãe saía com o João. Você, com aquela carinha de sapeca, anuncia solenemente: “Vou jogar videogame!” E logo acrescenta: “Vem, vovó!” E eu, ingenuamente, achando que ia só ficar vendo você jogar, concordo. Acomodada em uma cadeira ao seu lado, me admiro com a facilidade com que você manuseia o equipamento do jogo e consegue “dirigir” carros, acumulando pontos e “vidas”. Até que você, muito sério, me passa a outra “direção” e determina: “Vamos ver quem vence a corrida. Escolhe um carro, vovó.” Levo um susto, mas decido encarar o desafio. Só para levar uma “lavada” de você, me atrapalhando toda – mesmo com as suas pacientes explicações – e perdendo vergonhosamente.

            Esse é você, Luiz Felipe, meu lindo e irrequieto netinho, que chega aos 10 anos com fôlego total e personalidade decidida, encantado com o lado bom da vida e não se deixando abater quando chegam as dificuldades. É o nosso Tite, que adora brincar com o irmão João Vitor ou com os muitos amigos, mas também gosta de se divertir sozinho com seus Legos, seus lápis de desenho e tintas de pintura. É você, ainda o “grudezinho” da mamãe e o amigão do papai. É você, o grande amor (ao lado do João, claro!) dos vovós Ana, Paulo, Janne e Santiago.            

            E é você, com seu rostinho de sapeca, fazendo sinal com as mãozinhas por trás da mamãe enquanto ela avisava os vovós – preocupada em proteger a sua saúde e a do João – para não comprarem chocolate para a Páscoa. Mas você fazia gestos pedindo um chocolate pequeno, com aquela expressão que conhecemos bem, o que torna o pedido impossível de não ser atendido...

            O futebol continua sendo bem importante e você vai todo feliz para as aulas, não só porque vai jogar, mas porque vai encontrar os amigos e se divertir muito. A música é outra atividade de que gosta, e você continua arrasando na bateria. No fim do ano, no concerto de encerramento da escola de música, papai foi o “convidado especial” e tocou com você e João. Sucesso total, com a plateia aplaudindo de pé e você com uma expressão de pura felicidade!

            Continua gostando, às vezes, de se afastar e se divertir sozinho com desenho e jogos no tablet (Minecraft está em alta atualmente e você gosta de assistir ao rap do Minecraft na TV). Mas também sabe movimentar um ambiente, com suas risadas e brincadeiras com o João Vitor. Esperto e decidido, anuncia o que vai fazer e já se põe em ação, como quando, em um dia que fui passar em sua casa, você anunciou que ia me mostrar como fazer para abrir as torneiras do box, e já saiu correndo na minha frente para dar uma demonstração “ao vivo”. E quando eu precisava fechar um saquinho de batatas fritas, foi logo buscar um pregador de roupas e explicou: “A mamãe às vezes me dá um destes.”

            Foi assim também há um ano, na comemoração do seu aniversário. Não parou um minuto nas brincadeiras com os amigos da turma da escola, e na hora de comer bolo – de chocolate, claro! – quis repetir: “Eu sou o aniversariante, tenho direito!” Mas, quando almoça na casa da vovó Ana, não gosta de encontrar cebola na comida: “Tira esses fiapos do prato!”

            De manhã cedinho, vovó Ana fazendo ovo mexido para você e seu irmão comerem no café da manhã, antes de irem para a escola. Você passa por trás de mim, confere a frigideira, eu pergunto se está certo e você faz um sinal positivo. Estou aprovada em ovos mexidos!

            Já passear e viajar é com você mesmo. Chegou todo feliz, anunciando em casa que a escola ia levar para um acampamento de três dias. E já emendou: “Eu vou, viu?” E foi mesmo, divertiu-se muito, mas sentiu falta da mamãe, principalmente na hora de dormir. E como o irmão também estava no acampamento, o João foi “convocado” para ficar mais com você, tarefa que desempenhou muito bem, permitindo que ambos se divertissem a valer, em todos os brinquedos e atividades.

            Em Foz do Iguaçu, ficou empolgado com a natureza e as cataratas. E demonstrando bem sua personalidade divertida, gritava no passeio de barco com mamãe, papai e João, em baixo da queda d´água: “Molha mais! Molha mais!” É essa mesma personalidade divertida que transparece em conversas com a família. Em casa da vovó Ana e vovô Paulo, me pede: “Imita a pomba, vovó!” Só para dar risada do fato de eu reclamar muito dos pombos e passarinhos que não saem da área descoberta do apartamento.

            Vovô Paulo perguntou: “Você sabe o que é macaxeira?” E a resposta veio na hora: “Sei. É um abacaxi que cheira muito!”... Na rua, passando por um prédio torto, comentou: “Eu não moraria nele!” Quando ouviu a explicação de que os engenheiros já garantiram que não tem perigo, veio uma “aula”: “Sério? Porque as fundações dele devem estar muito ruins. Muita areia.” E logo explicou, todo orgulhoso, que tinha aprendido na escola.

            Assim você cresce, Luiz Felipe. O nosso Tite que ainda gosta de brincar de supermercado quando vai na casa dos vovós Janne e Santiago. Que a cada dia aperfeiçoa seu desenho tendo como modelos animais e objetos que escolhe na web. Que ainda curte fantasia de Carnaval – este ano fez sucesso na escola com a fantasia de Sonic – e que continua com a criatividade em alta.

            Nestes dez anos de convivência, nós assistimos à sua personalidade ir sendo moldada, acompanhamos seu progresso nos estudos, enfim, fomos testemunhas de seu crescimento. Seus vovós e papais torcem muito por você e desejam que sua vida siga sempre um caminho iluminado, onde os inevitáveis obstáculos sejam transpostos com luta e determinação e onde as muitas vitórias sejam sempre recebidas com alegria. Quanto a esta vovó Ana, só posso desejar, como sempre, que você conte com a Proteção Superior para vencer e continuar espalhando alegria pelas estradas que trilhar!    

 

           

 

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